POEMA: SE NÃO HOUVESSE MONTANHAS!
CECÍLIA MEIRELES
Se não houvesse montanhas!
Se não houvesse paredes!
Se o sonho tecesse malhas
E o braços colhessem redes!
Se a noite e o dia passassem
Como nuvens, sem cadeias,
E os instantes da memória
Fossem vento nas areias!
Se não houvesse saudade,
Solidão nem despedida...
Se a vida inteira não fosse,
Além de breve, perdida!
Eu tinha um cavalo de asas,
Que morreu sem ter pascigo.
E em labirintos se movem
Os fantasmas que persigo.
MEIRELES, Cecília. Se não houvesse montanhas!
In:_______. Obra poética. 1. ed. Rio de Janeiro,
Aguilar,
1958. p. 905.
Entendendo o poema:
01 – Que
conotações teriam, no contexto do poema, os substantivos “montanhas” e
“paredes”?
Esses substantivos poderiam conotar os obstáculos, os empecilhos que a vida
oferece.
02 –
Cecília Meireles costuma ser apontada pela crítica como escritora
neo-simbolista, principalmente no início de sua carreira. Que elementos do
Simbolismo podem ser encontrados na segunda estrofe?
Transparece nessa estrofe um clima vago, indefinido, que é conseguido
principalmente pelo emprego do substantivo nuvens e da expressão vento nas
areias.
03 – São
temas frequentes na poesia de Cecília Meireles a efemeridade da vida e a
inutilidade da existência. Transcreva da terceira estrofe dois versos que
comprovam essa afirmativa.
“Se a vida inteira não fosse,
Além de breve, perdida!”
04 – O que poderia conotar o
“cavalo de asas”?
A fantasia, a imaginação ou até mesmo a liberdade.
05 – Já que seu cavalo alado
morreu, o que lhe resta fazer?
Só
lhe resta perseguir os seus fantasmas.
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