segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

CRÔNICA: MEUS PRIMOS - ANTONIO MARIA DE ARAÚJO DE MORAIS -COM GABARITO

CRÔNICA: MEUS PRIMOS


O texto abaixo é do autor  pernambucano Antonio Maria de Araújo de Morais, que se destacou como cronista, compositor, locutor esportivo, jornalista e radialista.

     R. G. era um demônio. Mais atleta, mais afeito à terra que qualquer um de nós, era uma espécie de Tarzan, filho do mato e do rio, diante da nossa meia tendência para o asfalto.
      Numa tarde, resolvemos caminhar pela estrada de ferro – e outra coisa não pretendíamos senão dar uma olhada na filha de um vigia novato, morena carregada, de olhos verdes e longas tranças que, de tardinha, lavava os pés, enfeitava a cabeça com uma flor e vinha para o patamar de casa tocar viola de 12 cordas e cantar “Suçuarana”.
       No meio do caminho, demos com a ponte de ferro feita de trilho, dormentes e mais nada, onde só o trem podia passar. R. G. teimou que atravessar seria uma canja, andando por cima dos dormentes. E se o trem viesse? – aventamos essa perigosa possibilidade. Não ligou. Nós ficamos no barranco do rio e ele começou, sozinho, a travessia.
        De repente, parecia coisa do diabo, o trem saiu da curva, a 100 metros da ponte. R. G. ia exatamente na metade e não tinha tempo de correr para frente ou para trás. Fechamos os olhos, pensamos em Deus por sua alma de 16 anos. O trem passou, houve um minuto de pausa e, depois, R. G. apareceu no mesmo lugar, (…), gritando que não seria a locomotiva da Great Western que o mataria tão jovem.
        Garoto de incrível presença de espírito, quando viu o trem à sua frente, agachou-se, segurou, com as mãos, um dos dormentes e deixou o corpo pendurado. Depois que passaram os 12 vagões, suspendeu-se como num exercício de barra e começou a rir do estado de pânico em que estávamos.
       O maquinista, ao chegar à estação de Gameleira, a dois quilômetros dali, entregou-se à polícia, confessando que tinha matado um menino da usina Cachoeira Lisa.

Entendendo o texto:
Marque com X o sinônimo da palavra ou expressão em destaque.
01 – Em: “R. G. era um demônio.”  A palavra destacada pode ser substituída por:
a. (   ) animal                      b. (   ) moleque malvado
c. (X) rapaz travesso         d. (   ) ignorante

02 – Em: “Mais atleta, mais afeito à terra…”, a expressão destacada pode ser substituída por:
a. (   ) mais insensível à terra           b. (X) mais acostumado à terra
c. (   ) mais desabituada à terra    d. (   ) mais preocupado com a terra.

03 – Em: “… diante da nossa meia tendência…”, a expressão destacada significa:
a. (   ) desprezo             b. (X) inclinação    
c.(   ) amor                     d. (   ) preocupação.

04 – Em: “… dar uma olhada na filha de um vigia novato…”, a palavra destacada indica que o vigia:
a. (   ) tinha pouca idade           b. (   ) era ingênuo
c. (   ) ano tinha experiência     d. (X) estava a pouco tempo naquele lugar
05 – Em: “E se o trem viesse? – aventamos essa perigosa possibilidade.” A palavra destacada pode ser substituída por:
a. (X) insinuamos                   b. (   ) verificamos
c. (   ) investigamos                d. (   ) propusemos.

06 – Em: “Garoto de incrível presença de espírito…”, a palavra destacada significa:
a. (   ) irreal                         b. (   ) inútil     
c. (X) inacreditável             d. (   ) incansável.

07 – O autor caracteriza R.G. como uma espécie de Tarzan, mais afeito à terra, enquanto que os outros meninos estavam mais habituados à vida da cidade. Explique a expressão “nossa meia tendência para o asfalto.”
      A expressão foi utilizada pelo autor para indicar que esses meninos estariam mais habituados à vida da cidade, porque uma das características das cidades são as ruas asfaltadas.

08 – Ter presença de espírito significa saber sair de situações difíceis, inesperadas ou embaraçosas. Como R. G. conseguiu sair da situação difícil que, de repente, lhe apareceu?
      Quando viu o trem à sua frente e não tendo tempo para recuar ou avançar, R.G. agachou-se, segurou os dormentes com as mãos e então, soltou o corpo, ficando pendurado.

09 – A partir do texto, encontre três características do personagem R. G.
      O texto indica as seguintes características: corajoso, travesso, decidido, brincalhão.

10 – Transcreva o trecho do texto que indica o motivo pelo qual os meninos saíram de casa naquela tarde.
      Numa tarde, resolvemos caminhar pela estrada de ferro – e outra coisa não pretendíamos senão dar uma olhada na filha de um vigia novato, morena carregada, de olhos verdes e longas tranças que, de tardinha, lavava os pés, enfeitava a cabeça com uma flor e vinha para o patamar de casa tocar viola de 12 cordas e cantar “Suçuarana”.

11. Identifique e transcreva o trecho do texto em que há momento de intensa expectativa e emoção, em que não se sabe o que vai acontecer.
      De repente, parecia coisa do diabo, o trem saiu da curva, a 100 metros da ponte. R. G. ia exatamente na metade e não tinha tempo de correr para frente ou para trás. Fechamos os olhos, pensamos em Deus por sua alma de 16 anos.

12. Por que o maquinista entregou-se à polícia?
      Porque julgara haver matado R. G.


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