KEIKO
DIZ NÃO À LIBERDADE
Baleia de Free Willy rejeita a vida
selvagem, e verba para salvá-la acaba.
É triste a história da baleia orca
“Keiko”, famosa por estrelar os filmes da série Free Willy. No início da semana
passada, a equipe que tenta há cinco anos readaptá-la à vida em liberdade
admitiu que é provável que isso jamais aconteça. Keiko parece estar fadada ao
cativeiro, condição em que vive faz mais de 20 anos. Daqui a duas semanas, a
temporada de verão no hemisfério Norte termina para as orcas selvagens, que
nadam perto do cercado montado para abrigar a estrela aposentada numa baía na
costa da Islândia, e elas partirão, Keiko já deixou claro que, embora tenha
brincado com elas, não pretende acompanha-las. Os biólogos e treinadores
poderiam tentar de novo no próximo verão, ainda que com poucas esperanças, mas
o dinheiro do projeto está acabando. O custo anual para mantê-la em sua piscina
natural é de 3,5 milhões de dólares. Para completar a novela, uma criação
comercial de salmão deve ser montada ainda neste mês, justamente onde Keiko está
hoje. Mas uma vez a baleia terá de mudar de lar.
Todos os dias neste verão, Keiko seguiu
um barco que a guiava até o mar aberto onde bandos de orcas nadavam. Chegou a
seguir algumas e foi seguida, mas, depois de cada viagem, ela sempre acompanhava
o barco de volta à costa. A frustação é enorme. A descoberta de que a estrela
do filme de 1993 vivia numa piscina mal cuidada em um parque de diversões
mexicano sensibilizou o mundo. A fundação Free Willy, criada para dar liberdade
à baleia, angariou em dois anos 7,5 milhões de dólares. Em 1996, Keiko foi
transferida para um centro de reabilitação de golfinhos e baleias montado com
dinheiro da campanha, em Oregon, na costa americana. Após dois anos, foi içada
e transferida de avião para seu mar natal, na Islândia.
Agora, sob os cuidados da Ocean
Futures, de Jean-Michel Cousteau, pretendia-se que ela fugisse com as orcas da
região onde nasceu. Na Islândia, Keiko aprendeu a comer peixe vivo, que ela
própria capturava. Não se distanciou, porém, mais de mil metros do barco de
observação. “Nossos gastos já foram além do previsto. Se não conseguirmos mais
dinheiro para a reintegração de Keiko à natureza, vamos buscar mais recursos
pelo menos para criar um novo ambiente natural e manter a qualidade de vida
dela”, afirma Charles Vinick, do grupo que cuida do projeto desenvolvido em
torno da orca. Onde, como e com quem viverá Keiko? Nem o mais criativo
roteirista de Hollywood sabe. Uma baleia orca em liberdade vive cerca de 50
anos. Keiko tem menos da metade disso.
Flávia Varella. In: Veja, ano 34, n° 31,
8 agosto 2001, p. 73.
1 – Escreva no caderno uma
frase para cada parágrafo do texto.
- Primeiro: Keiko, a estrela da série
Free Willy, que vive em cativeiro há mais de 20 anos, há cinco vem tentando se
readaptar à vida livre, mas não consegue.
- Segundo: Com dinheiro de uma campanha,
a Fundação Free Willy transferiu Keiko de uma piscina mal cuidada, num parque
de diversões mexicano, para um centro de reabilitação em Oregon e,
posteriormente, para o seu mar natal, na Islândia.
- Terceiro: Sob os cuidados de
Jean-Michel Cousteau, foi reapresentada ao mundo livre, mas permanece próxima
ao barco de observação; não há mais verba para mantê-la.
2 – A história de Keiko é
muito diferente da história dos outros ursos? Justifique sua
resposta.
Não; a história é bastante semelhante:
animais retirados de seu habitat para serem adestrados nem sempre conseguem
readaptar-se quando voltam ao lugar de origem.
3 – Lendo apenas o título, o
lide (a apresentação da matéria) e a primeira oração do texto, foi possível a
você antecipar alguma ideia sobre o que viria a seguir? O quê? Que palavra foi
reveladora disso?
Sim; o título e o lide antecipam as
informações presentes no texto. A palavra reveladora foi: liberdade.
4 – “Onde, como e com quem
viverá Keiko? Nem o mais criativo roteirista de Hollywood sabe. “Por que, na
sua opinião, a autora coloca esse comentário no texto?
Porque Keiko foi
estrela de uma série de filmes; a autora questiona agora seu destino, como se
fosse o enredo de uma nova história de aventuras.
5 – Diante dessa informação
sobre Keiko, o que é possível pensar sobre:
a)
O uso com “fins artísticos” dos animais?
Tanto na fábula como na vida real percebe-se que é totalmente
antinatural usar animais com fins artísticos.
b)
O uso da inteligência e da sabedoria do homem
em relação à natureza?
O homem não age com sabedoria em relação à natureza.
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