Texto: BEOWULF E O DRAGÃO
Havia um rei dinamarquês que era valente na
guerra e sábio nos tempos de paz. Vivia num castelo esplêndido. Recebia muitos
convites e dava festas maravilhosas. Mas tudo isso era bom demais para durar
eternamente.
Um dia, no final de uma festa, todos ouviram
um ruído estranho. Era o dragão
Grandel, que saíra do lago e entrara no castelo.
Engoliu o primeiro homem que encontrou e gostou tanto do sangue
humano que atacou muitos outros. Deixou um rastro vermelho como marca de sua
passagem.
Desse dia em diante, a vida no castelo mudou
completamente. O terrível Grandel aparecia todas as noites, matava os homens,
bebendo seu sangue, e carregava o corpo para o lago.
Nem mesmo os guerreiros mais fortes
conseguiam vencê-lo, e o castelo acabou sendo abandonado.
Depois de doze anos, esta história chegou aos
ouvidos de Beowulf, um cavaleiro jovem e corajoso, capaz de vencer trinta
homens ao mesmo tempo. Quando soube da desgraça que tinha se abatido sobre os
súditos do rei dinamarquês, ficou comovido e não pensou duas vezes. Escolheu
catorze combatentes e partiu para a Dinamarca.
–
Quem é você? – perguntou-lhe o rei.
– Sou
Beowulf, viemos libertá-lo do terrível Grandel.
O rei sentiu o coração encher-se de esperança.
Deu uma grande festa.
Enquanto todos celebravam, um estranho
assobio atravessou o castelo.
As portas de ferro caíram por terra e o
terrível Grandel entrou pela sala.
Os olhos
brilhavam, a boca cuspia fogo e as garras eram espadas que rasgavam o chão. Mas
antes que ele conseguisse engolir um guerreiro, sentiu uma dor insuportável.
Beowulf havia se lançado na direção do dragão
e apertava sua garganta com uma força igual a de trinta homens. Grandel se
retorceu, urrou, mas não conseguiu se soltar. Foi empurrado por Beowulf até o
lago e morreu.
O rei agradeceu ao herói e a vida voltou
para o castelo. Mas no fundo do lago, uma velha feiticeira, a mãe de Grandel,
resolveu vingar a morte de seu filho. Penetrou na grande sala do castelo e
aprisionou o conselheiro do rei.
– Caro
Beowulf – disse o rei –, preciso novamente de sua ajuda.
Nesse mesmo dia, Beowulf e o rei montaram a cavalo e foram até o
lago.
Boiando sobre as águas, estava a cabeça
ensanguentada do conselheiro.
Beowulf mergulhou imediatamente, até que
chegou no antro dos monstros. Viu uma mulher horrorosa sentada em cima de
ossadas humanas.
Era a mãe de Grandel. A bruxa se atirou sobre
ele. Beowulf foi mais rápido. Sua espada cortou a garganta da velha. Mas ela
continuou a atacá-lo.
Nisso, o cavaleiro avistou uma espada
gigantesca. Agarrou-a e arrancou a cabeça da velha. Foi só então que ele viu,
ao lado, o corpo monstruoso de Grandel. Beowulf também lhe cortou a cabeça e
carregou-a até a superfície.
Mas depois que Beowulf libertou a Dinamarca
desse monstro sinistro, sentiu
muitas saudades de seu próprio país. Seu tio
havia acabado de morrer. E como ele era o único herdeiro, foi coroado rei.
Governou durante cinquenta anos com sabedoria e justiça.
Foi quando novamente recebeu notícias de que
um dragão incendiava a Dinamarca. Não perdeu tempo. Convocou sua tropa e viajou
para enfrentar o monstro.
O animal o esperava. De sua garganta
saíam chamas envenenadas e uma fumaça verde. Os cavaleiros de Beowulf
apavoraram-se e fugiram; Beowulf viu-se só diante do monstro. Mas havia alguém
a seu lado: Wiglaf, o mais jovem dos homens de sua tropa.
Esquecendo-se da espada, Beowulf atacou o
dragão com tanta força que nem
parecia que havia envelhecido. O monstro grunhiu e o sangue
escorreu do ferimento de sua garganta. Mesmo assim Beowulf foi atingi-lo
com o golpe mortal e percebeu que sua espada havia se partido ao meio.
Estava condenado. Então ouviu uma voz:
– Estou a seu lado, meu rei.
Era Wiglaf, que imediatamente atacou o dragão,
ferindo-o mortalmente.
O dragão estendeu a pata e atingiu o rei com
suas garras venenosas. Beowulf sentiu o veneno penetrar nas profundezas de seu
corpo. Antes que a vida o deixasse, disse:
– Eu te nomeio rei, fiel Wiglaf. E como
prova disso, aqui está o meu anel.
Estas foram as últimas palavras do célebre
matador de dragões, Beowulf.
Ele morreu tranquilo, porque sabia que seu
sucessor era o mais corajoso de todos os homens, o melhor de todos os
guerreiros, e que reinaria com justiça, trazendo felicidade a seu povo.
Machado, Irene.
Literatura e redação. São Paulo: Scipione, 1994. p. 99-100.
Entendendo o texto:
01 – Qual é o título do
texto?
Beowulf e o
dragão.
02 – Qual é o tema principal
do texto?
A luta de Beowulf
e o dragão.
03 – Quantos e quais são os
personagens?
São 20
personagens. O rei, o Grandel, Beowulf, os 14 combatentes, a feiticeira, o
conselheiro e Wiglaf.
04 – Onde se passa a
história? Justifique sua resposta.
Na Dinamarca.
05 – Quem é o autor do
texto?
Irene Machado.
06 – Quantos parágrafos há
no texto?
Possui 30
parágrafos.
07 – Em sua opinião de que
época é esta história? Justifique sua resposta.
Resposta pessoal
do aluno.
08 – No momento de sua
morte, quem o rei Beowulf, nomeio como sendo seu representante legal?
Foi o mais novo
guerreiro Wiglaf.
09 – Quem era a mulher que o
rei Beowulf encontrou no fundo do lago?
Era a bruxa mãe
de Grandel.
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