O ESTUDANTE DE MEDICINA
LÚCIA MACHADO DE ALMEIDA
Bem cedo, no dia seguinte,
Alberto, metido num avental branco, trafegava de um lado para outro na
enfermaria do hospital, em companhia de outros estudantes. Ajudado por um
colega que usava óculos com aro de tartaruga, o rapaz começou a tirar sangue da
veia de um indigente que deveria sofrer de anemia, tal a sua palidez.
— Hemoglobinazinha
ordinária, hem? disse Alberto, examinando e mostrando ao colega um sangue ralo
e apenas rosado dentro da seringa. Vamos ver a contagem de hemácias.
Os dois amigos
dirigiram-se para o laboratório, onde os estudantes começavam a fazer as
primeiras pesquisas clínicas.
Alberto adorava a
profissão que escolhera. Talvez fosse por isso que o trabalho se lhe
transformava quase que num prazer. Além do mais, o moço tinha forte atração
pelo mistério, e a Medicina frequentemente lhe fazia lembrar um verdadeiro
romance policial.
Sim, era preciso auxiliar
o órgão atacado, descobrir o “culpado” através dos “vestígios” deixados, e
depois guerreá-lo, vencê-lo, custasse o que custasse. Era preciso dominar a
grande inimiga, a Morte, combatendo os seus cúmplices, aqueles terríveis seres
minúsculos e invisíveis: os micróbios e os vírus. E havia também uma razão mais
forte e mais profunda para que o moço gostasse da Medicina: ele sentia que a
carreira o punha em contato com o sofrimento humano, proporcionando-lhe
oportunidades de aliviá-lo. Sabia que era essa a mais íntima alegria que uma
criatura pode ter, e que a dor deixa de ser triste quando nos aproximamos dela
para a suavizar.
Era isso o que Alberto
tentava em vão explicar a Rachel Saturnino. A moça irritava-se e repetia
sempre:
— A vida é tão curta! O
melhor é desfrutá-la e tirar dela o maior partido possível.
— Bem, tornava Alberto, a concepção de “aproveitar a vida” varia de indivíduo para indivíduo, é ou não é? O que para um significa prazer, para outro representa futilidade, desperdício de tempo e vice-versa.
— Bem, tornava Alberto, a concepção de “aproveitar a vida” varia de indivíduo para indivíduo, é ou não é? O que para um significa prazer, para outro representa futilidade, desperdício de tempo e vice-versa.
(O escaravelho do
diabo. 12. ed. São Paulo, Ática, 1985. p, 22 — Série Vaga-lume.)
VOCABULÁRIO
- Anemia – diminuição da hemoglobina
do sangue
- Desfrutar – aproveitar
- Futilidade – coisa sem importância
- Frequentemente – quase sempre
- Hemoglobina – pigmento dos glóbulos
vermelhos que fixa o oxigênio do ar e o cede aos tecidos
- Hemácia – glóbulo vermelho do
sangue
- Indigente – pessoa que não pode pagar
o tratamento
- Íntima – própria da pessoa
- Suavizar – amenizar; tornar mais
suave
- Vestígio – resto; marca
ESTUDO DAS PALAVRAS
1. Observe os sentidos da palavra romance nas frases:
Alberto gosta de romance policial.
Adolfo e Helena mantêm um romance há oito anos.
Adolfo e Helena mantêm um romance há oito anos.
Como você pode ver, uma palavra pode ter vários sentidos, dependendo do
contexto da frase. Agora, identifique o sentido com que a palavra partido foi
empregada nas frases:
a. Rico, bonito, Solteiro, Carlos parece Um ótimo partido.
– bom para casar, por ter situação
financeira boa.
b. Nossa equipe soube tirar partido da nova solução.
– vantagem.
c. Ele foi eleito o presidente do nosso partido.
– grupo político.
d. Na hora da confusão, ele tomou o partido do irmão.
– ficar do lado.
e. O bolo foi partido em fatias bem pequenas.
– dividido.
f. Com qual desses sentidos a palavra foi empregada no texto?
– Tirar vantagem.
2. Observe os sentidos da palavra ralo:
- Ralador
- Pouco
espesso
- Parte
do encanamento
Com que sentido essa palavra foi empregada no texto?
– Pouco espesso.
3. Qual o significado da expressão: “tentar em vão”?
– Tentar inutilmente.
4. Copie as frases, substituindo às palavras destacadas por
antônimos:
a. Ele usava óculos com aro de tartaruga.
– Ele usava óculos sem aro de tartaruga.
b. O sangue estava dentro da seringa.
– O sangue estava fora da seringa.
c. O melhor é desfrutar a vida.
– O pior é desfrutar a
vida.
5. O que faz Alberto pela manhã?
– Tira sangue de um
indigente e o examina no microscópio.
6. Onde Alberto estuda?
– Na Faculdade de
Medicina.
7. Como se sente Alberto em relação à profissão de médico?
–
Ele adora a profissão que escolhera.
8. O texto apresenta uma comparação entre o trabalho médico e a tarefa
do detetive. Nessa comparação, que papel representa a doença?
– A doença representa o culpado.
9. Quais são os agentes causadores das doenças?
– Os micróbios.
10. Qual é a razão mais profunda do amor de Alberto pela carreira
médica?
– É ajudar a aliviar o sofrimento humano.
11. Na sua opinião, como Alberto se relaciona com Rachel
Saturnino? Por quê?
– Resposta pessoal.
12. Entre Alberto e Rachel, com quem você concorda? Por quê?
– Resposta pessoal.
13. A sociedade em que Alberto vive tem regras de conduta. No
trecho que você leu, como ele se comporta em relação a essas regras?
– Aparentemente ele respeita as regras
sociais.
14. A visão que Alberto apresenta da profissão médica será real ou
idealizada? Por quê?
– Idealizada, já que
não aparecem fatores negativos.
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