Poesia: RETRATO
Cecília Meireles
Eu não
tinha este rosto de hoje,
Assim
calmo, assim triste, assim magro.
Nem
estes olhos tão vazios,
Nem o
lábio tão amargo.
Eu não
tinha estas mãos sem força,
Tão
paradas e frias e mortas,
Eu não
tinha este coração
Que nem
se mostra.
Eu não
dei por esta mudança,
Tão
simples, tão certa e fácil:
- Em que
espelho ficou perdida
A minha
face?
Cecilia Meireles.
Assinale a alternativa incorreta
de acordo com o texto e com a leitura da obra “Viagem”.
a) A expressão “mãos sem
força”, que aparece no primeiro verso da segunda estrofe, indica um lado
fragilizado e impotente do “eu” poético diante de sua postura existencial.
b) As palavras mais
sugerem do que escrevem, resultando, daí, a força das impressões sensoriais.
Imagens visuais e auditivas, em outros poemas, sucedem-se a todo momento.
c) O tema revela uma
busca da percepção de si mesmo. Antes de um simples retrato, o que se mostra é
um autorretrato, por meio do qual o “eu” poético olha-se no presente,
comparando-se com aquilo que foi no passado.
d) Não há no poema o
registro de estados de ânimo vagos e quase incorpóreos, nem a noção de perda
amorosa, abandono e solidão.
(UFU) –
Com relação às personagens de “São Bernardo”, de Graciliano Ramos, assinale a
alternativa incorreta.
a) Paulo Honório é
egoísta, ciumento, invejoso, cínico e vil por natureza. Contudo, no decorrer da
narrativa, ao relembrar a sua trajetória de vida, assume uma postura crítica.
b) A presença constante
do padre Silvestre na fazenda mostra que Paulo Honório conhecia e valorizava o
poder da igreja no esquema sociopolítico da República Velha.
c) Madalena é vista na
narrativa como vítima, tanto do meio quanto no indivíduo. Aspira à liberdade e,
por isso, luta para não se curvar à servidão. Não conseguindo, suicida-se.
d) Margarida criou Paulo
Honório como se fosse sua mãe. A presença dela na fazenda justifica-se, apenas,
pelo amor e consideração de Paulo Honório.
(UFU) –
Assinale a alternativa que NÃO se refere à obra “São Bernardo”, de Graciliano
Ramos.
a) Na personalidade de
Paulo Honório percebe-se uma fatalidade que o coloca no limiar do infortúnio:
após o suicídio de Madalena e o abandono por parte daqueles que o cercavam,
reconhece sua brutalidade e egoísmo, porém é incapaz de lutar contra esses
sentimentos.
b) A fazenda título São
Bernardo é um empreendimento que a tecnológicas, transforma em um típico
exemplo da penetração de elementos capitalista modernos no campo brasileiro.
c) Paulo Honório,
narrador de São Bernardo, adquire uma consciência de sua problemática,
suficiente para promover uma mudança radical em sua personalidade. Despe-se de
sua máscara, tornando-se uma personagem sentimental e flexível.
d) A narrativa apresenta
em primeira pessoa e não perde a objetividade, apesar de tratar da vida do
próprio narrador: o fato de a narração ocorrer após o desenrolar dos
acontecimentos garante ao narrador a consciência necessária à objetividade
radical do homem.
(UFU)
– VIAGEM
“Toda viagem destina-se a ultrapassar fronteiras, tanto dissolvendo-as como
recriando-as. Ao mesmo tempo que demarca diferenças singularidades ou
alteridades, demarca semelhanças, continuidades, ressonâncias. Tanto
singulariza como universaliza. Projeta no espaço tempo um eu nômade,
reconhecendo as diversidades e tecendo as continuidades”.
Otávio
Lanni, “A Metáfora da Viagem”.
Considerando
o fragmento acima e a leitura da obra “Viagem”, de Cecilia Meireles, responda.
a) O que significa
“Viagem” para o universo poético de Cecilia Meireles.
A viagem seria a própria vida.
b) Justifique sua
resposta, fundamentando-a com elementos presentes nos poemas da autora.
A vida seria um tipo de viagem porque
nela nada é permanente. Na obra da autora, sempre aparecem elementos da
natureza, que simbolizam a efemeridade essencial da existência, como a flor, a
nuvem, a onda.
(FGV) –
Leia atentamente os dois fragmentos a seguir extraídos de “Vidas Secas de
Graciliano Ramos”, e desenvolva a questão que se segue.
TEXTO 1:
“Alcançou o pátio, enxergou a casa baixa e escura, de telhas pretas, deixou
atrás os juazeiros, as pedras onde jogavam cobras mortas, o carro de bois. As
alpercatas dos pequenos batiam no chão branco e liso. A cachorra Baleia trotava
arquejando, a boca aberta.”
“Fabiano” em:
Ramos, G. “Vidas Secas”. Rio de Janeiro:
José Olympio, 1947.
TEXTO 2:
“Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás. E lamberia as
mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças se espojariam com ela, rolariam
com ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria cheio de preás,
gordos, enormes”.
“Baleia” em: Ramos, G. “Vidas Secas”. Rio de Janeiro:
José
Olympio, 1947.
A
expressividade do discurso de “Vidas Secas” ocorre por meio da forma singular
com que são trabalhados todos os níveis gramaticais, mas encontra nos nomes
(substantivos e adjetivos) e nos tempos verbais, lugar especial na construção
dos sentidos. Analise essa afirmação relacionando comparativamente os dois fragmentos
selecionados.
O texto 1 é narrativo descritivo. Faz uso
de verbos no pretérito perfeito, indicando ações pontuais, e, no pretérito
imperfeito, indicando ações habituais. Os substantivos são concretos.
O texto 2, a cachorra Baleia deixa de ser
elemento do conjunto e passa a ser tratada como uma pessoa que tem sonhos e
desejos. O texto cria uma atmosfera de quimera, quase surrealista, para isso,
usa o futuro do pretérito.
(FUVEST)
– Leia o seguinte texto:
VERÃO
EXCESSIVO
Eu sei
que uma andorinha não faz verão, filosofou a andorinha-de-barriga-branca. Está
certo, mas agora nós somos tantas, no beiral, que faz um calor terrível, e eu
não aguento mais!
Carlos Drummond de
Andrade – “Contos Plausíveis”.
a) Com base na queixa da
andorinha-de-barriga-branca, reformule o provérbio “Uma andorinha não faz
verão”.
Uma andorinha não faz verão, mas muitas
juntas produzem um calor insuportável.
b) Está adequado o
emprego do verbo “filosofou”, tendo em vista que ele se refere ao provérbio
citado no texto? Justifique sucintamente sua resposta.
O emprego do verbo “filosofar” se
justifica por ter ele sido usado de modo informal dando o sentido de “meditar”,
“chegar a uma conclusão”. O provérbio que foi citado exprime o conteúdo da
reflexão da andorinha.
(FUVEST)
– Graciliano Ramos, em seu livro “Infância”, reflete sobre uma de suas
marcantes impressões de menino. Bem e mal ainda não existiam, faltava razão
para que nos afligissem com pancadas e gritos. Contudo as pancadas e os gritos
figuravam na ordem dos acontecimentos, partiam sempre de seres determinados,
como a chuva e o sol vinham do céu. E o céu era terrível, e os donos da casa
eram fortes. Ora, sucedia que a minha mãe abrandava de repente e meu pai,
silencioso, explosivo, resolvia contar-me histórias. Admirava-me, aceitava a
lei nova, ingênuo, admitia que a natureza se houvesse modificado. Fechava-se o
doce parêntese e isso me desorientava.
a) Ao se referir as violências sofridas quando menino, o autor
compara-as a elementos da natureza (chuva, sol, céu). O que mostra ele, ao
estabelecer tal comparação?
A comparação a visão infantil de que “bem
e mal ainda não existiam” e, por isso, “as pancadas e os gritos” pareciam tão
imotivados e incompreensíveis quanto fenômenos naturais como a chuva.
b) Esclareça o preciso
significado, no contexto, da expressão “fechava-se o doce parêntese”.
A expressão refere-se a mudança de
atitudes dos pais, que em alguns momentos eram duros, gritavam e batiam, e, de
repente, mudavam, tornando-se doces e afáveis.
(ITA) – O
poema a seguir, de autoria de Cecilia Meireles, faz parte do livro “Viagem”, de
1939.
Epigrama
11
A
ventania misteriosa
Passou na
árvore cor-de-rosa,
E
sacudiu-a como um véu,
Um largo
véu, na sua mão.
Foram-se
os pássaros para o céu.
Mas as
flores ficaram no chão.
Meireles, Cecilia. “Viagem/Vaga Música”. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1982.
Esse
poema:
I –
Mostra uma certa herança romântica, tanto pelo teor sentimental do texto como
pela referência à natureza.
II –
Mostra uma certa herança simbolista, pois não é um poema centrado no “eu”, nem
apresenta excesso emocional.
III –
Expõe de forma metafórica uma reflexão sobre algumas experiências difíceis da
vida humana.
IV – É um
poema bastante melancólico por registrar de forma triste o sofrimento
decorrente da perda de um ente querido.
Estão
corretas as afirmações:
a) I e III.
b) I, III e IV.
c) II e III.
d) II, III e IV.
e) II e IV
a) Indique duas características do
poema relacionadas ao gênero épico.
Algumas das características seriam:
--- Tema tratado com dignidade, sem
irreverência;
--- Vocabulário identificado com o uso da
língua em situações de formalidade;
--- Abordagem de fatos históricos,
encarados sob a perspectiva da coletividade.
b) Aponte um aspecto em comum entre a
perspectiva da autora sobre o país, revelada nesse texto, e a que predominou na
obra de romancistas da geração de 30.
A poetisa aborda criticamente os
problemas do Brasil, enfocando as origens da desigualdade social – tema
frequente no romance regionalista a partir dos anos 30.
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