terça-feira, 1 de setembro de 2020

POEMA: ÁRVORE - MANOEL DE BARROS - COM GABARITO

 Poema: Árvore

             Manoel de Barros

Um passarinho pediu a meu irmão para ser sua árvore.
Meu irmão aceitou de ser a árvore daquele passarinho.
No estágio de ser essa árvore, meu irmão aprendeu de
sol, de céu e de lua mais do que na escola.
No estágio de ser árvore meu irmão aprendeu para santo
mais do que os padres lhes ensinavam no internato.
Aprendeu com a natureza o perfume de Deus.
Seu olho no estágio de ser árvore aprendeu melhor o azul.
E descobriu que uma casca vazia de cigarra esquecida
no tronco das árvores só serve pra poesia.
No estágio de ser árvore meu irmão descobriu que as árvores são vaidosas.
Que justamente aquela árvore na qual meu irmão se transformara,
envaidecia-se quando era nomeada para o entardecer dos pássaros
E tinha ciúmes da brancura que os lírios deixavam nos brejos.
Meu irmão agradecia a Deus aquela permanência em árvore
porque fez amizade com muitas borboletas.

Manoel de Barros. Ensaios fotográficos. Rio de Janeiro: Editora Record, 2000.

Fonte: Livro – Se liga na língua – Língua Portuguesa – 6° ano – Ed. Moderna. P. 258-9.

Entendendo o poema:

01 – Qual é o fato principal narrado pelo eu lírico nesse poema?

      O irmão do eu lírico passou a viver como uma árvore a pedido de um passarinho.

02 – Qual é o desfecho desse fato?

      O irmão aprendeu a entender melhor o mundo e se sentiu satisfeito com sua experiência.

03 – A poesia de Manoel de Barros faz referência frequente à natureza. Nesse poema, como ele a humaniza?

      Ele atribui ações e sentimentos humanos à natureza: o passarinho faz um pedido, e as árvores apresentam sentimentos como a vaidade e o ciúme.

04 – O poeta se valeu de repetições como um recurso para produzir efeito expressivo. Entre os substantivos e verbos, quais são as três palavras que mais se repetem? O que explica essa escolha?

      Irmão, árvores, aprendeu.

      Estas palavras formam o núcleo do sentido, já que o poema fala da aprendizagem do irmão para ser árvore, e enfatizam, portanto, a experiência fundamental que ele teve.

 

 

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