domingo, 27 de setembro de 2020

CRÔNICA: ASSALTOS INSÓLITOS - AFFONSO ROMANO SANTANNA - COM GABARITO

 CRÔNICA: ASSALTOS INSÓLITOS

                          Affonso Romano Santanna

   Assalto não tem graça nenhuma, mas alguns, contados depois, até que são engraçados. É igual a certos incidentes de viagem, que, quando acontecem, deixam a gente aborrecidíssima, mas depois, narrados aos amigos num jantar, passam a ter sabor de anedota.  

   Uma vez me contaram de um cidadão que foi assaltado em sua casa. Até aí, nada demais. Tem gente que é assaltada na rua, no ônibus, no escritório, até dentro de igrejas e hospitais, mas muitos o são na própria casa. O que não diminui o desconforto da situação.

   Pois lá estava o dito-cujo em sua casa, mas vestido em roupa de trabalho, pois resolvera dar uma pintura na garagem e na cozinha. As crianças haviam saído com a mulher para fazer compras e o marido se entregava a essa terapêutica atividade, quando, da garagem, vê adentrar pelo jardim dois indivíduos suspeitos.

   Mal teve tempo de tomar uma atitude e já ouvia:

   — É um assalto, fica quieto senão leva chumbo.

   Ele já se preparava para toda sorte de tragédias quando um dos ladrões pergunta:

   — Cadê o patrão?

  Num rasgo de criatividade, respondeu:

   — Saiu, foi com a família ao mercado, mas já volta.

   — Então vamos lá dentro, mostre tudo.

   Fingindo-se, então, de empregado de si mesmo, e ao mesmo tempo para livrar sua cara, começou a dizer:

   — Se quiserem levar, podem levar tudo, estou me lixando, não gosto desse patrão. Paga mal, é um pão-duro. Por que não levam aquele rádio ali? Olha, se eu fosse vocês levava aquele som também. Na cozinha tem uma batedeira ótima da patroa. Não querem uns discos? Dinheiro não tem, pois ouvi dizerem que botam tudo no banco, mas ali dentro do armário tem uma porção de caixas de bombons, que o patrão é tarado por bombom.

   Os ladrões recolheram tudo o que o falso empregado indicou e saíram apressados. Daí a pouco chegavam a mulher e os filhos. Sentado na sala, o marido ria, ria, tanto nervoso quanto aliviado do próprio assalto que ajudara a fazer contra si mesmo.

 

SANTANNA Affonso Romano. PORTA DE COLÉGIO E OUTRAS CRÔNICAS São Paulo: Ática 1995.

(Coleção Para gostar de ler.)

1)  O texto – Assaltos insólitos – pertence a que gênero textual:

a) conto                  b) crônica                  c) carta            d) notícia

 

 2) No texto a expressão “Pois estava o dito-cujo em sua casa” o termo destacado indica:

a) tempo            b) modo               c) causa                                 d) lugar

 

3) O dono da casa livra-se de toda sorte de tragédias, principalmente, porque

     a) aconselha a levar o som.

     b) mostra os objetos da casa.

     c) mente para os assaltantes.

     d) conta os defeitos do patrão.

     e) fazia sua atividade terapêutica.

 

4) A finalidade do texto é

    a) advertir sobre os possíveis lugares em que ocorrem assaltos.

    b) relatar um fato incomum ocorrido com um cidadão.

    c) expor uma opinião sobre um assunto sério.

    d) instruir o leitor como evitar uma tragédia.

    e) fazer o leitor refletir sobre um assalto.

 

5) No trecho “e o marido se entregava a essa terapêutica atividade”, a expressão destacada substitui

    a) fazer compras.

    b) ir no mercado.

    c) narrar anedotas.

    d) pintar a casa.

 

6) No texto, a expressão “-Paga mal, é um pão-duro” indica uma linguagem

    a) formal.

    b) técnica.

    c) regional.

    d) informal.

 

7) É exemplo de linguagem formal, no texto

    a) “dito-cujo”

   b) “adentrar”

   c) “pão-duro”

   d) “botam”

8) O texto “Assaltos insólitos” é uma crônica porque

   a) expressa a opinião de um jornal ou de uma revista sobre um assunto da atualidade.

   b) apresenta relatos de fatos com acréscimo de entrevistas e comentários.

   c) retrata acontecimentos do cotidiano com caráter crítico.

  d) sua função principal é a de divulgar uma informação visualmente.

  e) apresenta uma moral no final do texto.

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