Crônica: Segurança
Luís Fernando
Veríssimo
O ponto-de-venda mais forte do
condomínio era a sua segurança. Havia as mais belas casas, os jardins,
os playgrounds, as piscinas, mas havia, acima de tudo, segurança. Toda a
área era cercada por um muro alto. Havia um portão principal com muitos guardas
que controlavam tudo por um circuito fechado de TV. Só entravam no condomínio
os proprietários e visitantes devidamente identificados e crachados.
Mas os assaltos começaram assim mesmo.
Os ladrões pulavam os muros.
Os condôminos decidiram colocar torres
com guardas ao longo do muro alto. Nos quatro lados. As inspeções tornaram-se
mais rigorosas no portão de entrada. Agora não só os visitantes eram obrigados
a usar crachá. Os proprietários e seus familiares também. Não passava ninguém
pelo portão sem se identificar para a guarda. Nem as babás. Nem os bebês.
Mas os assaltos continuaram.
Decidiram eletrificar os muros. Houve
protestos, mas no fim todos concordaram. O mais importante era a segurança.
Quem tocasse no fio de alta tensão em cima do muro morreria eletrocutado. Se
não morresse, atrairia para o local um batalhão de guardas com ordens de atirar
para matar.
Mas os assaltos continuaram.
Grades nas janelas de todas as
casas. Era o jeito. Mesmo se os ladrões ultrapassassem os altos muros, e o fio
de alta tensão, e as patrulhas, e os cachorros, e a segunda cerca, de arame
farpado, erguida dentro do perímetro, não conseguiriam entrar nas casas. Todas
as janelas foram engradadas.
Mas os assaltos continuaram.
Foi feito um apelo para que as pessoas
saíssem de casa o mínimo possível. Dois assaltantes tinham entrado no
condomínio no banco de trás do carro de um proprietário, com um revólver
apontado para a sua nuca. Assaltaram a casa, depois saíram no carro roubado,
com crachás roubados. Além do controle das entradas, passou a ser feito um
rigoroso controle das saídas. Para sair, só com um exame demorado do crachá e com
autorização expressa da guarda, que não queria conversa nem aceitava
suborno.
Mas os assaltos continuaram.
Foi reforçada a guarda. Construíram uma
terceira cerca. As famílias de mais posses, com mais coisas para serem
roubadas, mudaram-se para uma chamada área de segurança máxima. E foi tomada
uma medida extrema. Ninguém pode entrar no condomínio. Ninguém. Visitas, só num
local predeterminado pela guarda, sob sua severa vigilância e por curtos
períodos.
E ninguém pode sair.
Agora,
a segurança é completa. Não tem havido mais assaltos. Ninguém precisa temer
pelo seu patrimônio. Os ladrões que passam pela calçada só conseguem espiar
através do grande portão de ferro e talvez avistar um ou outro condômino
agarrado às grades da sua casa, olhando melancolicamente para a rua.
Mas surgiu outro problema.
As tentativas de fuga. E há motins
constantes de condôminos que tentam de qualquer maneira atingir a
liberdade.
A guarda tem sido obrigada a agir com
energia.
Luís Fernando Veríssimo, in
Veja, 27 mar. 1985.
Entendendo a crônica:
01 – A que tipo de
condomínio se refere o texto?
O texto se refere a um condomínio de
pessoas de classe alta, pois nele encontramos belas casas com piscinas, jardins
e um sistema de segurança máxima.
02 – Você sabe o que é
circuito fechado de tevê a que alude o texto?
É um sistema com uma central de tevê que
capta imagens de várias câmeras colocadas em lugares estratégicos.
03 – Os visitantes e os
moradores deviam identificar-se ao entrar e ao sair do condomínio. Você sabe o
que significa o termo identificar-se?
Significa apresentar documentos pessoais.
04 – Cite alguns documentos
pessoais de identificação.
Eis alguns:
carteira de identidade, carteira de trabalho, carteira de motorista, registro
de nascimento e título de eleitor.
05 – Faça uma relação dos
obstáculos que os assaltantes teriam de vencer para entrar nas casas dos
condôminos.
Saltar o muro,
desviar dos fios de alta-tensão, enfrentar a patrulha de guardas, esquivar-se
dos cães, passar por três cercas diferentes, arrebentar as grades das janelas
das casas...
06 – Com tal sistema
sofisticado de segurança, os condôminos conseguiram finalmente proteger o seu
patrimônio, mas, por outro lado, perderam algo muito importante. O que eles
perderam é de suma importância. O que foi?
A liberdade. A
liberdade de poder sair e entrar no condomínio sem medo de serem assaltados, a
liberdade de curtir a vida livremente.
07 – Ao final das contas,
quem são realmente as pessoas livres nessa história?
São os assaltantes, que podem agir e se
movimentar livremente.
08 – Que outro título você
daria ao texto?
Resposta pessoal do aluno.
09 – De acordo com o texto,
o que significa as palavras abaixo:
·
Crachá: cartão com dados pessoais
que se usa no peito, em empresas, congressos, etc., para fins de identificação.
·
Condômino: dono, juntamente com
outras pessoas, co-proprietário.
·
Condomínio: posse exercida
juntamente com outros proprietários.
·
Expressa: categórica, decisiva,
terminante.
10 – Quais os sistemas
instalado no condomínio?
Muros (grades) altas, instalar rede
elétrica, sistema de tevê, patrulha, etc.
11 – No final do texto,
fala-se de um novo problema. Qual é?
As tentativas de fuga.
E há motins constantes de condôminos que tentam de qualquer maneira atingir a
liberdade.
NSS esse texto junto com as respostas me ajudou muito ...
ResponderExcluirAlguém me ajuda falado os argumentos PF
ResponderExcluirAdorei esse site
ResponderExcluirAs atitudes tomadas pra garantir a segurança dos comdôminios funcionaram?
ResponderExcluirAs medidas de segurança permitiram que os moradores do comdôminio tivessem uma qualidade de vida e vem estar ?leve em conta como os moradores pareciam se sentir mesmo depois de estarem protegidos contra os assaltos para dar sua resposta e explica-la
ResponderExcluirghmmnm,fh,h,,,jhh,n
ResponderExcluirPor que o texto tem esse título
ResponderExcluirgostei muito, me ajudou muito, muito obgda❤
ResponderExcluirQuero saber a tipologia
ResponderExcluirQual a critica social desse texto?
ResponderExcluir