sexta-feira, 14 de setembro de 2018

CONTO: SOBRESSALTO - ODENILDE NOGUEIRA MARTINS - COM QUESTÕES GABARITADAS

Conto: Sobressalto

        É noite quente, de lua clara. As crianças brincam na pequena praça, correndo para lá e para cá, brincando de pega-pega ou de esconde-esconde, enquanto os pais conversam animados. Não há o que temer, todos se conhecem. Ali, o tempo corre sem grandes sobressaltos. As portas e janelas não são trancadas, travas para quê? A vida moderna e seus estorvos são vistos de muito longe, esporadicamente. Curiosidade em vivê-la? Não. O que precisam, eles têm, quase tudo. Um ou dois mascates trazem o que não produzem. Não há o que temer.
        Julião Mascate chegou logo cedo à pequena cidade, tocando a buzina para se anunciar: vinha carregado de tecidos coloridos e outras quinquilharias.
        – Biiiiippppp!! Bibipiiiiiiii! – É hora, minha senhora! Venha escolher seu tecido! Julião tem de tudo: tem brincos, tem colares. Água de cheiro tem, também! Venha logo. Não demore! – Biiiipppp! Biiiipppp! – Pro patrão, tem também! Para a criançada, bolas coloridas e bonecas, lápis de cor e peteca!
        Minutos depois, lá estava Julião, barraca montada na praça. Em dias de barraca na praça, que mal havia de se esquecer de alguns afazeres? As pessoas acorriam, ninguém ficava em casa. Ao entardecer, como sempre, Julião partiria.
        Naquela noite, a conversa girava em torno da chegada do mascate e das compras feitas. Lindaura e Alzirinha jogavam peteca, separadas dos demais meninos e meninas.
        As vendas foram fracas e, por isso, Julião resolveu ficar na cidadezinha e montar sua barraca novamente no dia seguinte.
        A peteca foi arremessada com muita força. Onde foi parar? Lindaura sai à procura do brinquedo. Demora demais. Alzirinha resolveu procurar também. Atrás do coreto, tropeçou e caiu. Caiu sobre o corpo sem vida de Lindaura.
        A cidadezinha, tomada de pesar, ficou muda de terror e espanto. Julião Mascate sumiu.
        A maldade tomou forma e tocou a todos. Era concreta e tinha nome: Julião Mascate.
        Portas e janelas se fecharam. Na praça, não se ouve mais o alarido alegre do riso das crianças, brincadeiras não há. As rodas de conversas diminuíram. Restringem-se a uns poucos homens que conversam baixo e espiam desconfiados por cima do ombro. A cada desconhecido que na cidadezinha chega, um sobressalto. O mal existe. O povo carrega a marca indelével do medo.
                          Odenilde Nogueira Martins – Sobressalto - In: Caso encerrado.


Entendendo o conto:
01 – O conto é uma narrativa curta cujo enredo compõe-se de determinados elementos que lhe conferem a devida credibilidade, fazendo com que se instaure um clima de envolvimento entre os interlocutores (autor x leitor). O texto narrativo é composto pelo enredo (o assunto do texto), o narrador, as personagens, o espaço e o tempo. Identifique os elementos narrativos solicitados do conto Sobressalto.

·        Fato principal: A mudança ocorrida no comportamento dos moradores de uma pequena cidade após um assassinato brutal.

·        Narrador – Comprove: Terceira pessoa, observador: "O que precisam, eles têm, quase tudo. Um ou dois mascates trazem o que não produzem. Não há o que temer." (Outros fragmentos podem ser usados)

·        Personagens principais: Lindaura e Julião Mascate.
·        Espaço – Comprove: Na praça de uma pequena cidade: "As crianças brincam na pequena praça..."

·        Tempo – Comprove: O conto carece de informações precisas a respeito de quando os fatos aconteceram: "É noite quente, de lua clara."; "Naquela noite..."

02 – Na sua opinião, o título do conto é adequado? Justifique.
      Resposta pessoal do aluno.

03 – Em qual parágrafo instaura-se o conflito? Transcreva um trecho que comprove sua resposta.
      No segundo parágrafo: "Julião Mascate chegou logo cedo à pequena cidade, tocando a buzina para se anunciar: vinha carregado de tecidos coloridos e outras quinquilharias."

04 – A autora usou onomatopeia, retire-a e diga o que representa.
      Biiiiippppp!! Bibipiiiiiiii! - representa o som de buzina.

05 – Quando a rotina da pacata cidade era alterada? Comprove sua resposta com um trecho do texto.
      A rotina era alterada quando Julião Mascate chegava: "Em dias de barraca na praça, que mal havia de se esquecer de alguns afazeres? As pessoas acorriam, ninguém ficava em casa."

06 – Qual a justificativa para que o mascate permanecesse na cidade, diferentemente do que ocorria sempre?
      As vendas foram fracas.

07 – O que aconteceu com Lindaura?
      Lindaura sofreu violência sexual e depois foi assassinada.

08 – Qual fato permite concluir que Julião Mascate é o assassino de Lindaura?
      Julião Mascate sumiu.

09 – Descreva a cidadezinha antes e depois da morte da menina Lindaura.
      Antes: ninguém trancava portas e janelas, a vida era calma, não havia o que temer, todos se conheciam, crianças e adultos reuniam-se na praça, enquanto os adultos conversavam, as crianças brincavam. Não havia violência.

      Depois: As portas e janelas foram fechadas, as crianças não brincavam mais na praça, as rodas de conversas diminuíram, poucos homens conversam baixo, desconfiados, com medo de desconhecidos, os moradores passam a conhecer o medo da violência.

10 – Fale em um parágrafo sobre o tipo de violência abordada no texto.
      Resposta pessoal do aluno.

2 comentários:

  1. Eu estudei sobre esse conto hj e adorei e vou procurar o livro completo

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  2. Você leu o conto e gostou? Posso te enviar o livro,que tal? Mande seu endereço prof.odenilde@hotmail.com

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