Reportagem: A composição está em crise? – Fragmento
Artistas
discutem sinais de esgotamento criativo na música popular brasileira e
especulam caminhos para sua renovação
Clarissa
Macau – 01 de Junho de 2014
[...]
O axé, o funk, o tecnobrega e o pagode
são mais rítmicos, oriundos das periferias das cidades brasileiras. Sobre eles,
o cantor Tom Zé observou, no documentário Palavra encantada: “Antigamente,
a canção era consumida pelo auditivo e cognitivo, hoje é consumida por partes
do corpo. Como aparece uma canção que não toca na alma, mas na carne?”.

O pianista Taubkin se preocupa com a
“invasão” dessas músicas como carro-chefe do gosto popular. “As pessoas estão
perdendo o ouvido, quase não reconhecem quando alguém está desafinado. Tem
baterista que toca sem ritmo, guitarrista com acorde errado e vocalista
desafinado, e a máquina de gravação conserta tudo!
Se não fosse importante consertar esses
detalhes, não precisava acertar o ritmo, nem acertar a afinação. Estão
aniquilando a ideia de criação e radicalizando o conceito de produto. Um
tecnobrega está há milhões de quilômetros longe da qualidade de um samba de
Cartola.”
Mas, seja qual for a origem de uma
canção, sempre há a chance do nascimento de uma obra de arte. É o que defende
Luiz Tatit. “De repente, ainda é possível o surgimento de uma canção admirável
no campo da produção em série, ao povão. Caso de músicas como Dia de
domingo, de Michael Sullivan e Paulo Massadas, interpretada por Tim Maia e Gal
Costa, e “É o amor”, dos sertanejos Zezé de Camargo e Luciano. Lembremos:
quase todo o repertório de Lupicínio Rodrigues, compositor de uma música
chamada “de piranha”, considerado cafona nos anos 1950, hoje é cult.
[...]
MACAU, Clarissa. A
composição está em crise? Revista Continente Online, 6 jun. 2014. Disponível
em: http://www.revistacontinente.com.br/index.php/component/content/article/479-sonoras/8931-a-composicao-esta-em-crise.html.
Acesso em: 3 mar. 2015.
Fonte: Língua
Portuguesa: Singular & Plural. Laura de Figueiredo; Marisa Balthasar e
Shirley Goulart – 7º ano – Moderna. 2ª edição, São Paulo, 2015. p. 75-76.
Entendendo a reportagem:
01 – Qual a principal questão
abordada na reportagem em relação à música popular brasileira?
A reportagem discute os sinais de
esgotamento criativo na música popular brasileira e especula sobre os caminhos
para sua renovação.
02 – Qual a observação de Tom
Zé sobre gêneros como axé, funk, tecnobrega e pagode, e o que isso implica
sobre a forma de consumo da música?
Tom Zé observa
que "Antigamente, a canção era consumida pelo auditivo e cognitivo, hoje é
consumida por partes do corpo." Isso implica que esses gêneros "não
tocam na alma, mas na carne", focando mais no ritmo e na fisicalidade.
03 – Qual a preocupação do
pianista Taubkin em relação à "invasão" de certas músicas no gosto
popular?
A preocupação de
Taubkin é que as pessoas estão "perdendo o ouvido", quase não
reconhecem desafinação, e que a tecnologia de gravação corrige erros de ritmo,
acorde e afinação. Ele argumenta que isso está aniquilando a ideia de criação e
radicalizando o conceito de produto, em detrimento da qualidade.
04 – Apesar das críticas, o
que Luiz Tatit defende sobre a possibilidade de surgimento de obras de arte na
produção musical popular?
Luiz Tatit
defende que, seja qual for a origem da canção, sempre há a chance do nascimento
de uma obra de arte. Ele acredita que ainda é possível o surgimento de uma
canção admirável mesmo na produção em série para o "povão".
05 – Quais exemplos de músicas
ou artistas Luiz Tatit cita para ilustrar sua defesa de que a qualidade pode
surgir na música popular massificada?
Luiz Tatit cita
"Dia de domingo", de Michael Sullivan e Paulo Massadas, interpretada
por Tim Maia e Gal Costa, e "É o amor", dos sertanejos Zezé de
Camargo e Luciano. Ele também menciona Lupicínio Rodrigues, que teve sua obra
considerada "cafona" no passado e hoje é "cult".
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