TEXTO: O FIM DA REPETÊNCIA
CAUTELA
NECESSÁRIA
O índice médio de repetência nas escolas do Rio foi de 15% em 1997. Ainda estão
sendo levantados os dados referentes ao ano seguinte, que a secretária
municipal de Educação, Carmen Moura, espera terem sidos mais baixos. Mesmo
assim, há motivo para preocupação, pois esse resultado interrompe uma
trajetória de progresso que vinha desde 1992, com o porcentual de repetência
caindo de 22% para 12% em 1996.
Em reação, a secretaria pretende este ano tornar automática a aprovação na
primeira e na quinta séries do Ensino Fundamental, nas quais é maior o índice
de reprovação.
Em princípio, a ideia é positiva. O problema maior do ensino público é a
evasão, que tem como principal causa a repetência. Ainda que o aluno chegue à
segunda (e mais tarde à sexta) série com alguma deficiência no aprendizado,
isso será melhor do que abandonar a escola.
Mas a aprovação automática não pode ser adotada sem que sejam instituídos
mecanismos de avaliação e cobrança de desempenho. Basta ver o que aconteceu em
Niterói, que há cinco anos adotou um programa exagerado: aprovação automática
da primeira à oitava séries. Uma avaliação dos alunos revelou graves
deficiências de aprendizado, e a Prefeitura vai modificar o sistema,
introduzindo exames a cada dois ou três anos. Também no Estado do Rio, a
aprovação automática foi instituída e depois abandonada.
Os precedentes, portanto, mostram a necessidade de muita cautela. O fim da
repetência, em tese desejável, exige que paralelamente exista um monitoramento
rigoroso do progresso que os alunos estejam fazendo.
REPROVAR
É BOM?
Escola boa, dizem, é a que reprova. Por quê? Desde quando ser reprovado em
alguma coisa é bom?
Quantas pessoas foram reprovadas na sua trajetória escolar porque ficaram
faltando alguns décimos para alcançar a nota final? E tiveram que repetir um
ano inteiro, ouvindo as mesmas coisas do ano anterior? Isso significa um ano na
vida de uma pessoa. Será que é pouco?
E o desestímulo que uma reprovação acarreta? E o sentimento de “sou burro”,
“não consigo aprender”? Em que isto ajudou as pessoas a serem mais felizes ou
mais sabidas?
É preciso que fique claro que, por trás de uma medida institucional, como a
atribuição de conceitos OS (Plenamente Satisfatório), S (Satisfatório) e EP (Em
Processo) adotada pela disciplina, é importante, e muito menos, usar a
avaliação (testes e provas) para “dominar” a turma ou ameaça-la.
Avaliação faz parte do processo pedagógico, da rotina escolar, e serve apenas
para redirecionar o meu trabalho. Serve apenas para que eu verifique em que as
coisas não vão bem, para que eu possa melhorá-las. Se existe a “cultura da
nota”, e não acreditamos mais nela, cabe a nós mesmos mudar o que está aí.
Não é reprovando que se garante seriedade. Se assim fosse, do jeito que
reprovamos tanto, todo esse tempo, seríamos um povo carioca seríssimo. E a
SME/RJ não quer a aprovação automática. Quer, sim, que os professores ensinem e
que os alunos aprendam; que sejam vistos, professores e alunos, como sujeitos,
cidadãos que estão fundando um novo tempo.
Tempo de compreensão, de sabedoria, de solidariedade, de respeito.
Denise Guimarães é professora da
Secretaria Municipal de Educação.
O Globo – 15/02/1999.
1 – Qual o assunto tratado em ambos os
textos?
A repetência escolar.
2 – Qual o tema, que também é coincidente?
O fim
da repetência.
3 – Qual o ponto de vista dos autores o
tema abordado?
A reprovação escolar desestimula o aluno.
4 – De que argumento cada um dos autores
se utiliza para defender a tese apresentada?
Em
ambos os textos: o abandono escolar; a partir daí, há necessidade de se
procurarem estratégias para que a educação seja vitoriosa.
5 – No segundo texto, qual é o verdadeiro
compromisso dos professores no processo educacional?
O
compromisso é com o ensinar e aprender.
6 – Quanto a você, qual o seu ponto de vista
sobre a repetência de um aluno ao longo de sua vida estudantil?
Resposta pessoal.
7 – Apresente 03 (três) argumentos para
fundamentar seu ponto de vista:
Resposta pessoal.
8 – “Desde quando ser reprovado em alguma
coisa é bom? Você concorda com essa afirmação? Justifique.
Resposta pessoal.
9 – Que precauções tomar para ser
reprovado pela vida o mínimo possível ou (não ser reprovado)?
Resposta pessoal.
Muito bom ☺️
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