domingo, 18 de novembro de 2018

MÚSICA(ATIVIDADES): HAITI - CAETANO VELOSO E GILBERTO GIL- COM GABARITO

Música(Atividades): Haiti
 Caetano Veloso e Gilberto Gil

Quando você for convidado pra subir no adro
Da fundação casa de Jorge Amado
Pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos
Dando porrada na nuca de malandros pretos
De ladrões mulatos e outros quase brancos
Tratados como pretos
Só pra mostrar aos outros quase pretos
(E são quase todos pretos)
E aos quase brancos pobres como pretos
Como é que pretos, pobres e mulatos
E quase brancos quase pretos de tão pobres são tratados
E não importa se os olhos do mundo inteiro
Possam estar por um momento voltados para o largo
Onde os escravos eram castigados
E hoje um batuque um batuque
Com a pureza de meninos uniformizados de escola secundária
Em dia de parada
E a grandeza épica de um povo em formação
Nos atrai, nos deslumbra e estimula
Não importa nada:
Nem o traço do sobrado
Nem a lente do fantástico,
Nem o disco de Paul Simon
Ninguém, ninguém é cidadão
Se você for a festa do pelo, e se você não for
Pense no Haiti, reze pelo Haiti
O Haiti é aqui
O Haiti não é aqui
E na TV se você vir um deputado em pânico mal dissimulado
Diante de qualquer, mas qualquer mesmo, qualquer, qualquer
Plano de educação que pareça fácil
Que pareça fácil e rápido
E vá representar uma ameaça de democratização
Do ensino do primeiro grau
E se esse mesmo deputado defender a adoção da pena capital
E o venerável cardeal disser que vê tanto espírito no feto
E nenhum no marginal
E se, ao furar o sinal, o velho sinal vermelho habitual
Notar um homem mijando na esquina da rua sobre um saco
Brilhante de lixo do Leblon
E quando ouvir o silêncio sorridente de São Paulo
Diante da chacina
111 presos indefesos, mas presos são quase todos pretos
Ou quase pretos, ou quase brancos quase pretos de tão pobres
E pobres são como podres e todos sabem como se tratam os pretos
E quando você for dar uma volta no Caribe
E quando for trepar sem camisinha
E apresentar sua participação inteligente no bloqueio a Cuba
Pense no Haiti, reze pelo Haiti
O Haiti é aqui
O Haiti não é aqui.
                              Composição: Caetano Veloso / Gilberto Gil

Entendendo a canção:
01 – De que trata esta canção?
      Ela é uma abordagem sociológica sobre a discriminação racial e social no Brasil contemporâneo.

02 – Por que os compositores optaram por abordar o Haiti?
      Utilizou um lugar distante para parodiar uma realidade de ambos.

03 – Na canção “Haiti”, podemos observar que é retratada uma situação observada pelo eu lírico: “O soldado negro dando porrada no negro malandro”. Em que fundamenta a crítica do eu lírico?
      Fundamenta na opressão e violência por parte da polícia, sofrida por negros que moram em favela, graças ao racismo enraizado na polícia.

04 – Com quem o eu lírico do texto está dialogando?
      Está dialogando com o leitor.

05 – A qual episódio triste da história brasileira o autor está se referindo nos versos: “E quando ouvir o silêncio sorridente de São Paulo diante da chacina / 111 presos indefesos”?
      Ele fala sobre o ocorrido no Carandiru, onde 111 vidas foram dissipadas pela polícia, sem dó e nem piedade. Trazendo para o momento atual, o “111” acaba sendo um número representativo, mas de modo infeliz.

06 – Leia o seguinte trecho da canção com atenção e responda:
      “Mas presos são quase todos pretos
       Ou quase pretos,
       Ou quase brancos quase pretos de tão pobres.”
De acordo com os versos acima: Existe no Brasil um racismo declarado que separa as pessoas pela cor da pele?
      Sim. O mapa da Violência 2015, mostrou que 116 brasileiros morrem todos os dias por arma de fogo, segundo a UNESCO; quanto a cor das vítimas, 28.946 são negros e 10.632 são brancos.

07 – Que marca da oralidade está presente na canção, e qual a intenção do autor ao emprega-las?
      Pra / no lugar de “para”; o eu lírico utiliza para dar maior fluidez na linguagem.

08 – Que sentido tem este verso: “Pense no Haiti”?
      Que de olhos fechados, muitos fingem que não existe algo para se corrigir, vivemos a vida, um dia após o outro, mágoa sobre mágoa. É preciso se erguer perante as mazelas, falar perante o silêncio, agir entre o ócio.

09 – Por que o eu lírico pede “Reze pelo Haiti”?
      Porque o Haiti aqui representa a discriminação racial, e que temos que ter fé na diferença, acreditar na melhoria.

10 – Com base na letra dessa canção, marque a alternativa correta:
a)   Para os compositores, desigualdades e racismo são incompatíveis com a cidadania, e se alguém não pode ser visto como cidadão, ninguém o pode.
b)   A canção relaciona a pobreza ao racismo. Brancos pobres são tratados como pretos, e a grande maioria dos pobres são pretos.
c)   A canção remete à imigração em massa de haitianos para o Brasil causada por um grande terremoto que devastou o Caribe na década de 1990.
d)   A canção menciona o Haiti, aludindo, entre outras coisas, à revolta escrava no processo de independência naquele país e a uma grande campanha humanitária que aconteceu nos anos 1990.
     
11 – Na canção, alude-se a uma cena de violência urbana. De que tipo de violência se trata? Onde ocorre a cena?
      Que a renda foi má distribuída, ou seja, a população sofre com isso.

12 – Segundo a canção, o que acontecia ali no passado?
      Mercado de escravos no adro do pátio.

13 – Por que motivo, segundo o texto, os policiais praticam a violência?
      Praticam a violência por terem preconceito contra os agredidos.

14 – Na letra consta que há um grupo que não sofre a ação violenta da polícia. São “os convidados” da “festa do pelo”, que assistem à cena de espancamento num espaço elevado, ou seja, “no adro da Fundação Casa de Jorge Amado”. Trata-se, portanto, de um grupo de privilegiados. Em vista disso, pode-se afirmar que a desigualdade entre o grupo dos que têm privilégios e o grupo dos que não possuem direitos se restringe a questão racial?
      Hierarquia social, os pobres apanhavam e os ricos assistiam.





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