quinta-feira, 29 de novembro de 2018

ARTIGO DE OPINIÃO: É A ECONOMIA QUE DEVE SE ADAPTAR À SUSTENTABILIDADE, NÃO O CONTRÁRIO - BACKER RIBEIRO FERNANDES- COM GABARITO

ARTIGO DE OPINIÃO: É a economia que deve se adaptar à sustentabilidade, não o contrário
    

  Deveríamos garantir aos nossos filhos, pelo menos, a mesma qualidade de vida que temos hoje e que já não é tão boa assim

 Segundo Gilles Lipovetsky, importante filósofo contemporâneo, as preocupações do porvir planetário e os riscos ambientais assumiram posição primordial no debate coletivo. Nos últimos anos, quando despertamos para as revelações alarmantes a respeito do aquecimento global, o termo sustentabilidade ganhou a importância merecida na mídia, governos e empresas. Sustentabilidade virou uma febre. As empresas são sustentáveis, o negócio é sustentável, tudo é sustentável. Mas o que é ser sustentável? Que conceitos norteiam as gestões estratégicas das organizações?
        Ser sustentável hoje, provavelmente, é viabilizar o negócio desde que não impacte em mais custos, tecnologias mais caras. O que todos precisam entender é que há urgência em equilibrar a balança do tripé da sustentabilidade (triple bottom line), a economia não deve pesar mais que o social e o ambiental. Caso isso não ocorra, a natureza cobrará o seu preço.
        Em 1987, foi publicado o relatório Nosso Futuro Comum (Our Common Future), elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que fazia duras críticas ao modelo de desenvolvimento adotado pelos países industrializados e reproduzido pelas nações em desenvolvimento, ressaltando os riscos do uso excessivo dos recursos naturais sem considerar a capacidade de suporte dos ecossistemas. O relatório apontava para a incompatibilidade entre o desenvolvimento e os padrões de produção e consumo vigentes. Cunhou-se a célebre frase: “Desenvolvimento sustentável é satisfazer as necessidades presentes sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”.
        Ou seja, deveríamos garantir para os nossos filhos, pelo menos, a mesma qualidade de vida que temos hoje e que já não é tão boa assim. As gerações futuras, agora com 24 anos (1987 a 2011), perguntam quais medidas foram cumpridas e se é este o futuro que construímos para eles. Devemos mesmo adotar esse conceito? A resposta é não! Os resultados mostram que falhamos e que sustentabilidade é garantir hoje a qualidade do meio ambiente, da vida, gastar o que for preciso para as gerações presentes.
        Não há um limite mínimo para o bem-estar da sociedade assim como não há um limite máximo para a utilização dos recursos naturais. Como citou Jeffrey Sachs, professor de Economia e diretor do Instituto Terra da Universidade Columbia, “o mundo está rompendo os limites no uso de recursos, se a economia mundial cresce a um patamar de 5% ao ano significa, neste modelo de desenvolvimento, que continuaremos produzindo grandes impactos no meio ambiente, nosso planeta não suportará fisicamente esse crescimento econômico exponencial, se deixarmos a ganância levar vantagem, o crescimento da economia mundial já está esmagando a natureza”.
        Se continuarmos com um modelo de desenvolvimento como o que temos atualmente, em 2050, quando se estima que seremos 9 bilhões de habitantes, teremos uma dívida ecológica de 24 meses, tempo necessário para ela se recompor, mesmo assim, não se tem a certeza se o planeta aguentará uma pressão deste tamanho.
        Há um grande equívoco que preciso deixar claro quando se fala em desenvolvimento. É comum falar em desenvolvimento sob o prisma do crescimento da economia, e o Brasil está entre os dez países mais ricos do mundo, mas o relatório do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mostra o Brasil na 73ª posição entre 169 países. De acordo com o relatório, aproximadamente 8,5% da população brasileira vive abaixo da linha da pobreza, ou seja, 17 milhões de brasileiros vivem com menos de R$ 60 por mês. Além da má distribuição de renda, doença crônica no desenvolvimento do Brasil, a saúde e a educação são o que mais pesa na pobreza do país.
        Como diria o professor Sachs, “se a ganância vencer, a máquina do crescimento econômico depredará os recursos, deixará os pobres de lado e nos conduzirá a uma profunda crise social, política e econômica”. Precisamos propor uma mudança no paradigma da sustentabilidade, o desenvolvimento sustentado necessita incluir o homem nesse processo, numa gestão que inclua as pessoas, tecnologias sem o pressuposto econômico, fontes renováveis e práticas sustentáveis. Como citou Rachel Carson em seu livro Primavera Silenciosa, “o homem é parte da natureza e sua guerra contra a natureza é inevitavelmente uma guerra contra si mesmo… Temos pela frente um desafio como nunca a humanidade teve, de provar nossa maturidade e nosso domínio, não da natureza, mas de nós mesmos”. A mensagem está dada.
              Backer Ribeiro Fernandes é Relações Públicas e doutorando em
Ciências da Comunicação.
Entendendo o texto:

01 – O texto lido é iniciado pela apresentação de uma ideia defendida pelo filósofo Gilles Lipovetsky.

a)   Qual ideia é apresentada ao leitor?
A preocupação com o futuro e com os riscos ambientais presentes de forma intensa na sociedade.

b)   Ele é apresentado pelo articulista como “um importante filósofo contemporâneo”. Ao fazer essa apresentação, qual efeito pretende-se obter em relação ao leitor do texto?
Ao reconhecer a importância do filósofo, é possível despertar ainda mais o interesse do leitor sobre o assunto tratado no artigo de opinião e fazer com que o leitor pressuponha que Backer Fernandes (o autor) concorda com o filósofo.

02 – Ainda no primeiro parágrafo, é apresentada uma relação de causa e consequência a partir de revelações sobre o aquecimento global.
a)   De acordo com o articulista, o que essas revelações causaram?
O Termo sustentabilidade ganhou importância na mídia, nos governos e nas empresas.

b)   Qual é a consequência desse fato?
A consequência é a de a sustentabilidade ter virado uma mania, e muitos – empresas, produtos, entre outros – passaram a se promover como “sustentáveis”.

03 – O articulista, Backer Ribeiro Fernandes, questiona a utilização, generalizada, do conceito de sustentabilidade.
a)   Transcreva a frase apresentada pelo articulista que dá início a esse questionamento.
“As empresas são sustentáveis, o negócio é sustentável, tudo é sustentável.”

b)   Fernandes encerra o primeiro parágrafo com perguntas relacionadas à sustentabilidade. O que essas perguntas sugerem ao leitor?
As perguntas sugerem que o conceito não está bem definido e que haverá uma investigação e reflexão sobre o que é, de fato, sustentabilidade.

04 – Nos dois parágrafos seguintes, o articulista apresenta a ideia vigente sobre o que e sustentabilidade.
a)   De acordo com as informações presentes nessa parte do texto, qual é a definição corriqueira sobre o que é “ser sustentável”?
Ser sustentável é viabilizar o negócio desde que não impacte em mais custos, tecnologias mais caras.

b)   De acordo com Fernandes, qual é a condição para que algo possa ser considerado sustentável?
A economia não deve pesar mais que o social e o ambiental.

c)   Elenque as diferenças entre o conceito apresentado por Fernandes e a ideia, mais relacionada ao senso comum, sobre “ser sustentável”.
Na definição defendida por Fernandes, deve-se priorizar a qualidade do meio ambiente e da vida, não importando o quanto isso custe. Na concepção mais geral sobre ser sustentável, o fundamental é não ter custos que inviabilizem algo.

05 – Leia a definição a seguir e responda ao que se pede.
      Paradoxo [...] Aquilo que é estranho, contraditório, absurdo [...].
Dicionário didático. 3. ed. São Paulo: SM, 2009. p. 595.

a)   Qual situação apresentada no artigo de opinião pode ser considerada paradoxal?
O fato de o Brasil estar entre os dez países mais ricos do mundo, mas o relatório do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mostrar o Brasil na 73ª posição entre 169 países.

b)   De acordo com o texto, o que pode provocar essa situação paradoxal?
A forma como desenvolvimento é entendido: mais no sentido econômico, sendo desconsiderado, por muitos, o aspecto social.

c)   Que relação pode ser estabelecida entre a situação paradoxal apresentada e a sustentabilidade?
Embora o Brasil seja um país muito rico, muitas pessoas ainda vivem em condições muito difíceis. A ideia de sustentabilidade, defendida no artigo, inclui um modelo de desenvolvimento voltado para todas as pessoas.


4 comentários:

  1. Minha professora pediu pra trazer um resumo sobre todo o texto e eu não consego pensar em nada , o texto é muito grande eu já li e não entendi kkk ��

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