Reportagem: Narradores de um Brasil perdido
C. Mesquita
Durante a filmagem de “Kenoma”, seu
primeiro longa-metragem, em 1997, a cineasta paulista Eliane Caffé esteve em
Diamantina (MG), onde foi apresentada ao livro “O artesão da memória do Vale do
Jequitinhonha”, de Vera Lúcia Felício Pereira. Neste estudo sobre os contadores
de histórias do Jequitinhonha (MG), Caffé conheceu a história de Pedro Cordeiro
Braga, agente dos Correios de Vau, lugarejo situado entre Diamantina e o Serro,
Nordeste de Minas. Ameaçado de perder o emprego e de ver o posto fechado pelo
lento movimento de correspondências na região, Pedro Cordeiro Braga começou,
certo dia, a escrever cartas aos que conhecia ou de quem já ouvira falar.
Velhos moradores da região, viajantes que um dia passaram pelo Vau, todos se
tornaram destinatários possíveis das cartas escritas cuidadosamente – em prosa
ou em versos – pelo agente dos Correios, conhecido na região como excelente
contador de casos. Escrevendo religiosamente, muitas vezes relatando a ilustres
desconhecidos as histórias de seu lugar, Braga manteve vivo e ativo o fluxo de
correspondências do posto de Vau, único canal de comunicação entre o lugarejo e
o mundo lá fora.
“Achei incrível essa história”, diz
Eliane Caffé, que passou, ela mesma, ase corresponder com Braga. Enviou e
recebeu várias cartas. Em novembro passado, depois de quase dois anos de
correspondência, Caffé esteve em Vau para conhecer Pedro Cordeiro Braga,
acompanhada de uma equipe de pesquisa. A história do agente dos Correios de Vau
inspirou a composição do personagem Antônio Biá, figura-chave do segundo
longa-metragem de Caffé, “Os narradores do Vale de Javé”. Com argumento e
roteiro de Eliane Caffé e Luiz Alberto de Abreu (também parceiros no roteiro de
“Kenoma”), o projeto terá captação de recursos e pré-produção em 99, com
previsão de filmagem no primeiro semestre do ano 2000 e lançamento no ano
seguinte.
MESQUITA,
C. Narradores de um Brasil Perdido. Página, Editora da Palavra, Belo Horizonte,
p. 46, 1998.
Fonte: Língua Portuguesa. Linguagens
no Século XXI. 5ª série. Heloísa Harue Takazaki. Ed. IBEP. 1ª edição, 2002. p.
44-5.
Entendendo a reportagem:
01 – Em alguns lugares do
Brasil, a única forma de se comunicar com familiares e amigos ainda é a carta.
Que trecho do texto comprova isso?
O posto dos
Correios de Vau é o único canal de comunicação entre o lugarejo e o mundo lá
fora.
02 – Esse texto é trecho de
reportagem. Verifique em que veiculo o texto foi publicado. Você conhece essa
publicação?
Resposta pessoal
do aluno.
03 – O texto fala sobre
filme inspirado em história real.
a)
Cite o nome do filme a que esse trecho se
refere.
“Narradores do Vale” do Javé.
b)
Quando o texto foi escrito, o filme já tinha
sido lançado? Explique.
Não, a reportagem anuncia que o filme está para ser lançado e conta
parte do enredo.
c)
Quem é o diretor do filme?
Eliane Caffé.
d)
Quem é a pessoal real que inspira esse filme?
Cite o nome, a profissão, o estado e a cidade do Brasil onde mora?
Pedro Cordeiro Braga – agente dos Correios de Vau.
e)
Como essa história real chegou ao
conhecimento do diretor de cinema?
Eliane Caffé leu um livro de Vera Lúcia Felício Pereira no qual
estava a história de Pedro.
04 – O que motivou Pedro a
escrever cartas?
A possibilidade de perder o emprego na
agência dos Correios.
05 – Atente para o lugar de
onde saiu a carta de Pedro, e qual foi sua função?
Saiu da cidade de
Vau, segundo o texto, é muito pequena, isolada do “mundo lá fora”. A função de
comunicar-se com o mundo.
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