ARTIGO DE OPINIÃO: Velocidade da informação desafia educação moderna
Nós vivemos em um mundo cada vez mais
globalizado, numa era onde as pessoas são atacadas por todos os lados com uma
quantidade enorme de informação. As barreiras entre os povos e as culturas são
constantemente perfuradas (mas quase nunca vencidas) pela força da mídia e do
consumismo desenfreado. Hoje em dia, nada mais comum do que vermos um beduíno
em seu camelo, com sua calça Levis e óculos Giorgio Armani, entoando uma canção
de Elton John. Na testa do camelo, em árabe, vemos a escrita "Lady Di, nós
te amamos".
OK, talvez eu esteja exagerando um
pouco. Mas, sem dúvida, é indiscutível a importância que o controle dos meios
de informação têm na sociedade moderna. E o mais impressionante é a velocidade
com que essa informação é disseminada. Bilhões de pessoas em todo o mundo
assistiram à final da Copa (infelizmente), e várias centenas de milhões
participam rotineiramente de guerras ou da humilhação de presidentes, sentados
confortavelmente em suas salas de estar.
Parece mentira que foi apenas em 1886
que as primeiras ondas de rádio foram geradas no laboratório pelo grande físico
alemão Heinrich Hertz, ou que a primeira transmissão telegráfica através do
oceano Atlântico foi enviada em 1901 pelo italiano Guglielmo Marconi.
Atualmente, a disseminação de informação conta com toda uma rede de satélites,
que, juntamente com incontáveis antenas de transmissão, cobrem praticamente
toda a superfície do planeta.
Essa globalização da informação implica
necessariamente a detenção do poder pelas pessoas com acesso, ou, mais ainda,
pelas pessoas que criam e disseminam essa informação. Lembro-me do recente filme
americano "Mera Coincidência" ("Wag the Dog"), em que um
"tycoon" de Hollywood é chamado para desviar a atenção do público
americano dos escândalos sexuais do presidente durante a campanha eleitoral
(bastante profético, aliás, esse filme...). A solução dos produtores foi
simples: inventar uma guerra em um país remoto para sensibilizar a opinião
pública.
Informação é poder. E, sem educação, não é possível ter acesso à informação. Mas, simples acesso à informação não é tudo. É necessário que saibamos refletir ativamente sobre a informação recebida, e não só recebê-la passivamente. Caso contrário, podemos nos tornar alvo de uma "realidade fabricada", como aquela apresentada comicamente no filme.
Informação é poder. E, sem educação, não é possível ter acesso à informação. Mas, simples acesso à informação não é tudo. É necessário que saibamos refletir ativamente sobre a informação recebida, e não só recebê-la passivamente. Caso contrário, podemos nos tornar alvo de uma "realidade fabricada", como aquela apresentada comicamente no filme.
Daí o papel do educador, não só de
transmitir informação, mas também de convidar sua audiência à reflexão,
ensinando tanto os métodos necessários para tal como também a arte de duvidar.
Educação é um processo de colaboração ativa entre o educador e sua audiência.
Na minha opinião, o educador mais bem-sucedido é aquele que desperta em sua
audiência o desejo de querer sempre aprender mais e a capacidade de criticar
racionalmente aquilo que se está aprendendo. Sob esse prisma, a educação
moderna pode não só se beneficiar do fácil acesso à informação, como também
"filtrar" a desinformação.
A globalização da informação provoca
uma fragilidade em sua própria audiência. Nós nos tornamos alvo em uma galeria
de tiro e só podemos nos safar se soubermos pensar por nós mesmos. Uma
sociedade educada é a que poderá tomar decisões que afetam seu futuro de modo
coerente. Eis aqui alguns exemplos, ligados à educação científica. Devemos ou
não interceder nas pesquisas da engenharia genética, que, com o desenvolvimento
de processos de clonagem ou de cirurgia genética em fetos, levanta sérias
questões éticas para a sociedade? Devemos ou não apoiar o desenvolvimento de
tecnologias nucleares no espaço? Devemos ou não interceder junto ao governo
para um maior controle da emissão de gases industriais, de modo a evitar graves
mudanças climáticas no futuro? E os asteroides? Vão cair ou não em nossas
cabeças?
Marcelo
Gleiser é professor de física teórica do Dartmouth College, em Hanover
(EUA), e autor do livro "A Dança do Universo"
Entendendo o texto:
01 – O texto de Marcelo
Gleiser é um texto argumentativo que se constrói como toda argumentação por
meio de um raciocínio lógico – silogismo.
a)Pode-se dizer que a
premissa maior diz respeito ao fato de que se as pessoas não refletirem sobre a
avalanche de informações a que tem acesso podem se tornar alvos de uma
“realidade fabricada”? Justifique.
A premissa maior se identifica com ‘A
Globalização gera pessoas fabricadas’. O primeiro parágrafo inteiro do texto
justifica esta premissa (além de outros trechos, inclusive mais explícitos,
como “É necessário que saibamos refletir ativamente sobre a informação
recebida, e não só recebê-la passivamente. Caso contrário, podemos nos tornar
alvo de uma "realidade fabricada"”), usando a estratégia
argumentativa de exemplificação para mostrar como somos alvos da
globalização, reproduzindo aspectos culturais de países dominantes, sem
questionar, sem nem sequer ‘adaptá-los’ à nossa cultura.
b) O que significa
“realidade fabricada” para o articulista? Justifique sua opinião, apresentando
argumentos que a sustente.
Realidade fabricada representa a absorção
de uma cultura que não é a nossa e, consequentemente, padronização de pessoas,
de opiniões e pensamentos. Começamos usando uma roupa que não pertence à nossa
cultura (calça Levis e óculos Giorgio Armani) e acabamos agregando os valores
dessa outra cultura (Lady Di, nós te amamos), sem sequer questionar, sem sequer
pensar se isso reflete realmente nossa opinião, quem somos. Com isso,
tornamo-nos robôs, hábitos e mentes fabricadas, padronizadas por uma
cultura superficial e alienante.
c) Se a premissa menor está
relacionada ao fato de a globalização da informação impedir as pessoas de
refletir ativamente sobre a informação recebida, qual seria a conclusão para
fechar o raciocínio silogístico na construção do texto? Explique.
Tendo como premissa maior o fato de
que a globalização fabrica comportamentos e, como premissa menor, o
de que a globalização impede que as pessoas reflitam sobre essa
fabricação, a conclusão é a mesma que encerra o texto (começa a se desenrolar
no 5º parágrafo e fica explícita nos 2 últimos parágrafos do texto), de que
somente a educação crítica e reflexiva poderá alterar esta realidade; somente
quando as pessoas forem incentivadas a julgar e a pesar os falsos valores que
lhes são impostos, elas viverão a sua realidade e não a que lhes é
esmagadoramente imposta.
02 – Identifique no segundo parágrafo
do texto o termo linguístico que revela que o articulista negocia com o leitor.
O termo linguístico que representa uma
negociação do autor com o leitor é “OK,
talvez eu esteja exagerando um pouco.”, em que ele cria uma interlocução,
como se estivesse conversando com o leitor.
03 – Identifique, no texto,
argumentos usados pelo articulista que são baseados em exemplos.
O
primeiro parágrafo é praticamente todo exemplificativo, há ainda outras
passagens, por exemplo esta: “Lembro-me do recente filme americano "Mera
Coincidência" ("Wag the Dog"), em que um "tycoon" de
Hollywood é chamado para desviar a atenção do público americano dos escândalos
sexuais do presidente durante a campanha eleitoral”.
04 – A contra argumentação
pode ser feita por meio de verbos e expressões que atenua uma informação
excessivamente forte, usando verbos e expressões que modalizam o discurso. Essa
é uma forma de se proteger dos possíveis contra-argumentos.
Identifique no quinto
parágrafo um exemplo para a afirmação acima.
Quando o autor diz “Informação é poder.
E, sem educação, não é possível ter acesso à informação.” Ele faz
uma concessão, expõe em seu texto, vozes contrárias à sua argumentação,
que poderiam alegar, por exemplo, que a globalização propicia um enorme acesso
à informação, que é algo tão crucial na era em que vivemos. Porém, ele já
rebate essas possíveis opiniões contrárias, seguindo no texto
“Mas, simples acesso à informação não é tudo. É necessário que
saibamos refletir ativamente sobre a informação recebida, e não
só recebê-la passivamente.” em que os termos sublinhados em negrito modalizam
sua contra argumentação.
Vai toma no cu mó difivil
ResponderExcluirQ deselegante
ResponderExcluirobrigado mim ajudu muito
ResponderExcluirmuito obg ajudou bastante =)
ResponderExcluirMuitíssimo obrigada
ResponderExcluirObrigadooooooooooo
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