Crônica: Alegria!
Alegria é coisa séria. Por isso não ria
quando a gente diz que a alegria não traz felicidade. Às vezes um favelado vê
que nasceu uma flor de beldroega entre as touceiras de capim gordura do fundo
do seu barracão e sorri, desdentado e feliz. Já o rico rilha os dentes por não
ter Mercedes à pronta entrega na cor de sua preferência – mas, como também é
humano, é capaz de se afogar em risos à beira da piscina do country, ao saber
da desgraceira de seu concorrente.
Nessa vida há muitas alegrias. Tem
alegria que é brisa leve refrescando a boa alma. Outra, ruidosa e fervente, nos
arreganha os dentes sem pedir licença. Há a alegria secreta de fazer o bem. Há
a alegria bruta de levar vantagem em tudo. Alegria de suplente é o sumiço do
titular. No Brasil, a alegria é tão compulsória que criaram até uma bateria de
feriados para que o carnaval nos bombardeie completamente de felicidade.
O som ambiente da rádio e da TV é tão
euforicamente alegre que chega a deprimir.
Nossa imagem também é toda sorrisos:
rimos diante da piada sem graça do chefe e prendemos a gargalhada diante das
hilárias anedotas de velório. O Brasil, em seu transe permanente, parece uma
Paris eternamente festejando a saída dos nazistas. Ingênua alegria que nos
salva e redime, estupidamente entusiasmados. Agora, sim pode chorar de rir.
OLIVEIRA, U.G;
WOJCIECHOWSKI, A. T., PRADO, R. Alegria. Gazeta do Povo, Curitiba, 25 jan.1999.
Caderno G.
Fonte: Língua Portuguesa. Linguagens no
Século XXI. 5ª série. Heloísa Harue Takazaki. Ed. IBEP. 1ª edição, 2002. p. 98
e 101.
Entendendo a crônica:
01 – Para você. Alegria é o
mesmo que felicidade?
Resposta pessoal
do aluno.
02 – Alegria não traz
felicidade. Essa frase lembra um provérbio popular muito conhecido. Que
provérbio é esse?
Dinheiro não traz
felicidade.
03 – Em que momento do texto
argumenta-se que a alegria não depende de bens materiais?
“Às vezes um
favelado vê que nasceu uma flor de beldroega entre as touceiras de capim
gordura do fundo do seu barracão e sorri, desdentado e feliz.”
04 – A hipocrisia e a
falsidade também podem estar por trás dos sorrisos? Explique.
Resposta pessoal
do aluno.
05 – Por que a euforia
demasiada do rádio e da TV pode deprimir?
Resposta pessoal
do aluno.
06 – A alegria também pode
estar relacionada a sentimentos nem um pouco nobres? De que forma?
Resposta pessoal
do aluno.
07 – A alegria do povo
brasileiro é ingênua e estúpida como afirma a parte final do texto? Explique.
Resposta pessoal
do aluno.
08 – Qual é o assunto dessa
crônica?
Os contadores de
piadas em geral.
09 – Quais as
características de um bom contador de piadas, segundo o cronista?
Segundo o
cronista, precisa perceber o momento exato, o tom certo e o local adequado para
contar a piada.
10 – Que adjetivos o
cronista usou para caracterizar os diferentes contadores de piadas? Escreva em
seu caderno por que Mário Prata se refere a eles assim.
·
Chato: porque vai contar a piada e ri antes.
·
Desagradável: porque começa a contar uma piada que já se conhece.
·
Compulsivo: porque quando um acaba a piada, vai logo contando outra.
·
Pretensioso: porque pergunta “entendeu?” no final da piada.
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