Notícia: Calendários maias
Mais do que um simples método de
quantificar o tempo, os Maias tinham um sistema de calendário circular, cujo
ciclo complexo era de 52 anos solares.
Graças à exatidão dele, eles eram
capazes de organizar suas atividades cotidianas e registrar simultaneamente a
passagem do tempo, incluindo os acontecimentos políticos e religiosos que
consideravam cruciais.

Em si, esse calendário sincronizava
dois calendários circulares. O referente ao ciclo equivalente a um ano solar
era chamado de Haab. Com 365 dias e 1/5, ele tinha 18 meses de 20 dias, mais
cinco dias sem nome, que eram considerados nefastos para a realização de
qualquer empreendimento. Tido como o calendário das coisas e plantas, seu uso
era aplicado às atividades agrícolas, notadamente na prescrição das datas de
plantio, colheita, tratos culturais e previsão dos fenômenos meteorológicos. Já
o calendário Tzolk’in tinha treze meses de vinte dias, cujo ciclo completo
totalizaria 260 dias, e era usado para fins religiosos, entre os quais a
escolha de datas propícias para cerimônias religiosas, atos civis e
adivinhação. Quando sobrepostos, os dois calendários formavam a chamada roda ou
calendário circular. Juntos, os anos de Haab e de Tzolk’in indicam ciclos –
como as nossas décadas ou séculos – que tanto podem ser contados de 20 em 20
anos, quanto integrados por 52 anos.
Para situar os acontecimentos em ordem
cronológica, os Maias usavam o método da “conta longa”, a partir do ano zero,
correspondente a 3113 a.C. A inscrição da data registrada o número de ciclos a
partir do kin (dia), uinal (mês), tun (ano), katun (20 anos), baktun (400 anos)
e alautun (64 milhões de anos), decorridos até a data considerada. Mas eles
ainda acrescentavam informações sobre a fase da Lua e aplicavam uma fórmula de
correção ao calendário que harmonizava a data convencional com a verdadeira
posição do dia no ano solar.
Entretanto, com a repetição dominava a
linearidade, acontecimentos diferentes em datas anteriores de cada período de
20 ou 52 anos dificilmente são distinguidos com precisão, porque cada sequência
sempre é exatamente igual à outra, passada ou futura, conforme ressalta o
manuscrito Chilam Balam: “Treze vezes 20 anos e, depois, sempre voltará a
começar”.
De acordo com estudos realizados por
especialistas, a grande importância dada a esse tipo de medição provém da
concepção de que tempo e espaço tratam de uma só coisa, que flui circularmente
em ciclos repetitivos. Tal conceito, chamado Najt, explica por que os Maias
acreditavam que, conhecendo o passado e transportando as ocorrências para
idêntico dia do ciclo futuro, os acontecimentos basicamente se repetiriam. Isso
fazia com que eles também se sentissem capazes de prever o futuro e exercer
poder sobre ele.
Atualmente, pesquisadores também
defendem que a observação da repetição cíclica das estações do ano e dos
eventos climáticos, aliados aos ciclos vegetativos e reprodutivos das plantas e
dos animais e sincronizados à repetição do curso dos astros, inspiraram a
criação dos dois calendários, que se desenvolveram graças à necessidade de
sistematizar os principais eventos. Considerando ainda que a matemática tinha
base 20, o mês de 20 dias seria algo bem natural para a cultura Maia, tanto
que, a cada katun (período de 20 anos), eles erigiam uma estela, monumento
lítico decorado, no qual registravam as datas e principais eventos, que
poderiam ser interpretados no futuro.
Mas, como ainda há quem defenda que os
Maias definiam o tempo como uma energia real ou força que existe em todo o
universo, cuja frequência seria de 13:20, o calendário Tzolk’in provavelmente
identificava o aspecto energético e espiritual do tempo de cada dia. Ponderando
que o número 13 se referia às 13 lunações anuais (13X28 = 364), no qual o mês
lunar tem 28 dias, que, multiplicado por 20 (base) resulta em 260 dias,
teríamos um período próximo ao ciclo ovariano da reprodução humana, evento esse
que indica um dos aspectos energéticos do homem.
De um modo ou outro, essa repetição
cíclica cria problemas para transpor as datas referentes à civilização Maia
para nosso calendário, já que fica muito difícil identificar fatos parecidos em
sequências diferentes. Entre eles, podemos citar a invasão Tolteca do século 10
que se confunde, nas crônicas Maias, com a invasão espanhola que ocorreu 500
anos depois. Esse fato explica por que os historiadores contemporâneos recorrem
às profecias, tidas como uma forma de memória, para conhecer episódios do passado
da sociedade Maia. Portanto, de acordo com o calendário Maia, o final do ciclo
atual se dará em 22 de dezembro de 2012, época em que deve ocorrer o início de
uma nova era.
Morgana Gomes. Os
incríveis Maias. Revista Leituras da História. Disponível em: http://leiturasdahistoria.uol.com.br/ESLH/Edicoes/46/artigo242659-2.asp.
Acesso em: 24 mar. 2015.
Fonte: Universos –
Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 9º ano – Camila Sequetto
Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª
edição, 2015. p. 159-161.
Entendendo a notícia:
01 – O texto menciona dois
calendários circulares principais dos maias. Quais são eles e para que cada um
era usado?
Os dois
calendários são o Haab e o Tzolk'in. O Haab, com 365 dias, era usado para
atividades agrícolas e a previsão de fenômenos meteorológicos. O Tzolk'in, com
260 dias, era utilizado para fins religiosos, cerimônias civis e adivinhação.
02 – O que era a "Roda do
Calendário" maia e qual era a duração de seu ciclo completo?
A Roda do
Calendário era a sobreposição dos calendários Haab e Tzolk'in, formando um
ciclo complexo. O ciclo completo dessa roda tinha a duração de 52 anos solares.
03 – Para que os maias
utilizavam o método da "conta longa" e qual era o ano zero desse
sistema?
O método da
"conta longa" era usado para situar acontecimentos em ordem
cronológica. O ano zero desse sistema correspondia a 3113 a.C.
04 – O que significa o
conceito maia de Najt, e como essa visão de tempo influenciava a civilização?
Najt é a
concepção de que tempo e espaço são uma só coisa que flui em ciclos
repetitivos. Essa crença fazia com que os maias acreditassem que, conhecendo o
passado, poderiam prever a repetição dos acontecimentos no futuro.
05 – Por que os historiadores
modernos têm dificuldades para transpor as datas maias para o nosso calendário?
A repetição
cíclica do calendário maia torna difícil distinguir com precisão acontecimentos
em datas passadas ou futuras de um mesmo período. O texto cita o exemplo de
como a invasão tolteca do século 10 se confunde com a invasão espanhola, que
ocorreu 500 anos depois.
06 – Qual a importância do
número 20 na cultura maia, de acordo com o texto?
A importância do
número 20 está relacionada à base de sua matemática. Essa base explica o mês de
20 dias e também o fato de que a cada katun (período de 20 anos), eles erigiam
uma estela para registrar eventos e datas importantes.
07 – Segundo o texto, quando
estava previsto o fim do ciclo maia atual e o que se esperava que acontecesse
nessa data?
O fim do ciclo
maia atual estava previsto para o dia 22 de dezembro de 2012. Nessa data, era
esperado que ocorresse o início de uma nova era.
Nenhum comentário:
Postar um comentário