segunda-feira, 5 de novembro de 2018

POEMA: NÃO HÁ VAGAS - FERREIRA GULLAR - COM QUESTÕES GABARITADAS

Poema: Não há Vagas
                               Ferreira Gullar


O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
O preço do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite 


da carne
do açúcar
do pão

O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras

- porque o poema, senhores,
está fechado:
"não há vagas"

Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço

O poema, senhores,
não fede
nem cheira
                              Ferreira Gullar, in 'Antologia Poética' 

Entendendo o poema:


01 – Onde é comum encontrar a expressão “não há vagas”, que dá nome ao poema?
      Expressão típica do mundo do emprego, das relações patrão e empregado, indica falta de oportunidade.

02 – Que imagem esse título ajuda a construir no poema?
      À falta de oportunidades no mercado de trabalho.

03 – Como você interpretaria no poema a expressão “o homem sem estômago”?
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Aquele, remediado ou rico, cujas preocupações não se voltam para as questões básicas de subsistência.

04 – Que artigos de primeira necessidade aparecem na primeira estrofe?
      Os itens: feijão, arroz, gás, luz, telefone, leite, carne, açúcar e pão.  

05 – De acordo com o contexto do poema, qual o significado de sonegar?
      Pressupõe furtar, fraudar, desviar.

06 – Na segunda estrofe são destacados dois sujeitos que também não cabem no poema. Quem? Por quê?
      O funcionário público e o operário. O primeiro, com seu “salário de fome” tem a “vida fechada / em arquivos”. O operário por sua vez, ao esmerilar o seu “dia de aço” nas “oficinas escuras”.

07 – O que o poeta quis dizer com:
·        “Mulher de nuvens”?
      A mulher idealizada, objeto de abstração. 

·        “Fruta sem preço”?
Aquela apenas admirada nas formas, se exposta na obra de arte, e não aquela comprada nos tablados da feira.

08 – Na última estrofe: “O poema, senhores, 
                                       não fede 
                                       nem cheira.”
O que o poeta afirma?
      Afirma que o poema apenas idealiza a vida – tanto faz existir ou não, é indiferente.

09 – Quem é o autor do poema?
      Ferreira Gullar.

10 – Como o poeta se refere aos operários da fábrica?
      Como não cabe no poema o operário que esmerila seu dia de aço e carvão nas oficinas escuras.

11 – Você concorda com as ideias do poeta? Explique sua resposta.
      Resposta pessoal do aluno.

12 – Em sua opinião, o que o autor quis dizer com a expressão “Não há vagas”?
      Resposta pessoal do aluno.

13 – Você conhece pessoas que exercem atividades citadas no poema?
      Resposta pessoal do aluno.

14 – Sobre o poema Não há vagas, de Ferreira Gullar, é correto afirmar:
a) Ao ser aproximada de um ato lúdico como o fazer poesia, a crítica social é atenuada e perde força.
b) A ruptura com o verso tradicional situa o poema no contexto da primeira geração modernista.
c) Nota-se uma conjunção entre a reflexão sobre o fazer poético e a preocupação com a realidade social adversa.
d) A crítica política e a reflexão sobre a literatura presentes no poema configuram exceção na produção poética de Ferreira Gullar.
e) Trata-se de texto poético que destoa do conjunto da obra Toda poesia por utilizar redondilhas maiores e menores. 

15 – Sobre a obra de Ferreira Gullar estão corretas as seguintes proposições:
I. Uma das principais características da obra de Ferreira Gullar é a reflexão sobre a criação artística. Para o poeta, a poesia é fruto de um trabalho árduo, racional, que implica fazer e desfazer o texto até que ele alcance a sua forma mais adequada.
II. Ferreira Gullar integrou o grupo de poetas religiosos que se formou no Rio de Janeiro entre as décadas de 1930 e 40. Sua poesia é dividida em duas fases: a fase transcendental e a fase material.
III. A poesia de Ferreira Gullar destaca-se pelo engajamento político. Essa produção poética engajada ganhou força a partir dos anos de 1960, quando o poeta rompeu com a poesia de vanguarda, aderindo ao Centro Popular de Cultura (CPC).
IV. Explorando propriedades gráficas e vocais das palavras, rompendo com a ortografia e com as convenções da lírica tradicional, Ferreira Gullar integrou de maneira circunstancial o movimento concretista, do qual se afastou em virtude de discordâncias em relação às suas propostas teóricas.
V. Propôs um corte profundo entre a poesia romântica e a poesia moderna, criando um novo conceito de poesia ao dessacralizar a chamada “poesia profunda”, ou seja, a poesia em que predominam os versos de sentimentos ou de abordagem introspectiva.
 Sua poesia é anti-lírica, presa ao real e direcionada ao intelecto, não às emoções.
a) I, II e V estão corretas.
b) III e IV estão corretas.
c) III e V estão corretas.
d) I e IV estão corretas.
e) II, III e IV estão corretas.

16 – O poema de Ferreira Gullar tem um tom de polêmica. A quem se dirige a voz que fala no poema? Justifique sua resposta com elementos do texto.
      A voz que fala no poema aparentemente se dirige a uma plateia, como se percebe pelo vocativo “senhores” da terceira e da última estrofes.

17 – Que tipo de linguagem o autor imita com o tom eloquente do poema?
      Ele imita a linguagem dos discursos de protestos políticos.

18 – Como você classificaria o poema de Gullar?
      O poema de Gullar faz parte da literatura engajada.

19 – Segundo Gullar, o que não cabe no poema?
      A dura realidade em que vive a maioria das pessoas não cabe no poema.





5 comentários:

  1. Eu gostei muito das respostas pois tinha Eu gostei muito pois tinha uma lição com as mesmas 3 perguntas e nao tinha entendido e quando pesquisei e vi este site entendi a pergunta de uma outra forma obrigado

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  2. Obrigado por essa resposta atendeu minhas necessidades

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  3. É uma linguagem fática ou conativa?

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