Conto: Acrobatas
rupestres
Conheça os mocós, roedores do sertão
brasileiro ameaçados de extinção
Enquanto viajava pelo interior da Bahia
em 1817, Maximilian, o príncipe aventureiro de Wied – hoje uma região
da Alemanha –, tomou conhecimento da existência de um tipo de roedor até então
desconhecido pelos pesquisadores, chamado pela população local de mocó. Assim
que voltou para casa, o príncipe tratou de escrever sobre sua viagem ao Brasil
e as muitas descobertas que fez, incluindo a primeira descrição técnica sobre
esse curioso animal.
Hoje, a espécie é conhecida pelos
cientistas como Kerodon rupestris. O nome Kerodon tem origem na
língua grega e quer dizer “dente com chifre”, talvez porque, dependendo do
ponto de vista, os dentes molares do mocó lembrem chifrezinhos. Já o
significado do nome rupestris é fácil: essa palavra vem do latim,
língua que deu origem ao português, e quer dizer “que vive nas rochas”. Habitar
ambientes repletos de pedras, chamados afloramentos rochosos ou lajedos, é uma
característica típica dos mocós.
Mas não é em qualquer tipo de lajedo
que os mocós vivem. O Kerodon rupestris é encontrado no sertão do
nordeste do Brasil e no norte de Minas Gerais. Se você mora nessa região,
provavelmente já deve ter ouvido falar dele – ou melhor, pode ser até que tenha
visto um!
Durante mais de 150 anos, a única
espécie de mocó conhecida era Kerodon rupestris. Mas, na década de 1960,
pesquisadores brasileiros encontraram mocós em afloramentos rochosos no estado
de Goiás, região central do país. Anos depois, em 1997, eles foram oficialmente
identificados como uma nova espécie, chamada Kerodon acrobata – seu
nome se deve à habilidade com a qual esses mocós se movimentam em seu ambiente
natural. Em 2010, a espécie também foi encontrada no sul do estado do
Tocantins.
Infelizmente, tanto Kerodon
rupestris quanto K. acrobata estão ameaçados de extinção. O
principal motivo é a caça: muitas pessoas afirmam que a carne dos mocós é
saborosa, e, por conta disso, eles são procurados como fonte de alimento. Nos
últimos anos, os cientistas têm percebido que a caça aos mocós e a destruição
de seu hábitat natural têm causado uma redução das populações desses bichos na
natureza. Se nada for feito, essas espécies podem acabar desaparecendo.
Precisamos mudar essa história!
COSTA,
Henrique Caldeira. Disponível em:
Acesso em: 29 de maio de 2016.
Entendendo o conto:
01 – Identifique a passagem que expõe o objetivo do
texto:
“Conheça os
mocós, roedores do sertão brasileiro ameaçados de extinção”.
02 – Associe as ideias,
elencadas a seguir, aos seus respectivos parágrafos:
(3º) Citação dos locais onde vivem os mocós no
Brasil.
(5º) O alerta quanto à redução das populações de
mocós.
(1º) A descoberta do mocó pela ciência.
(2º) Explicação etimológica do nome científico
atribuído ao mocó.
(4º) A descoberta, por pesquisadores brasileiros,
de uma nova espécie de mocós.
03 – Encontra-se registro de opinião do autor em:
a) “[...] dependendo do
ponto de vista, os dentes molares do mocó lembrem chifrezinhos.”.
b) “Habitar ambientes
repletos de pedras [...] é uma característica típica dos mocós.”.
c) “Mas não é em qualquer tipo de lajedo que os mocós
vivem.”.
d) “Infelizmente,
tanto Kerodon rupestris quanto K. acrobata estão ameaçados
de extinção.”.
04 – “Nos últimos anos, os
cientistas têm percebido que
a caça aos mocós e a destruição de seu hábitat natural têm causado uma redução das populações desses bichos na
natureza.”. As formas verbais destacadas indicam ações:
a) iniciadas no presente.
b) habituais no passado recente.
c) iniciadas no passado e que continuam nos
dias atuais.
d) que já foram encerradas.
05 – “[...] provavelmente já
deve ter ouvido falar dele – ou
melhor, pode ser até que tenha visto um!”. O termo grifado indica:
a) ênfase
b) retificação
c) ratificação
d) prioridade
06 – “Se nada for feito, essas espécies podem acabar
desaparecendo.”. Tendo em vista o contexto, a parte sublinhada substitui:
Kerodon
rupestris e K. acrobata.
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