Poesia: Belo
Belo
Manuel Bandeira
Belo belo minha bela
Tenho tudo que não quero
Não tenho nada que quero
Não quero óculos nem tosse
Nem obrigação de voto
Não tenho nada que quero
Não quero óculos nem tosse
Nem obrigação de voto
Quero quero
Quero a solidão dos píncaros
A água da fonte escondida
A rosa que floresceu
Sobre a escarpa inacessível
A luz da primeira estrela
Piscando no lusco-fusco
Quero quero
Quero dar a volta ao mundo
Só num navio de vela
Quero rever Pernambuco
Quero ver Bagdá e Cusco
Quero quero
Quero o moreno de Estela
Quero a brancura de Elisa
Quero a saliva de Bela
Quero as sardas de Adalgisa
Quero quero tanta coisa
Belo belo
Mas basta de lero-lero
Vida noves fora zero.
Manuel Bandeira. Estrela da vida inteira.
Poesias
reunidas. Rio de Janeiro: J. Olympio.
Entendendo a poesia:
01 – Que verbo o poeta repete de propósito no texto?
É o verbo quero.
02 – Interprete o sentido dos últimos quatro versos.
O poeta se mostra desiludido, pessimista, entre o sonho
(quero) e a realidade.
03 – Manuel Bandeira, usa elementos da natureza em sua
poesia. Quais são esses elementos?
Píncaros, água, fonte, rosa, escarpa, estrela.
04 – Consulte um dicionário se preciso for, e de o
significado das palavras abaixo:
·
Lusco-fusco: crepúsculo, meia-luz,
alvorecer.
·
Bagdad: capital do Iraque.
·
Cusco: capital do Império Inca no
Peru.
05 – Em: “Tenho tudo que não quero / Não tenho nada
que quero”. O que o autor quer dizer?
Que embora ele
tenha muita coisa, mas, o que é mais importante ele ainda não tem.
06 – Qual é o título da
poesia?
Belo Belo.
07 – Quem é o autor? E de
onde foi retirado esta poesia?
Manuel Bandeira. Foi extraído de Estrela
da vida inteira.
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