quarta-feira, 25 de abril de 2018

SONETO: IMPRECAÇÕES CONTRA UMA INGRATA - BOCAGE - COM GABARITO


Soneto: Imprecações contra uma ingrata
          

                                    (Improviso) Bocage

Vai-te, fera cruel, vai-te, inimiga,
horror do mundo, escândalo da gente,
que um férreo peito, uma alma que não mente,
não merece a paixão, que afadiga:
O céu te falte, a terra te persiga,
negras fúrias o Inferno te apresente,
e da baça tristeza o voraz dente
morda o vil coração, que Amor não liga:
Disfarçados, mortíferos venenos
entre licor suave em áurea taça
mão vingativa te prepare ao menos:
E seja, seja tal tua desgraça,
que ainda por mais leves, mais pequenos
os meus tormentos invejar te faça.

                                   BOCAGE, Manuel Maria B. du. Sonetos completos de Bocage.
                                                                                                 São Paulo: Núcleo, 1995.

 Entendendo o poema:
01 – O sentimento ou estado de alma que teria motivado a criação desse soneto poderia ser:

    a) O ódio invejoso contra uma mulher.
    b) A indignação contra as autoridades do país.
    c) O amor desmedido por uma mulher.
    d) O orgulho ferido.
    e) A raiva da própria mãe.

02 – Que versos podem justificar essa hipótese?
       “Não merece a paixão, que me afadiga”,
       “Morda o vil coração, que Amor não liga”.

03 – O que a pessoa a quem o poema se dirige fez para o eu lírico?
       Não correspondeu a seu amor e despertou nele um estado insuportável de paixão.

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