POEMA: O CARVALHO E O JUNCO
Na beira da de um riacho, espalhava-se
um carvalho.
Forte, belo, majestoso, da raiz
até o galho.
Bem pertinho ali crescia um caniço,
um mato à-toa
Era um junco muito fino, a fraqueza
era em pessoa.
Lá na sombra do carvalho, pobre
junco assim vivia.
Nada tinha pra fazer e era isso
que fazia.
“Que matinho mais sem jeito!”, disse
orgulho só o carvalho.
“Não tem flor e nem tem fruto, não
tem folhas, nem tem galho!”
“Mil perdões se eu lhe incomodo
e perturbo sua altivez.
Não sou mato, sou um junco...”,respondeu
com timidez.
“Isso pra mim é o mesmo, se é capim,
se é junco ou grama.
Pois eu vivo aqui em cima, você
não: vive na lama!”
“Eu lhe peço mil desculpas por ser
tão inferior.
Nem prato dos é possível nascer
tão grande senhor...”
“Olhe, eu digo que dá pena ver
um junco fraco assim.
Tão feioso, tão pelado, tão estranho isso é pra mim!”
O matinho ficou triste, até
mesmo se ofendeu,
e, olhando para cima, decidido
respondeu:
“Não estranhe a natureza, que
não faz nada por mal.
Nela tudo tem valor, mas nem
sempre é tudo igual...”
Foi aí que uma aragem, um
ventinho passageiro,
soprou leve pelos campos, bem
fresquinho, bem ligeiro.
O carvalho, lá em cima, nem
prestou muita atenção,
mas o junco, coitadinho, viu-se
em má situação.
Fraco e fino como era, pelo
vento era dobrado,
arrastava-se no chão e tombava
para o lado.
“Ui, carvalho, me acuda, se não
for muito trabalho!”
Lá do alto só se ouvia a risada
do carvalho:
“Ah, ah, ah! E a natureza? Fez
o vento para quê?
Ah, pois se ela nunca erra,
errou quando fez você!”
Muito triste estava o junco
quando a tal brisa passou
e ficou bem caladinho depois
que se endireitou.
E o tempo foi passando lá na
beira do riacho,
com o junco e o carvalho, um por cima, outro por baixo.
Mas um dia, de repente, veio um
vento furioso.
Um tufão logo seguido de um
barulho pavoroso!
Todo bicho correu logo,
percebendo o perigo.
Qualquer canto protegido
serviria como abrigo.
Lá na copa do carvalho, até
mesmo os passarinhos
resolveram ir embora e deixaram
os seus ninhos.
Vai que o junco, tão fraquinho,
contra a força do tufão
resistir não poderia e
dobrou-se rente ao chão.
O carvalho, no entanto, não
poderia se dobrar.
Resistiu com toda a força,
agarrando-se ao lugar.
Mas o vento era demais e ele não aguentou.
O tufão forçou sua copa e na
terra o derrubou!
Quando tudo se acalmou, foi a
vez de o junco ver
que o enorme do carvalho nunca
mais ia se erguer.
“Ainda bem que sou fraquinho!”,
disse o junco, aliviado.
Se eu fosse como ele, já
estaria derrubado!”
BANDEIRA, Pedro. Fábulas palpitadas. São Paulo:
Moderna, 2007.
SME Rio - LP5 4BIM ALUNO 2013 - Else Lopes Emrich Portilho - Elaboração.
ENTENDENDO O POEMA
1) Você consegue deduzir o significado de majestoso? Essa
palavra se parece com uma outra que você conhece...
Resposta pessoal.
Sugestão: A palavra lembra majestade. Majestoso significa “que tem
porte, imponente, grandioso”.
2) O Junco “Nada tinha pra fazer e era isso que fazia.
”A que se refere a palavra em negrito? Que sentido tem essa palavra no verso?
Refere-se à falta do que fazer do junco. O sentido é o de que o
junco tinha uma existência praticamente inútil.
Os dois pontos indicam que haverá uma explicação, um complemento.
Resposta pessoal.
Atividades de leitura dramatizada auxiliam na compreensão do uso dos
sinais de pontuação e, como consequência direta, na compreensão e interpretação
dos textos.
Resposta pessoal.
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