quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

ARTIGO DE OPINIÃO: OS MUITOS FANTASMAS - CLÓVIS ROSSI - COM GABARITO

ARTIGO DE OPINIÃO: OS MUITOS FANTASMAS
                                          Clóvis Rossi


     O encontro de ontem entre o presidente da Federação da Indústria do Estado de São Paulo, Mário Amato, e o presidente da Central Única dos trabalhadores, Jair Meneguelli, em torno de uma pauta comum de combate à inflação é revelador do tamanho que ganhou o fantasma da disparada de preços.
  Meneguelli e Amato, representantes de um pedaço expressivo da sociedade, têm tão tremendas diferenças de opinião a respeito de quase tudo que seria inimaginável vê-los discutindo com proveito qualquer coisa. Mas a presença de um inimigo comum, externo a ambos, colocou-os lado a lado, o que é primeiro passo positivo.
        O problema é que subsistem outros fantasmas, além da inflação, a travar p aprofundamento dos contados entre sindicalistas e empresários. Vicente Paulo da Silva, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, aponta um deles: “Os empresários são contraditórios. falam em pacto, mas gastam um dinheiro para tentar remover da Constituição direitos sociais mínimos”.
        Vicentinho pede “um gesto concreto” de Mário Amato na direção do atendimento de reivindicações dos sindicatos.
        Entre os dois outros interlocutores da mesa tripartite de um pacto contra a inflação, empresário e o governo, pesa a mesma sombra de desconfiança. Os empresários acham que o governo não faz o que deve, em matéria de corte do déficit público, enquanto o governo jura que está fazendo tudo o que pode.
        Também entre governo e sindicalistas, há uma óbvia desconfiança, a ponto de Vicentinho generalizar. “Falta credibilidade tanto por parte do governo como por parte do empresário”. É muito possível que os empresários e o governo achem que a mesma credibilidade deles exigida falte aos líderes sindicais.
        Fica difícil, nesse terreno pantanoso, caminhar na direção de um acordo que abata o inimigo comum, a inflação. A única perspectiva é a constatação de que algo precisa ser feito, porque mesmo as mais negras previsões feitas até o fim do primeiro semestre começam a ser atropeladas por uma realidade ainda mais feia.

                       Clóvis Rossi – Folha de São Paulo: A-2, 20 jul. 1998.

Entendendo o texto:

01 – No primeiro parágrafo, o produtor do texto afirma que o encontro ente Mário Amato e Jair Meneguelli serve para revelar que a disparada dos Preços ganhou proporções assustadoras. Qual o argumento que Clovis Rossi usa para demonstrar a afirmação que faz?
       A inflação é tão assustadora que colocou à mesma mesa filosofias opostas para debater um problema comum.

02 – Embora reconheça que o encontro entre sindicalistas e empresários seja um passo positivo para tentar resolver o problema da inflação, o articulista considera difícil que esses contatos progridam e se estreitem mais. Qual o argumento usado pelos sindicalistas e mencionado pelo autor para comprovar sua visão pessimista?
       A contradição dos empresários.

03 – Quando diz “Os empresários são contraditórios. Falam em pacto, mas gastam um dinheirão para tentar remover da Constituição direitos sociais as palavras do líder sindical.
        Em termos de argumentação, que efeito produz a citação textual?
        Comprovação da verdade.

04 – Clóvis Rossi cita textualmente as palavras de Vicente Paulo da Silva para argumentar a favor de uma afirmação que fez anteriormente. De que afirmação se trata?
       Há muitos fantasmas além da inflação.

05 – Qual o argumento que usa para demonstrar que entre o governo e os empresários também existe desconfiança?
       O corte do déficit público.

06 – Por que o articulista afirma cautelosamente que “é muito possível que os empresários e o governo achem que a mesma credibilidade deles exigida falte aos líderes sindicais”?
       Porque ele vê falta de credibilidade entre empresários e governo.

07 – Lendo o texto, no seu todo, pode-se concluir que Clóvis Rossi usou vários argumentos para afirmar que:
     a) A inflação é o maior de todos os problemas que separam empresários e sindicalistas.
    b)    Apesar de um pequeno progresso, o pacto entre empresários e sindicalistas encontra obstáculos pela frente.
    c)     O governo desconfia dos empresários tanto quanto os empresários desconfiam dos sindicalistas.
      d)    Não há base alguma para um acordo entre empresários e sindicalistas.
      e)     Os próprios sindicalistas estão divididos entre si.



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