CRÔNICA: Desonestidade de jogadores e
arbitragem ruim caminham juntas
Bruno Winckler.
Santos e Corinthians protagonizaram no
último domingo um primeiro tempo na Vila em que a bola esteve parada em mais de
62% do tempo de jogo. Uma partida de futebol em que o que menos se tem é bola
rolando é um convite para o sono. No Dia dos Pais, a Globo registrou 17 pontos
de audiência no clássico paulista. Muito pouco, convenhamos. O churrasco, a
macarronada, um passeio no parque… Tudo era mais convidativo.
A culpa por esse cenário passa, claro,
pela arbitragem brasileira, cada vez mais afeita ao “vou apitar tudo para não perder
o controle”. A média de faltas nesta edição do Brasileirão é de 31,5 por jogo
de acordo com números do Footstats. Ela é menor do que a dos últimos anos, mas
poderia ser melhor não fossem os artistas que insistem em ludibriar árbitros
mal treinados.
Na Vila Belmiro, especialmente no
primeiro tempo, os jogadores dos dois times preferiram fazer de cada falta, de
cada encontro com o adversário uma encenação, uma briga por território, tudo
com o objetivo de parecer vítima diante da autoridade do jogo. O árbitro nesse
caso, ainda que bem intencionado, é bombardeado por caretas de dor, por
contorcionistas e precisa avaliar não só um lance de falta (ou suposta falta),
mas também se ela foi mais grave do que pareceu aos seus olhos (sem falar
quando é algo pelas costas, como fez Petros).
Para árbitros que não se dedicam só a
esse ofício por não serem profissionais, a tarefa fica ainda mais difícil. Os
jogadores não colaboram para que um jogo de futebol flua sem intercorrências
dignas muitas vezes de quadros de humor dos “Trapalhões”. O problema é quando a
cena pastelão engana o apitador.
Foi o caso do pênalti anotado para o
Cruzeiro contra o Figueirense pelo árbitro Gilberto Rodrigues Castro Junior na
12ª rodada, quando Ricardo Goulart se jogou na área para iludi-lo, e também –
para mostrar que quem é beneficiado também é prejudicado – na última rodada,
quando Fábio Ferreira, do Criciúma, usou do mesmo expediente para enganar
Jaílson Freitas a anular uma jogada que acabaria em gol do Cruzeiro.
É claro que não são apenas jogadores
brasileiros que tentam se beneficiar de arbitragens ruins simulando faltas que
não existiram. Mas há no Brasil uma cultura em que ações como essa se
perpetuam. O torcedor não liga se seu time é beneficiado em lances assim.
Direciona sua revolta só em caso de prejuízo. E aí ciclo se renova. É assim
desde sempre. Basta lembrar do passo à frente de Nilton Santos na Copa de 1962
que fez o árbitro anotar uma falta e não um pênalti a favor da Espanha.
Em outros lugares a tolerância com
ações desse tipo é bem menor. Na Inglaterra, Luís Suárez ficou notabilizado por
seus gols e pelos seus “mergulhos”. Nos jogos em Anfield, estádio do Liverpool,
era comum ver a cara de contrariedade de alguns torcedores nas encenações do
uruguaio mordedor de ombros rivais. É um estilo que lá não pega bem. Por aqui,
o torcedor fecha os olhos se um jogador é mau-caráter para beneficiar seu
clube. Talvez isso explique a disparidade entre os campeonatos de lá e o de cá.
A Copa do Mundo também foi exemplo de
como jogadores mal intencionados podem mudar ou influenciar decisões de
árbitros. Muitos pênaltis duvidosos foram marcados, casos do anotado para o
Brasil contra a Croácia ou para a Espanha contra a Holanda. Fred e Diego Costa
foram ao chão como se tivessem sido atingidos por um canhão. A orientação para
os juízes é de punir com cartão amarelo qualquer simulação, mas nem sempre eles
conseguem perceber a cara de pau do infrator.
Em resumo, arbitragens seriam menos ruins
se os jogadores fossem mais honestos.
Entendendo o texto:
01 – Qual o significado das
palavras Footstats e Vila Belmiro?
·
Footstats
=
Empresa especializada em estatísticas sobre o futebol.
·
Vila
Belmiro = Estádio do Santos Futebol Clube,
localizada no bairro Vila Belmiro, em Santos (SP).
02 – O cronista aponta um
problema dos jogos no campeonato brasileiro: o desinteresse pelos jogos visto
que a bola fica muito tempo parada.
a)
Quem ele inicialmente responsabiliza por
isso? Explique sua resposta.
Ele responsabiliza quem está na parte da equipe de juiz, e os
jogadores de ambas equipes, pois os juízes muitas vezes são desonestos e os
jogadores também.
b)
Que opiniões ao longo do texto fortalecem
essa responsabilização?
Os árbitros são mal treinados (parágrafo 2°) e muitos deles não são
profissionais que se dedicam exclusivamente a essa função (parágrafo 4°), ou
seja, não têm chance de exercê-la a ponto de conquistar experiência.
03 – Explique a seguinte
lógica do pensamento atribuído à arbitragem pelo cronista: “Vou apitar tudo
para não perder o controle”.
A lógica seria de que qualquer falta
precisa ser apontada, caso contrário os jogadores não se sentem punidos e podem
se achar livres para cometer outras.
04 – Do problema mencionado
na questão 2, o cronista passa a outro, o fingimento dos jogadores em alguns
lances.
a)
Explique como o cronista relaciona esses dois
problemas.
O cronista mostra que, muitas vezes, a marcação exagerada é
incorreta do árbitro (primeiro problema apresentado) é responsabilidade dos atletas,
por exagerarem propositalmente no que foi um lance normal, a fim de conseguirem
marcações a seu favor e influenciar o resultado da partida.
b)
Copie duas passagens que indique a relação
entre os dois problemas.
“[...] mas [a média de faltas] poderia ser melhor não fossem os
artistas que insistem em ludibriar árbitros mal treinados” (parágrafo 2°).
“Os jogadores não colaboram para que um jogo de futebol flua sem
intercorrências dignas [...] de quadros de humor dos “Trapalhões”. O problema é
quando a cena pastelão engana o apitador”. (Parágrafo 4°).
05 – Releia o trecho e
responda.
“Talvez isso explique a disparidade
entre os campeonatos de lá e o de cá.”
a)
A qual disparidade o cronista se refere?
O contexto permite inferir que a disparidade esteja na qualidade dos
campeonatos.
b)
Relendo o parágrafo em que está esse trecho,
o que se pode inferir sobre a opinião do cronista a respeito dos dois
campeonatos nele citados?
Que os campeonatos da Europa seriam superiores ao Campeonato
Brasileiro.
06 – Para o cronista, alguns
problemas de arbitragem são devidos mais ao árbitros, mais aos jogadores ou a
ambos igualmente? Justifique.
São devidos mais
aos jogadores. Para o cronista, em razão da desonestidade deles, o árbitro é
levado a julgar que um lance foi mais grave do que realmente foi. Os juízes não
correriam o risco desse tipo de engano se não houvesse o fingimento. Restaria,
então, apenas a dificuldade (em menor quantidade) de julgar alguns lances de
fato polêmicos. Além disso, o último parágrafo enfatiza esse ponto de vista,
atribuindo apenas aos jogadores desonestos certo tipo de problema de
arbitragem, infrações, o que transformaria o jogo em um enfrentamento sem
regras, sem controle.
Euuh queria saber qual é a resposta da questão 4. Que tah escrito assim... Para discutir o tema, além de citar partidas do campeonato Brasileiro, o cronista também meciona partidas de outras competições
ResponderExcluirTambem queria saber ;-;
ResponderExcluirMe respondam essa pergunta:
ResponderExcluir6) conforme é possível deduzir pela leitura da crônica,o torcedor também contribui para o comportamento de dessimulação de alguns jogadores
A) transcreva duas passagens que comprovem essa declaração.
B)se o torcedor fosse considerado um dos responsáveis pelo problema,o titulo poderia ser alterado.reescreva-o, considerando esse caso.
Por favoorrrrr
ResponderExcluirAlguém conseguiu responder a questão
ResponderExcluir4) para discutir o tema, além de citar partidas do campeonato brasileiro, o cronista também menciona partidas de outras competições
Alguém sabe se esse jornalista publicou alguma outra crônica depois dessa? Fui dar uma olhada no currículo dele e não encontrei quase nada...
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