Conto: O Defunto que Devia
Em Bom Despacho tinha um moço que devia
tanto e a tanta gente que sua vida virou um inferno. O tempo todo batiam na
porta dele para cobrar. Até que uma noite ele não aguentou mais e decidiu se
fingir de morto.
Na manhã seguinte, quando os cobradores
chegaram, encontraram o moço de olhos fechados, todo vestido de preto,
quietinho, deitado em cima da mesa.
--- Coitado, perdeu mais do que
qualquer um de nós – eles disseram, e foram embora.
Mas um sapateiro muito sovina, a quem o
moço devia um real, não quis saber de perdoar a dívida. Ficou na casa, à espera
dos parentes, para cobrar de quem pudesse.
O moço lá, se fingindo de morto, e nada
de parente nenhum chega. Mesmo porque morto pobre não tem parente. Acontece que
o sapateiro, além de pão-duro, era cabeça-dura, e não arredou o pé. Queria seu
real.
Escureceu, uns ladrões passaram por
perto, viram a porta aberta, a casa em silêncio, e decidiram entrar. O
sapateiro só teve tempo de enfiar debaixo da mesa.
--- Eta defunto desgraçado, não tem uma
alma velando por ele! Por ele! – comentaram os ladrões.
E aproveitaram para dividir umas moedas
que tinham roubado. Sobrou uma, e um ladrão propôs:
--- A moeda é do primeiro que enfiar
uma faca no peito do morto!
O defunto reviveu na hora e desandou a
gritar:
--- UI ui ui!
--- Ei ei ei! – o sapateiro escutou o
morto gritando e, lá debaixo da mesa, também desandou a berrar.
Quando os ladrões viram o morto
gritar e escutaram aquela voz responder, saíram em correria, deixando o
dinheiro para trás.
Já iam longe quando o mais valente
deles, pensando e repensando nas lindas moedas, tratou de convencer os amigos a
voltar:
--- São duas almas penada, mas nós
somos três dependas.
Voltaram. A essa altura o ex-morto já
estava dividindo a fortuna com o sapateiro. Quando os ladrões chegaram perto da
casa, escutaram o tinlintar das moedas sendo repartidas e ...
--- E o meu real? E o meu real?
--- Ai ai ai! São muitas almas! –
gritaram os ladrões. O dinheiro nem está dando! E desapareceram de vez, estrada
afora.
Ângela Lago.
Entendendo o conto:
01 – Por que o título do
texto é: “O defunto que devia”?
Porque ele devia
pra todo mundo, e não aguentava mais ser cobrado, então se fez de morto.
02 – De acordo com o texto:
o que os cobradores disseram quando viram o rapaz deitado em cima da mesa?
“--- Coitado, perdeu mais do que qualquer
um de nós.”
03 – Qual dos cobradores
permaneceu no velório, a espera de um parente para cobrar a dívida de um real?
Foi o sapateiro.
04 – Quem disse a frase: “---
Eta defunto desgraçado, não tem uma alma velando por ele!”?
Foi um dos
ladrões que entraram na casa.
05 – Na divisão das moedas
roubadas, sobrou uma moeda, qual foi a proposta para ver quem ficaria com ela?
A moeda é do
primeiro que enfiar uma faca no peito do defunto morto.
06 – Diante da aposta dos
ladrões, qual foi a reação do defunto?
O defunto reviveu
na hora e desandou a gritar: Ui ui ui!
07 – No texto: Quem gritou
“Ei ei ei!?
Foi o sapateiro
que estava embaixo da mesa.
08 – Quando os ladrões viram
o defunto gritar, saíram correndo e esqueceram as moedas. O que fez eles
resolveram voltar?
Porque se acharam
em maior número e conseguiriam vencer o defunto.
09 – O que os ladrões
ouviram, ao chegar perto da casa do morto?
E o meu real? E o meu real?
10 – Qual foi a reação dos
ladrões ao ouvirem a discursão?
“--- Ai ai ai! São
muitas almas! O dinheiro nem está dando!
Responda:porquê o sapateiro não foi embora?
ResponderExcluirQuais os adjetivos desse texto
ResponderExcluiroi
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