quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

TEXTO: O FIM DA REPETÊNCIA - CAUTELA NECESSÁRIA - COM GABARITO


TEXTO: O FIM DA REPETÊNCIA
         CAUTELA NECESSÁRIA


      O índice médio de repetência nas escolas do Rio foi de 15% em 1997. Ainda estão sendo levantados os dados referentes ao ano seguinte, que a secretária municipal de Educação, Carmen Moura, espera terem sidos mais baixos. Mesmo assim, há motivo para preocupação, pois esse resultado interrompe uma trajetória de progresso que vinha desde 1992, com o porcentual de repetência caindo de 22% para 12% em 1996.
        Em reação, a secretaria pretende este ano tornar automática a aprovação na primeira e na quinta séries do Ensino Fundamental, nas quais é maior o índice de reprovação.
        Em princípio, a ideia é positiva. O problema maior do ensino público é a evasão, que tem como principal causa a repetência. Ainda que o aluno chegue à segunda (e mais tarde à sexta) série com alguma deficiência no aprendizado, isso será melhor do que abandonar a escola.
        Mas a aprovação automática não pode ser adotada sem que sejam instituídos mecanismos de avaliação e cobrança de desempenho. Basta ver o que aconteceu em Niterói, que há cinco anos adotou um programa exagerado: aprovação automática da primeira à oitava séries. Uma avaliação dos alunos revelou graves deficiências de aprendizado, e a Prefeitura vai modificar o sistema, introduzindo exames a cada dois ou três anos. Também no Estado do Rio, a aprovação automática foi instituída e depois abandonada.
        Os precedentes, portanto, mostram a necessidade de muita cautela. O fim da repetência, em tese desejável, exige que paralelamente exista um monitoramento rigoroso do progresso que os alunos estejam fazendo.

        REPROVAR É BOM?

        Escola boa, dizem, é a que reprova. Por quê? Desde quando ser reprovado em alguma coisa é bom?
        Quantas pessoas foram reprovadas na sua trajetória escolar porque ficaram faltando alguns décimos para alcançar a nota final? E tiveram que repetir um ano inteiro, ouvindo as mesmas coisas do ano anterior? Isso significa um ano na vida de uma pessoa. Será que é pouco?
        E o desestímulo que uma reprovação acarreta? E o sentimento de “sou burro”, “não consigo aprender”? Em que isto ajudou as pessoas a serem mais felizes ou mais sabidas?
        É preciso que fique claro que, por trás de uma medida institucional, como a atribuição de conceitos OS (Plenamente Satisfatório), S (Satisfatório) e EP (Em Processo) adotada pela disciplina, é importante, e muito menos, usar a avaliação (testes e provas) para “dominar” a turma ou ameaça-la.
        Avaliação faz parte do processo pedagógico, da rotina escolar, e serve apenas para redirecionar o meu trabalho. Serve apenas para que eu verifique em que as coisas não vão bem, para que eu possa melhorá-las. Se existe a “cultura da nota”, e não acreditamos mais nela, cabe a nós mesmos mudar o que está aí.
        Não é reprovando que se garante seriedade. Se assim fosse, do jeito que reprovamos tanto, todo esse tempo, seríamos um povo carioca seríssimo. E a SME/RJ não quer a aprovação automática. Quer, sim, que os professores ensinem e que os alunos aprendam; que sejam vistos, professores e alunos, como sujeitos, cidadãos que estão fundando um novo tempo.
        Tempo de compreensão, de sabedoria, de solidariedade, de respeito.

          Denise Guimarães é professora da Secretaria Municipal de Educação.
                                                                                            O Globo – 15/02/1999.

1 – Qual o assunto tratado em ambos os textos?
       A repetência escolar.

2 – Qual o tema, que também é coincidente?
       O fim da repetência.

3 – Qual o ponto de vista dos autores o tema abordado?
       A reprovação escolar desestimula o aluno.

4 – De que argumento cada um dos autores se utiliza para defender a tese apresentada?
       Em ambos os textos: o abandono escolar; a partir daí, há necessidade de se procurarem estratégias para que a educação seja vitoriosa.

5 – No segundo texto, qual é o verdadeiro compromisso dos professores no processo educacional?
       O compromisso é com o ensinar e aprender.

6 – Quanto a você, qual o seu ponto de vista sobre a repetência de um aluno ao longo de sua vida estudantil?
       Resposta pessoal.

7 – Apresente 03 (três) argumentos para fundamentar seu ponto de vista:
       Resposta pessoal.

8 – “Desde quando ser reprovado em alguma coisa é bom? Você concorda com essa afirmação? Justifique.
       Resposta pessoal.

9 – Que precauções tomar para ser reprovado pela vida o mínimo possível ou (não ser reprovado)?
        Resposta pessoal.


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