quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

POEMA: A LÍNGUA MÃE - MANOEL DE BARROS - COM GABARITO

POEMA: A LÍNGUA MÃE
                Manoel de Barros

Não sinto o mesmo gosto nas palavras:
Oiseau e pássaro.
Embora elas tenham o mesmo sentido.
Será pelo gosto que vem de mãe? De língua mãe?
Seria porque eu não tenha amor pela língua de Flaubert?


Mas eu tenho.
(Faço este registro porque tenho a estupefação de não sentir
Com a mesma riqueza as palavras oiseau e pássaro).
Penso que seja porque a palavra pássaro em mim repercute a infância
E oiseau não repercute.
Penso que a palavra pássaro carrega até hoje nela o menino que ia
De tarde pra debaixo das árvores a ouvir os pássaros.
Nas folhas daquelas árvores não tinha oiseaux
Só tinha pássaros.
É o que me ocorre sobre língua mãe.

           Manoel de Barros. O fazedor de amanhecer. Rio de Janeiro:
                                     Salamandra, 20011. [s.p.].

Entendendo o texto:

01 – O poema tem “a estupefação” de não sentir com a mesma riqueza as palavras em português e em francês. Por que isso lhe causa “estupefação”?
       Porque ele tem amor pela língua francesa, como tem pela língua mãe, assim, deveria gostar igualmente das duas palavras.

02 – No final do poema, o poeta encontra a explicação para o fato de não sentir o mesmo gosto nas palavras em francês e em português.
a)   Qual é a explicação?
         Ele na infância só sabia a palavra pássaro, que ficou ligada às suas experiências de menina com pássaros: a palavra pássaro carrega lembranças da infância, a palavra oiseau, não.

b)   Considerando essa explicação, está certo o poema quando diz, no início do poema, que as duas palavras tem o mesmo sentido?
         Resposta pessoal: A expectativa é que os alunos percebam que as duas palavras não tem, na verdade, o mesmo sentido para o poeta, e concluam que as palavras adquirem um sentido diferente, conforme as experiências e conhecimentos da pessoa.

03 – O poema chama sua língua mãe; por que a língua é mãe?
       Porque é a sua língua de origem; a primeira que aprendeu; a língua em que se educou, se formou, a língua que aprendeu da mãe.

04 – Na opinião de vocês, é possível sentir em um língua estrangeira a mesma riqueza e o mesmo gosto que se sente na língua materna?
       Resposta pessoal: O objetivo é levar os alunos a refletir sobre a relação entre a língua e a constituição da identidade, e a expectativa é que percebam que a primeira língua aprendida na infância institui um modo de pensar, de sentir próprios de uma cultura, de uma nacionalidade.




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