Texto: Eu
não consigo mais
“Eu não
consigo mais”
“Não é que
eu não queira jogar mais, é que não consigo mais.”
Mais claro,
sincero, franco, impossível.
Era Guga, se dirigindo aos torcedores
depois de perder na estreia do Torneio Aberto do Brasil, na Costa do Sauípe,
por 2 a 0, com parciais de 7/5 e 6/1.
O nome do vencedor, um tenista
argentino, sinceramente, e sem nenhum menosprezo, não interessa.
Porque sem que tenha culpa disso, ele
como é como o forasteiro que ganha o duelo com o velho xerife já sem forças,
por mais que tenha sido o melhor do oeste, do sul e do norte e do leste.
Guga não consegue mais, depois de ter
conseguido ser o número 1 do mundo por quase uma temporada inteira.
Não entender a dor de Guga, não
entender o sofrimento de Guga, não entender o prazer de Guga, não entender o
esforço de Guga e não entender a despedida de Guga não é só não entender de
Guga, é não entender a vida que, como a de Guga, é repleta de altos e baixos.
A de Guga, aliás, muito mais de altos
do que baixos.
Juca Kfouri.
Disponível em: http://blogdofuca.blog.uol.com.br
Acesso
em: 0 nov. 2011.
Entendendo o texto:
01 – Na crônica do dia
anterior, o jogador argentino fora apresentado através de uma oração
subordinada adjetiva explicativa. Já nesse segundo momento, o cronista
refere-se a ele “como o forasteiro que ganha o duelo com o velho xerife já sem
forças”. Essa oração subordinada adjetiva restritiva singulariza o jogador?
Explique sua resposta.
Não. Ela não
singulariza o jogador, pois tem como antecedente “o forasteiro”. Assim, o
adversário, que já não era valorizado na crônica anterior, é agora tratado como
ainda menos importante.
02 – Por que se pode afirmar
que a oração subordinada adjetiva restritiva “que ganha o duelo com o velho
xerife já sem forças” tem sentido pejorativo?
Porque ela remete
a uma personagem dos filmes de faroeste que tem por característica ser um falso
herói e, portanto, um herói desprezível: é aquele que constrói sua vitória
sobre a fraqueza circunstancial do outro e não sabe sua própria força.
03 – Nesse texto, Guga não é
qualificado mediante orações subordinadas adjetivas. Para explicar seu
sofrimento, seu prazer, sua despedida, o que o cronista qualifica é a vida, que
é repleta de altos e baixos. Qual é o efeito criado por essa oração subordinada
adjetiva explicativa no texto?
Ela traz ao texto
o senso comum: qualquer leitor já sentiu na pele que a vida tem momentos de
alegria e de tristeza, de sucesso e de fracasso, de expansão e de recolhimento.
O cronista, que no texto anterior exaltou Guga por ser mais talentoso,
bem-sucedido, esforçado e competente do que a maioria das pessoas, agora
desperta a compreensão e a simpatia do público ara com ele, exatamente por ser
igual a todos naquilo que é inerente ao ser humano (estar exposto às
contrariedades da vida).
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