ARTIGO DE OPINIÃO: É a economia que deve se
adaptar à sustentabilidade, não o contrário
Segundo Gilles Lipovetsky, importante
filósofo contemporâneo, as preocupações do porvir planetário e os riscos
ambientais assumiram posição primordial no debate coletivo. Nos últimos anos,
quando despertamos para as revelações alarmantes a respeito do aquecimento
global, o termo sustentabilidade ganhou a importância merecida na mídia,
governos e empresas. Sustentabilidade virou uma febre. As empresas são
sustentáveis, o negócio é sustentável, tudo é sustentável. Mas o que é ser
sustentável? Que conceitos norteiam as gestões estratégicas das organizações?
Ser sustentável hoje, provavelmente, é
viabilizar o negócio desde que não impacte em mais custos, tecnologias mais
caras. O que todos precisam entender é que há urgência em equilibrar a balança
do tripé da sustentabilidade (triple bottom line), a economia não deve pesar
mais que o social e o ambiental. Caso isso não ocorra, a natureza cobrará o seu
preço.
Em 1987, foi publicado o relatório
Nosso Futuro Comum (Our Common Future), elaborado pela Comissão Mundial sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento, que fazia duras críticas ao modelo de
desenvolvimento adotado pelos países industrializados e reproduzido pelas
nações em desenvolvimento, ressaltando os riscos do uso excessivo dos recursos
naturais sem considerar a capacidade de suporte dos ecossistemas. O relatório
apontava para a incompatibilidade entre o desenvolvimento e os padrões de
produção e consumo vigentes. Cunhou-se a célebre frase: “Desenvolvimento
sustentável é satisfazer as necessidades presentes sem comprometer a capacidade
das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”.
Ou seja, deveríamos garantir para os
nossos filhos, pelo menos, a mesma qualidade de vida que temos hoje e que já
não é tão boa assim. As gerações futuras, agora com 24 anos (1987 a 2011),
perguntam quais medidas foram cumpridas e se é este o futuro que construímos
para eles. Devemos mesmo adotar esse conceito? A resposta é não! Os resultados
mostram que falhamos e que sustentabilidade é garantir hoje a qualidade do meio
ambiente, da vida, gastar o que for preciso para as gerações presentes.
Não há um limite mínimo para o
bem-estar da sociedade assim como não há um limite máximo para a utilização dos
recursos naturais. Como citou Jeffrey Sachs, professor de Economia e diretor do
Instituto Terra da Universidade Columbia, “o mundo está rompendo os limites no
uso de recursos, se a economia mundial cresce a um patamar de 5% ao ano
significa, neste modelo de desenvolvimento, que continuaremos produzindo
grandes impactos no meio ambiente, nosso planeta não suportará fisicamente esse
crescimento econômico exponencial, se deixarmos a ganância levar vantagem, o
crescimento da economia mundial já está esmagando a natureza”.
Se continuarmos com um modelo de
desenvolvimento como o que temos atualmente, em 2050, quando se estima que
seremos 9 bilhões de habitantes, teremos uma dívida ecológica de 24 meses,
tempo necessário para ela se recompor, mesmo assim, não se tem a certeza se o
planeta aguentará uma pressão deste tamanho.
Há um grande equívoco que preciso
deixar claro quando se fala em desenvolvimento. É comum falar em
desenvolvimento sob o prisma do crescimento da economia, e o Brasil está entre
os dez países mais ricos do mundo, mas o relatório do Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH) mostra o Brasil na 73ª posição entre 169 países. De acordo com o
relatório, aproximadamente 8,5% da população brasileira vive abaixo da linha da
pobreza, ou seja, 17 milhões de brasileiros vivem com menos de R$ 60 por mês.
Além da má distribuição de renda, doença crônica no desenvolvimento do Brasil,
a saúde e a educação são o que mais pesa na pobreza do país.
Como diria o professor Sachs, “se a
ganância vencer, a máquina do crescimento econômico depredará os recursos,
deixará os pobres de lado e nos conduzirá a uma profunda crise social, política
e econômica”. Precisamos propor uma mudança no paradigma da sustentabilidade, o
desenvolvimento sustentado necessita incluir o homem nesse processo, numa
gestão que inclua as pessoas, tecnologias sem o pressuposto econômico, fontes
renováveis e práticas sustentáveis. Como citou Rachel Carson em seu livro
Primavera Silenciosa, “o homem é parte da natureza e sua guerra contra a
natureza é inevitavelmente uma guerra contra si mesmo… Temos pela frente um
desafio como nunca a humanidade teve, de provar nossa maturidade e nosso
domínio, não da natureza, mas de nós mesmos”. A mensagem está dada.
Backer Ribeiro Fernandes é
Relações Públicas e doutorando em
Ciências da Comunicação.
Entendendo o texto:
01 – O texto lido é iniciado
pela apresentação de uma ideia defendida pelo filósofo Gilles Lipovetsky.
a)
Qual ideia é apresentada ao leitor?
A preocupação com o futuro e com os riscos ambientais presentes de
forma intensa na sociedade.
b)
Ele é apresentado pelo articulista como “um
importante filósofo contemporâneo”. Ao fazer essa apresentação, qual efeito
pretende-se obter em relação ao leitor do texto?
Ao reconhecer a importância do filósofo, é possível despertar ainda
mais o interesse do leitor sobre o assunto tratado no artigo de opinião e fazer
com que o leitor pressuponha que Backer Fernandes (o autor) concorda com o
filósofo.
02 – Ainda no primeiro
parágrafo, é apresentada uma relação de causa e consequência a partir de
revelações sobre o aquecimento global.
a)
De acordo com o articulista, o que essas
revelações causaram?
O Termo sustentabilidade ganhou importância na mídia, nos governos e
nas empresas.
b)
Qual é a consequência desse fato?
A consequência é a de a sustentabilidade ter virado uma mania, e muitos
– empresas, produtos, entre outros – passaram a se promover como
“sustentáveis”.
03 – O articulista, Backer
Ribeiro Fernandes, questiona a utilização, generalizada, do conceito de
sustentabilidade.
a)
Transcreva a frase apresentada pelo
articulista que dá início a esse questionamento.
“As empresas são sustentáveis, o negócio é sustentável, tudo é
sustentável.”
b)
Fernandes encerra o primeiro parágrafo com
perguntas relacionadas à sustentabilidade. O que essas perguntas sugerem ao
leitor?
As perguntas sugerem que o conceito não está bem definido e que
haverá uma investigação e reflexão sobre o que é, de fato, sustentabilidade.
04 – Nos dois parágrafos
seguintes, o articulista apresenta a ideia vigente sobre o que e
sustentabilidade.
a)
De acordo com as informações presentes nessa
parte do texto, qual é a definição corriqueira sobre o que é “ser sustentável”?
Ser sustentável é viabilizar o negócio desde que não impacte em mais
custos, tecnologias mais caras.
b)
De acordo com Fernandes, qual é a condição
para que algo possa ser considerado sustentável?
A economia não deve pesar mais que o social e o ambiental.
c)
Elenque as diferenças entre o conceito
apresentado por Fernandes e a ideia, mais relacionada ao senso comum, sobre
“ser sustentável”.
Na definição defendida por Fernandes, deve-se priorizar a qualidade
do meio ambiente e da vida, não importando o quanto isso custe. Na concepção
mais geral sobre ser sustentável, o fundamental é não ter custos que
inviabilizem algo.
05 – Leia a definição a
seguir e responda ao que se pede.
Paradoxo
[...] Aquilo que é estranho, contraditório, absurdo [...].
Dicionário didático. 3. ed.
São Paulo: SM, 2009. p. 595.
a)
Qual situação apresentada no artigo de
opinião pode ser considerada paradoxal?
O fato de o Brasil estar entre os dez países mais ricos do mundo,
mas o relatório do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mostrar o Brasil na
73ª posição entre 169 países.
b)
De acordo com o texto, o que pode provocar
essa situação paradoxal?
A forma como desenvolvimento é entendido: mais no sentido econômico,
sendo desconsiderado, por muitos, o aspecto social.
c)
Que relação pode ser estabelecida entre a
situação paradoxal apresentada e a sustentabilidade?
Embora o Brasil seja um país muito rico, muitas pessoas ainda vivem
em condições muito difíceis. A ideia de sustentabilidade, defendida no artigo,
inclui um modelo de desenvolvimento voltado para todas as pessoas.
Minha professora pediu pra trazer um resumo sobre todo o texto e eu não consego pensar em nada , o texto é muito grande eu já li e não entendi kkk ��
ResponderExcluirPode me ajudar🤭
ExcluirFazer*
ResponderExcluirConsigo*
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