domingo, 10 de agosto de 2025

TEXTO: ORIGENS DO TEATRO - TEATRO GREGO - ARTE EM INTERAÇÃO - COM GABARITO

 Texto: Origens do teatro

        Teatro grego

        Há várias imagens, que nos mostra a representação de um ritual sagrado praticado na Grécia antiga, em homenagem ao deus Dionísio, deus do vinho e da fertilidade. Esses rituais eram chamados de ditirambo. Os primeiros registros dessas manifestações datam aproximadamente do século VII a.C.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjiiSuL2CkTzH8LbcMByFO1CkdgGmmaFn7-iTyXObiSX8ZOtXUiHgU1lteVZhn0xcF8YHiLpU2JYANrONyzWubZdihJa7dTecVEuHWG4IUa77iaqBogdv9r-h4Czg3QS_SSfcTQ0asY6b6X6YLQgI3C2qlqLUsE34SvR471viEUMah0MU5eX0kbI9MRJX4/s320/unnamed.png


        Anteriormente aos ditirambos, acredita-se que os rituais representavam cultos agrários, de morte e ressureição. Neles, animais eram sacrificados em homenagem aos deuses e a pele era usada como uma espécie de vestimenta em danças nas quais imitavam o animal, com dizeres os deuses. Daí teriam surgido as primeiras formas de representação dramática.

        Mas é difícil definir com exatidão a origem geográfica do teatro, visto que manifestações culturais acontecem paralelamente e de formas similares em todo o mundo.

        Porém, o teatro ocidental, sistematizado como conhecemos hoje, teria surgido, segundo estudiosos das artes cênicas, a partir do ritual do ditirambo.

        Téspis foi considerado o primeiro ator de que se tem conhecimento. Ele viajava de cidade em cidade, organizando celebrações do ditirambo, que foram aos poucos transformadas em dramatizações com textos, acompanhados por música.

        Com o tempo, as celebrações foram se organizando ainda mais em sua forma, com a criação de diálogos, a separação de funções, criação de situações para representar histórias em devoção primeiro a Dionísio e depois a outros deuses, até se chegar a uma estrutura conhecimento e aos primeiros teatros, pela necessidade de uma estrutura física onde representar as peças.

        Durante a Antiguidade Clássica grega, período que vai do século VIII ao II a.C., a Grécia experimentou o auge das produções teatrais dessa época, no século V a.C. Existiam atores, autores e festivais organizados e patrocinados pelo Estado, nos quais a participação da população, muitas vezes, era obrigatória.

         Para se entender a função original do teatro na Grécia, é preciso considerar dois pontos importantes: a sociedade grega vivia sob os conceitos de mitos para entender a vida; e nessa época existia uma mentalidade civilizatória fundamentada na crença de que costumes, filosofia, arte, normas sociais e a política eram pressupostas de uma sociedade ideal. E o teatro foi parte fundamental desse processo.

        O que você entende por mitologia?

        A palavra “mito” vem da palavra grega mithos, que significa “fábula”, acontecimentos imaginados. A palavra mitologia é a junção de mito e do termo grego logos, que significa “estudo”. Assim, mitologia é o estudo dos mitos.

        Você viu, anteriormente, que o mito representa uma forma de explicar o mundo, em que o sagrado interfere diretamente nas relações de causa e efeito, nas relações entre os seres humanos e destes com a natureza.

        As histórias míticas aprecem em muitas sociedades, em muitos momentos da história. Cada qual com seus deuses representantes.

        Na mitologia grega, o Olimpo, nome dado ao monte mais alto da Grécia, era habitado e regido por deuses. Cada um deles representava um aspecto da natureza e tinha uma função específica.

        Na mitologia romana, aparecem os mesmos deuses, com outros nomes correspondentes. Alguns deles até ficaram mais conhecidos pelos nomes romanos.

        Leia, a seguir, uma breve descrição desses e de mais alguns dos principais deuses. Observe que cada um deles tem uma relação com algum aspecto da natureza, das ciências, da arte ou de características do ser humano.

        Zeus – deus dos deuses. Na mitologia romana é chamado de Júpiter.

        Hera – protetora da família. Mulher e irmã de Zeus. Chamada de Juno na mitologia romana.

        Palas Atena – deus da prudência, das ciências e das artes. Filha de Zeus. Chamada também de Minerva.

        Pã – deus dos caçadores. Filho de Zeus.

        Possêidon – ou Netuno. Deus do mar, irmão de Zeus.

        Héstia – ou Vesta. Deusa do fogo.

        Febo – ou Apolo. Deus da música, da poesia, da medicina e dos oráculos.

        Ártemis – ou Diana. Deusa das florestas, irmã de Febo.

        Deméter – ou Ceres. Deusa da agricultura.

        Hefesto – ou Vulcano. Deus do fogo.

        Hermes – ou Mercúrio. Mensageiro dos deuses.

        Ares – ou Marte. Deus da guerra.

        Afrodite – ou Vênus. Deusa da beleza, do amor, dos casamentos e nascimentos.

        Eros – ou Cupido. Deus do amor, filho de Afrodite.

        Hades – ou Plutão. Deus dos infernos.

        Erineas – ou Fúrias. Tem a função de executar as sentenças do interno

        Dionísio – ou Baco. Deus da fertilidade, da sensualidade, do vinho. É patrono do teatro.

        Príapo – ou Phallos. Deus da fecundidade, filho de Dionísio.

        Era por meio da crença nessas divindades que os gregos procuravam explicar tudo que os cercava.

        Na Grécia antiga, os mitos eram a base fundamental de toda a formação da sociedade. Todos os cidadãos, desde cedo, aprendem sobre os deuses, suas relações com os “mortais” e todas as decorrências de se enfrentar ou desobedecer as regras divinas. Não eram simplesmente histórias, faziam parte da cultura como uma crença real, ditada por normas e regras que deveriam ser seguidas.

        Dada toda essa importância para a sociedade grega, a transmissão desse conhecimento era feita de forma muito cuidadosa. Por exemplo, os primeiros narradores dos mitos eram considerados homens escolhidos pelos deuses. Tinham de ser de alta confiabilidade e seriam pessoas que teriam testemunho o próprio mito. Esses narradores eram os chamados rapsodos. Os rapsodos iam de cidade em cidade narrando os mitos em forma de poesia ou música.

        Desta forma, as artes foram se tornando importantes meios de transmissão dos mitos. E aos poucos o teatro aparece como uma das principais, por ter adquirido a complexidade necessária para mostrar todos os aspectos da história: personagens, situações, lugares, relações de causa e efeito, entre outros. O teatro era a possibilidade de fazer o público vivenciar a história e, assim, apreendê-la de forma mais completa.

        Tragédia

        Da Grécia antiga, a forma de teatro que mais teve registros e textos preservados foi a tragédia.

        Certamente, você já ouviu esse termo e é provável que também o use. Até os dias atuais, a palavra tragédia é muito usada, principalmente pelos meios de comunicação, quando se quer noticiar algum acontecimento catastrófico, de grandes proporções ou associado à morte.

        O significado do termo obviamente foi modificado desde a época da Grécia antiga, mas ainda mantém relações de sentido.

        A palavra “tragédia” vem do grego tragoedia. Tragos significa “bode”, e oidé, “ode”, “canto”. Assim, a tragédia pode ser entendida como “canto do bode”. Existem algumas versões que tentam explicar a relação do bode com a tragédia. Uma delas diz que, em alguns rituais, bodes eram sacrificados em homenagem aos deuses, e sua pele usada como vestimenta; em outras, que os cantos serviam para espantar (ou atrair) espíritos silvestres em forma de homens misturados com bodes e que costumavam participar dos ditirambos. Por isso, acredita-se que a tragédia como gênero teatral também tenha vindo desse culto.

        Nas peças trágicas gregas, o objetivo maior era mostrar como os humanos estavam condicionados à vontade dos deuses e como qualquer deslize, por menos intencional que fosse, levaria o personagem à desgraça inevitável. As tragédias falam de situações sem saída, ligadas à posição do ser humano no Universo.

        Essas peças serviam para ensinar a moral e dar ao cidadão um sentido de identidade, mostrando uma situação em que ele poderia se enxergar para seguir ou não o exemplo de algo que estava sendo mostrado. O ator era considerado uma espécie de sacerdote.

        A tragédia, nessa época, pode ser considerada muito mais do que uma manifestação teatral: representava uma situação social, patrocinada diretamente pelo Estado e por outros cidadãos de poder. Patrocinar o teatro era considerado um dever cívico.

        As Dionisíacas, festival em homenagem aos deuses, organizado pelo Estado, duravam seis dias, e a participação do povo era obrigatória. Nelas, a principal atração eram as apresentações de teatro.

        A produção era bastante intensa. Os principais tragediógrafos gregos de que se tem registro são: Ésquilo, Sófocles e Eurípedes. Este último, por exemplo, produziu, em 50 anos, 92 peças, sendo que 19 chegaram completas aos dias de hoje.

        Nas apresentações das tragédias, os atores usavam roupas e adereços grandes, como os onkus, uma espécie de adereço utilizado na cabeça para dar maior altura ao personagem; o coturnos, que são os sapatos de saltos grandes, nome que até hoje é conhecido; e grandes máscaras feitas de couro, pano ou madeira, que tinham algumas funções importantes, como amplificar a voz dos atores, possibilitar que o mesmo ator fizesse mais de um personagem sem revelar sua identidade durante a peça, algo que era considerado impróprio na época. Esses adereços davam ao ator uma postura hierática e sagrada.

        Nas peças, além dos atores, um elemento muito importante era o coro, um personagem coletivo, formado por muitas pessoas, que representavam a voz do cidadão, e que servia para difundir os pontos de vista oficiais. Discordavam e comentavam o enredo, porém sem interferir nele ou na ação. Ao coro cabiam ações contemplativas, de comentários e reflexão, ou falas para explicar acontecimentos anteriores à história da peça. O coro movia-se segundo um ritmo fixo, com seus membros juntos, cantando ao som de flautas e alternando perguntas e respostas.

        A figura do herói também aparece nas tragédias, mas não como um semideus, como na mitologia. O herói é o personagem que desencadeia a história. Na maioria das vezes ele é o personagem principal. É ele quem sofre a falha trágica, situação em que o personagem faz alguma coisa errada sem saber, inconscientemente, mas que depois vai viver as consequências desse infortúnio de maneira consciente. O erro do herói trágico não é uma falha de caráter, mas uma falha por engano. O conflito na tragédia se dá entre a vontade do herói o seu destino.

        O público acompanha a trajetória do herói e vive com ele todos os momentos da história, culminando com a catarse, do grego kátharsis, que pode ser traduzida como “purificação” ou “purgação”. Era o nome dado à sensação que é despertada no espectador no desfecho da peça, uma descarga emocional, a fim de causar uma relação de empatia com o personagem e a história.

        Comédia

        A palavra “comédia” vem da junção dos termos gregos komos, que significa “rurais” ou “campestres”; e ode, que significa “canto”: “cantos rurais”.

        Acredita-se que também a comédia tenha se originado dos rituais ao deus Dionísio, mas ela teria tomado outro rumo em relação às tragédias, tanto em características quanto em funções.

        As tragédias cultuavam os deuses e suas regras sociais, já as comédias se desdobraram dos rituais de fertilidade, celebrando a vida e os assuntos mais mundanos, cotidianos, cultuando o divertimento. Os personagens eram inventados, as histórias falavam de zombaria, defeitos, vícios, críticas sociais, sempre de forma divertida e improvisada. E os finais eram felizes.

        Assim, tinha-se que a tragédia era digna dos deuses, e a comédia, digna dos homens.

        Na comédia, os atores improvisavam, paravam a peça para falar diretamente ao público, fazer brincadeiras, sugerir participação. Essas pausas eram chamadas parábase.

        Os mimos eram atores populares que improvisavam e iam de cidade em cidade levando histórias cômicas. Esses atores, segundo dados históricos, teriam representado textos falados e depois desenvolvido o gestual, originando o que conhecemos hoje como mímica.

        Aristófanes e Menandro fôramos autores de comédias mais representativos dessa época e de quem se tem mais registros até os dias de hoje. Eles participavam das Leneias, que eram as festas de comédias realizadas durante o inverno na Grécia.

Fonte: Arte em Interação – Hugo B. Bozzano; Perla Frenda; Tatiane Cristina Gusmão – volume único – Ensino médio – IBEP – 1ª edição – São Paulo, 2013. p. 21-28.

Entendendo o texto:

01 – Qual divindade grega é associada aos rituais que deram origem ao teatro ocidental, e qual o nome desses rituais?

      O teatro ocidental, como conhecemos hoje, teria surgido a partir dos rituais chamados ditirambos, praticados na Grécia antiga em homenagem a Dionísio, deus do vinho e da fertilidade.

02 – Quem foi Téspis e qual sua importância para a história do teatro?

      Téspis foi considerado o primeiro ator de que se tem conhecimento. Ele viajava organizando celebrações do ditirambo, que gradualmente foram transformadas em dramatizações com textos e música, contribuindo para a evolução para o teatro.

03 – Quais eram os dois pontos importantes a serem considerados para entender a função original do teatro na Grécia Antiga?

      Para entender a função original do teatro na Grécia Antiga, era preciso considerar que a sociedade grega vivia sob os conceitos de mitos para entender a vida e que existia uma mentalidade civilizatória fundamentada na crença de que costumes, filosofia, arte, normas sociais e política eram pressupostos de uma sociedade ideal.

04 – O que significa "mitologia" e qual era sua importância na sociedade grega antiga?

      "Mitologia" é o estudo dos mitos. Na Grécia antiga, os mitos eram a base fundamental de toda a formação da sociedade, sendo considerados crenças reais que ditavam normas e regras a serem seguidas por todos os cidadãos.

05 – Qual é a origem etimológica da palavra "tragédia" e quais eram os objetivos principais das peças trágicas gregas?

      A palavra "tragédia" vem do grego tragoedia, que significa "canto do bode". O objetivo maior das peças trágicas gregas era mostrar como os humanos estavam condicionados à vontade dos deuses e como qualquer deslize levaria o personagem à desgraça inevitável, ensinando moral e oferecendo um sentido de identidade ao cidadão.

06 – Quais eram os principais adereços utilizados pelos atores nas tragédias gregas e quais suas funções?

      Os atores nas tragédias gregas usavam adereços grandes como os onkus (adereço na cabeça para dar altura), os coturnos (sapatos de saltos grandes) e grandes máscaras (feitas de couro, pano ou madeira). As máscaras tinham funções importantes como amplificar a voz, permitir que o mesmo ator fizesse múltiplos personagens e manter uma postura hierática e sagrada.

07 – Qual era a função do coro nas apresentações das tragédias gregas?

      O coro era um personagem coletivo que representava a voz do cidadão e servia para difundir os pontos de vista oficiais. Ele comentava o enredo, realizava ações contemplativas e de reflexão, e explicava acontecimentos anteriores à história, sem, no entanto, interferir na ação.

08 – O que é a "falha trágica" do herói e o que o público vivenciava ao final da peça, conhecido como "catarse"?

      A falha trágica do herói é uma situação em que o personagem comete um erro inconscientemente, mas depois sofre as consequências de forma consciente. A catarse (do grego kátharsis, purificação ou purgação) era a descarga emocional que o espectador vivenciava no desfecho da peça, causando empatia com o personagem e a história.

09 – Qual é a origem etimológica da palavra "comédia" e como ela se diferenciava da tragédia em termos de função e características?

      A palavra "comédia" vem da junção dos termos gregos komos ("rurais" ou "campestres") e ode ("canto"), significando "cantos rurais". Ao contrário das tragédias que cultuavam os deuses, as comédias celebravam a vida e assuntos cotidianos, focando no divertimento, com personagens inventados, zombaria, críticas sociais de forma divertida, improvisação e finais felizes. Enquanto a tragédia era "digna dos deuses", a comédia era "digna dos homens".

10 – O que eram as "parábases" nas comédias gregas e quem eram os "mimos"?

      As parábases eram pausas nas comédias gregas onde os atores improvisavam e falavam diretamente ao público, fazendo brincadeiras e sugerindo participação. Os mimos eram atores populares que improvisavam e viajavam de cidade em cidade, levando histórias cômicas e que, segundo dados históricos, teriam originado a mímica moderna ao desenvolver o gestual.

 

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