NEGROS,
ÍNDIOS E BRANCOS MISTURADOS
A escravidão no Brasil foi
oficialmente abolida no dia 13 de maio de 1888, por uma lei que levava a
assinatura da princesa Isabel. Mas, três séculos antes disso, os escravos rebelados
construíram um país independente onde se tornaram homens livres.
O país Palmares começou a surgir em
1597 e durou até 1694. Seu território se estendia por 150 quilômetros de
comprimento e 50 de largura, nos estados de Alagoas e Pernambuco, entre os rios
Ipojuca e paraíba. Era uma região de serras de até 500 metros de altitude,
coberta por florestas e de acesso muito difícil – principal razão da sua
sobrevivência. Sua população variou muito em cem anos. Os holandeses, que
dominaram Pernambuco de 1630 a 1654, reconheciam em Palmares duas povoações,
com 6 mil habitantes no total. Mas, depois de 1670, os relatos dos portugueses
falam em mais de 20 mil habitantes. No auge, Palmares teve nove cidades, ou
mocambos. Os historiadores divergem sobre esse número e sobre a localização das
aldeias. A única conhecida, com certeza, é a capital, Macaco, na serra da
Barriga.
Em moldes africanos, a confederação
constituía um Estado. Cada mocambo tinha seu chefe. Juntos, eles elegiam o rei
do quilombo. Em caso de ataques dos portugueses ou de expedições guerreiras
para libertar escravos de engenhos e fazendas, as forças dos mocambos se uniam.
Palmares não abrigava apenas escravos
fugidos. Era uma sociedade multirracial e miscigenada de negros, índios e até
brancos pobres. Os ritos africanos conviviam com o catolicismo. Além de
fabricarem armas e ferramentas com a metalurgia trazida de África, os
palmarinos plantavam milho, fumo, batata e mandioca. E faziam comércio com os
vizinhos. A produção era trocada por munições, armas, sal, tecidos e
ferramentas. Foram cem anos de convivência – em paz e em guerra.
Ricardo Arnt e Ricardo
Bonalume Neto. A cara de Zumbi.
In: Superinteressante, ano
9, n. 11, nov. 1995, p. 32-41.
1 – Indique características
de Palmares advindas dos costumes africanos.
Características advindas dos costumes
africanos: Palmares era uma confederação formada por nove mocambos, sendo que
cada um deles possuía seu chefe. Os chefes, unidos, elegiam o rei do quilombo.
Quando precisavam se defender, uniam-se. Mantinham ritos africanos e fabricavam
armas e ferramentas com a metalurgia trazida da África.
2 – Indique características
de Palmares advindas da miscigenação com outras raças.
Características advindas da miscigenação:
Aceitavam o catolicismo. Plantavam milho, fumo, batata e mandioca. Faziam
comercio com os vizinhos, trocando a produção por armas, munições, sal, tecidos
e ferramentas.
Palmares era uma exceção: lá, os
negros fugidos das fazendas podiam desfrutar de um pouco de liberdade. Fora dos
quilombos, entretanto, por mais de 300 anos, os negros viveram, aqui no Brasil,
presos a seus “proprietários”, trabalhando de sol a sol até morrer,
completamente aniquilados por um regime de escravidão injusto e infame.
Um século depois da abolição, como
estará a vida dos negros em nosso país? Leia um trecho deste depoimento de
Wilson da Silva.
Estudo na Universidade de São Paulo
(USP) desde 1985. Sou formado em História, sou mestre em Cinema e, atualmente,
faço doutorado na mesma área. Centenas de outros já trilharam esse percurso. O
que poderia fazer desse caso algo digno de nota nesta revista?
Provavelmente uma coisa: sou negro.
Para a maioria dos leitores, minha
história é um exemplo de que sempre “é possível chegar lá”, desde que haja
esforço e determinação. Eu não vejo as coisas assim. Sou uma exceção às regras
perversas que regem a vida de negros e negras neste país.
Isso ficou evidente desde o primeiro
dia em que cheguei à universidade. Fui praticamente o único estudante negro nas
salas de aula. E nunca tive um professor negro Em compensação, cruzei com
centenas de negros limpando as salas, cuidando dos jardins da universidade,
servindo café e atuando em outros serviços em tese menos qualificados. Seriam
essas tarefas o indício de que os negros são piores do que os brancos?
Evidentemente não. Apenas revelam o fato de que o Estado e a sociedade no
Brasil continuam impedindo que os negros construam uma história diferente.
Mesmo depois da abolição.
Como podemos ser livres se, no
supermercado ou nas portas giratórias dos bancos, somos tratados como
“suspeitos até que se prove o contrário”? Como conseguir oportunidades
profissionais numa sociedade que nos vê como seres inferiores, cidadãos de
segunda linha?
[...]
Superinteressante, ano 15, n. 7, jul. 2001. p. 106.
1 – Que resposta você daria
às perguntas feitas pelo autor do texto?
Resposta pessoal do aluno. Considerar
que, para as primeiras perguntas feitas, o próprio autor dá as respostas.
2 – A luta travada por Zumbi
há mais de 300 anos ainda persiste? Por quê?
Sim. Porque os negros ainda são
discriminados.
3 – Observe como o autor
inicia seu texto: que estratégia ele utilizou para surpreender o leitor?
Ele traça um
rápido perfil de si mesmo, mas não revela que é negro, fazendo-o apenas
posteriormente.
4 – O autor quer, também,
convencer o leitor de suas ideias. Para fundamentar suas afirmações, usa
determinados argumentos. Na sua opinião, eles são convincentes? Por quê?
Resposta pessoal do aluno. Sem dúvida,
ele afirma alguns dados irrefutáveis: “era o único negro nas salas de aula”;
“Não teve professor negro”. Havia muitos jardineiros e faxineiros negros na
universidade.
5 – Que outros exemplos,
além dos citados, poderiam engrossar a lista de atitudes preconceituosas
disfarçadas contra os negros?
Resposta pessoal
do aluno. Lembrar os elevadores de serviço nos prédios e os anúncios de
empresas que procuram funcionários, nos quais se exige “boa aparência” para
preencher as vagas. Lembrar também a descriminação no trabalho. Muitos produtos
de beleza tentam impor às mulheres negras o padrão de beleza das brancas. A
discriminação está presente também na linguagem: “Amanhã é dia de branco” e
outros.
Gratidão é a palavra que uso para te parabenizar pela seleção de atividades publicadas no seu blog. Tudo perfeito! Parabéns!
ResponderExcluirGratidão pelas doces palavras de incentivo!
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