TEXTO: TRABALHO
INFANTIL NAS CIDADES É MAIS PREJUDICIAL DO QUE NO CAMPO
Estudo
mostra que crianças empregadas como domésticas ou vendedoras nas ruas têm mais
problemas de saúde
O trabalho infantil nas zonas urbanas pode causar mais
impactos à saúde do que o trabalho infantil rural. A constatação é do
pesquisador da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queirós (Esalq-USP),
Alexandre Nicolella, que analisou os dados da Pesquisa Nacional por Amostra
Domiciliar (PNAD), de 1998 e 2003, do IBGE. Fraturas, problemas respiratórios,
queimaduras, cortes e dores musculares são algumas das consequências
relatadas.
Nicolella não imaginava chegar a essa conclusão.
"É surpreendente, pois esperava encontrar os maiores impactos no trabalho
rural", diz. O pesquisador analisou os dados de 144 mil pessoas de 5 a 20
anos e a evolução deles em cinco anos (período que separa os dois levantamentos
do IBGE), para concluir que o trabalho realizado na zona urbana oferece maiores
riscos à saúde das crianças.
O setor de comércio e serviços é o maior empregador de
menores nas cidades. Eles aparecem como vendedores ambulantes e também como
empregados domésticos. De acordo com a PNAD de 2004, o Brasil tem 1.113.756
meninas entre 5 e 17 anos, trabalhando como empregadas domésticas. Muitas sem
salário, longe da família e da escola.
PROBLEMA
INVISÍVEL
Nessa conta, entra Regina Maria Semião. Aos 8 anos,
ela se separou da família no interior de Minas Gerais para trabalhar como
doméstica em Campinas. Até os 16 anos fez todos os trabalhos da casa, sem
salário, aguentando humilhações e preconceito racial da família que a
"adotou". "Minha mágoa é ter deixado minha família e ter perdido
minha infância", lamenta.
Enquanto o Ministério do Trabalho tornou a fiscalização constante
nas áreas rurais, a exploração da mão de obra infantil nas cidades em serviços
domésticos é mais difícil de coibir por não ser tão visível.
[...]
NO CAMPO,
MAL MENOR
Chama a atenção na pesquisa a ausência de resultados
piores no meio rural. Nicolella explica que isso se deve ao fato de a maioria
das crianças empregadas em atividades agrícolas trabalhar ao lado dos pais,
como nas pequenas propriedades de agricultura familiar no Rio Grande do Sul.
"Isso não quer dizer que trabalhos de extremo risco, como no
corte de cana-de-açúcar e no sisal, não influenciam a saúde", diz.
"Esse tipo de trabalho não é bom nem para o adulto, imagine para uma
criança."
Mas como essas atividades são cada vez mais combatidas e o
número de crianças nessas condições é pequeno em relação ao total, seu impacto
extremamente negativo se dilui na média dos resultados.
Para o procurador do Ministério Público do Trabalho de Campinas,
Ricardo Garcia, ainda assim, a situação do trabalho infantil no campo não deve
ser subestimada. Ele admite que, desde o final da década de 1990 os números
melhoraram bastante, principalmente nas grandes lavouras, mas relata que ainda
existe abuso e perigo para os menores em regiões do Estado de São Paulo.
"Quanto menor a cultura, mais desorganizada e mais distante dos centros
urbanos, maior o número de crianças trabalhando", avalia.
O procurador cita o trabalho nas culturas de algodão e laranja como
exemplos de atividade econômica onde a presença de crianças trabalhando nas
lavouras é frequente. "Esse tipo de trabalho expõe as crianças ao sol, à
chuva e a agentes químicos que podem trazer danos à saúde", diz.
(O
Estado de S. Paulo, 10/06/2006).
A partir
da leitura do Texto, faça as questões propostas.
01 – Sobre o
texto lido é incorreto afirmar que:
A – O
trabalho infantil, nas cidades, tem sido mais numeroso que no campo.
B – Nas
zonas urbanas, o trabalho infantil oferece menos danos físicos às crianças do
que trabalho na zona rural.
C – O
pesquisador Alexandre Nicolella, imaginava que houvesse mais crianças
trabalhadoras nas áreas rurais que nas áreas urbanas.
D – No
Rio Grande do Sul, existem crianças que trabalham com os pais em atividades
agrícolas.
E – Há
mais fiscalização para inibir o trabalho infantil nas áreas rurais que nas
urbanas.
02 – “...é mais
difícil de coibir por não ser tão visível.”
Pelo
contexto em que foi empregada, a palavra coibir tem o significado de:
A – reprimir.
B – permitir.
C – existir.
D – divulgar.
E –
difundir.
03 – “O setor de
comércio e serviços é o maior empregador de menores nas
cidades.”
O
adjetivo destacado encontra-se flexionado no grau:
A – comparativo
de superioridade.
B – superlativo
relativo de inferioridade.
C – superlativo
relativo de superioridade.
D – superlativo
absoluto analítico.
E – comparativo
de igualdade.
04 – Identifique
a opção onde há erro quanto à regência verbal:
A – Os
fiscais foram à propriedade rural verificar se havia crianças trabalhando.
B – Regina
Maria ajudava os patrões nas tarefas domésticas.
C – As
crianças preferem brincar a trabalhar.
D – Os
pequenos trabalhadores aspiravam ao ar poluído das grandes cidades.
E – Na
casa dos patrões, a menina não podia assistir à televisão.
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