Texto: Japoneses
na Amazônia
A saga
nipônica na imensidão verde, em prosa poética.
O que os arrasta a essa aventura
insana, arrancando raízes do seu chão de origem para alçar-se em voo temerário
e fincar os pés em solo estranho e ignaro? O Sonho.
O que motiva sua ambição e esperança e
os faz achar que está além do além o que procuram? O Sonho.
O que os faz abandonar a ilha estreita
para perder-se na largueza e vastidão do verde, trocando o sal do mar pela
doçura dos rios? O Sonho.
O que os alimenta quando falta tudo? O
que os faz resistir quando o corpo esmorece pela fadiga e pela doença? O que os
impede a prosseguir, quando o solo recusa suas sementes, os interesses aviltam
o preço pago pelo fruto de seu trabalho, a saudade da terra distante os invade
e instala-se o enorme vazio da desesperança? O Sonho.
Por que, então, decidem-se, preparam-se
e vão-se? Porque sonhar é preciso?
Não fossem eles os filhos do sol
nascente.
O recenseamento brasileiro de 1875
registrava um japonês na Amazônia.
Por um largo período de tempo, entre
1929 e os dias atuais, os imigrantes japoneses na Amazônia isolaram-se
culturalmente.
Só a partir de 1960 a prosperidade
permitiu o desenvolvimento de atividades culturais e, mais tarde, a relativa
integração sócio cultural na sociedade brasileira, a presença dos filhos na
universidade, o intercâmbio de valores espirituais e até a miscigenação.
Mas o que teriam em comum povos tão
diferentes, nascidos nos extremos do mundo, frutos de civilizações tão
radicalmente diferentes? Os japoneses, de cultura e tradição milenares,
desenvolvidas dentro de um isolamento sem precedentes, forjaram uma sociedade
peculiar dentro de uma concentração humana asfixiante. Tendo exaurido seus
recursos naturais, era imperativo que fizessem da natureza motivo de veneração
e respeito; um objeto de arte. Já os brasileiros, mistura liberal de raças de
três continentes, de larga influência cultural africana e indígena,
disseminaram-se em vastíssimo território, boa parte vivendo na imensidão de
floresta e água, onde construíram uma cultura em estreito contato com a
natureza.
É certo, nada tão diferente quanto o
bonsai e a castanheira, o delicado ikebana e os gigantescos troncos de cedro,
de mogno, de acapu. No entanto, índios e caboclos amazonenses ostentam traços
orientais em suas feições: diz-se que têm a mesma origem. Festas populares dos
dois povos guardam estranhas semelhanças; no período do Quarup, índios xavantes
ensaiam um sumô brasileiro no centro de suas tabas; cerâmicas primitivas, nos
dois países, parecem ter saído do mesmo toque, armas indígenas, artesanato e
até mesmo comidas típicas assemelham-se no seu aspecto. Afinal, o que se cria,
em qualquer parte, é feito por mãos humanas.
O mundo é grande e pequeno ao mesmo
tempo.
João Dangelo.
Extraído
do livro O Sol nascente na Amazônia.
Produzido
por: Alsiás, São Paulo, 1997.
Entendendo o texto:
01 – O que o autor quer
dizer na frase: “arrancando raízes do seu chão de origem para alçar-se em voo
temerário e fincar os pés em solo estranho e ignaro?”
No
texto refere-se, ao sonho dos japoneses, em sair do país de origem e tentar uma
nova vida no Brasil.
02 – O que faz eles
abandonarem a ilha estreita para perder-se na largueza e vastidão do verde?
O Sonho, de ter
uma vida melhor, e poder aplicar todo seu conhecimento, uma vez que aqui possui
muita terra a disposição.
03 – Quais os problemas
encontrados pelos imigrantes?
As doenças, o cansaço, a dificuldade no
trabalho, a saudade dos familiares e da terra natal; mas, nada atrapalha O
Sonho deles.
04 – Por que, então,
decidem-se, preparam-se e vão?
Porque sonhar é preciso. É o que move o
ser humano.
05 – A partir d que ano
permitiu o desenvolvimento de atividades culturais e a integração sócio
cultural?
A partir de 1960,
a presença dos filhos nas Universidades, o intercâmbio de valores espirituais e
até a miscigenação.
06 – O que teriam em comum
povos tão diferentes, nascidos nos extremos do mundo?
Os japoneses, de cultura e tradição
milenares, desenvolvidas dentro de um isolamento sem precedentes, forjaram uma
sociedade peculiar dentro de uma concentração humana asfixiante. Tendo exaurido
seus recursos naturais, era imperativo que fizessem da natureza motivo de
veneração e respeito; um objeto de arte. Já os brasileiros, mistura liberal de
raças de três continentes, de larga influência cultural africana e indígena,
disseminaram-se em vastíssimo território, boa parte vivendo na imensidão de
floresta e água, onde construíram uma cultura em estreito contato com a
natureza.
07 – Quais os povos
brasileiros, que apresentam traços orientais em suas feições?
São os Índios e os caboclos.
08 – No texto há comparações
entre as árvores brasileiras e as japonesas, quais são?
·
Bonsai – Castanheira.
·
Ikebana – Cedro, Mogno e acapu.
09 – Por que o autor diz que
o mundo é grande e pequeno ao mesmo tempo?
Porque embora as distâncias sejam
enormes, mas os costumes e as culturas são semelhantes. Como se fosse herança
de um povo para outro.
10 – Qual o título do texto?
E qual é o subtítulo?
Japoneses na
Amazônia. E o subtítulo é A saga nipônica na imensidão verde, em prosa poética.
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