terça-feira, 4 de setembro de 2018

TEXTO: O BOM HUMOR FAZ BEM PARA SAÚDE - FÁBIO PEIXOTO - COM GABARITO


Texto: O BOM HUMOR FAZ BEM PARA SAÚDE

           O bom humor é, antes de tudo, a expressão de que o corpo está bem
                                                                          Por Fábio Peixoto

        “Procure ver o lado bom das coisas ruins.” Essa frase poderia estar em qualquer livro de autoajuda ou parecer um conselho bobo de um mestre de artes marciais saído de algum filme ruim. Mas, segundo os especialistas que estudam o humor a sério, trata-se do maior segredo para viver bem.
        (...)
        O bom humor é, antes de tudo, a expressão de que o corpo está bem. Ele depende de fatores físicos e culturais e varia de acordo com a personalidade e a formação de cada um. Mas, mesmo sendo o resultado de uma combinação de ingredientes, pode ser ajudado com uma visão otimista do mundo. “Um indivíduo bem humorado sofre menos porque produz mais endorfina, um hormônio que relaxa”, diz o clínico geral Antônio Carlos Lopes, da Universidade Federal de São Paulo. Mais do que isso: a endorfina aumenta a tendência de ter bom humor. Ou seja, quanto mais bem-humorado você está, maior o seu bem-estar e, consequentemente, mais bem-humorado você fica. Eis aqui um círculo virtuoso, que Lopes prefere chamar de “feedback positivo”. A endorfina também controla a pressão sanguínea, melhora o sono e o desempenho sexual. (Agora você se interessou, né?)
        Mas, mesmo que não houvesse tantos benefícios no bom humor, os efeitos do mau humor sobre o corpo já seriam suficientes para justificar uma busca incessante de motivos para ficar feliz. Novamente Lopes explica por quê: “O indivíduo mal-humorado fica angustiado, o que provoca a liberação no corpo de hormônios como a adrenalina. Isso causa palpitação, arritmia cardíaca, mãos frias, dor de cabeça, dificuldades na digestão e irritabilidade”. A vítima acaba maltratando os outros porque não está bem, sente-se culpada e fica com um humor pior ainda. Essa situação pode ser desencadeada por pequenas tragédias cotidianas – como um trabalho inacabado ou uma conta para pagar -, que só são trágicas porque as encaramos desse modo.
        Evidentemente, nem sempre dá para achar graça em tudo. Há situações em que a tristeza é inevitável – e é bom que seja assim. “Você precisa de tristeza e de alegria para ter um convívio social adequado”, diz o psiquiatra Teng Chei Tung, do Hospital das Clínicas de São Paulo. “A alegria favorece a integração e a tristeza propicia a introspecção e o amadurecimento.” Temos de saber lidar com a flutuação entre esses estágios, que é necessária e faz parte da natureza humana.
        O humor pode variar da depressão (o extremo da tristeza) até a mania (o máximo da euforia). Esses dois estados são manifestações de doenças e devem ser tratados com a ajuda de psiquiatras e remédios que regulam a produção de substâncias no cérebro. Uma em cada quatro pessoas tem, durante a vida, pelo menos um caso de depressão que mereceria tratamento psiquiátrico.
        Enquanto as consequências deletérias do mau humor são estudadas há décadas, não faz muito tempo que a comunidade científica passou a pesquisar os efeitos benéficos do bom humor. O interesse no assunto surgiu há vinte anos, quando o editor norte-americano Norman Cousins publicou o livro Anatomia de uma Doença, contando um impressionante caso de cura pelo riso. Nos anos 60, ele contraiu uma doença degenerativa que ataca a coluna vertebral, chamada espondilite ancilosa, e sua chance de sobreviver era de apenas uma em quinhentas.
        Em vez de ficar no hospital esperando para 70 virar estatística, ele resolveu sair e se hospedar num hotel das redondezas, com autorização dos médicos. Sob os atentos olhos de uma enfermeira, com quase todo o corpo paralisado, Cousins reunia os amigos para assistir a programas de “pegadinhas” e seriados cômicos na TV. Gradualmente foi se recuperando até poder voltar a viver e a trabalhar normalmente. Cousins morreu em 1990, aos 75 anos. Se Cousins saiu do hospital em busca do humor, hoje há muitos profissionais de saúde que defendem a entrada das risadas no dia a dia dos pacientes internados.
       Uma boa gargalhada é um método ótimo de relaxamento muscular. Isso ocorre porque os músculos não envolvidos no riso tendem a se soltar – está aí a explicação para quando as pernas ficam bambas de tanto rir ou para quando a bexiga se esvazia inadvertidamente depois daquela piada genial. Quando a risada acaba, o que surge é uma calmaria geral. Além disso, se é certo que a tristeza abala o sistema imunológico, sabe-se também que a endorfina, liberada durante o riso, melhora a circulação e a eficácia das defesas do organismo. A alegria também aumenta a capacidade de resistir à dor, graças também à endorfina.
        Evidências como essa fundamentam o trabalho dos Doutores da Alegria, que já visitaram 170.000 crianças em hospitais. As invasões de quartos e UTIs feitas por 25 atores vestidos de “palhaços-médicos” não apenas aceleram a recuperação das crianças, mas motivam os médicos e os pais. A psicóloga Morgana Masetti acompanha os Doutores há sete anos. “É evidente que o trabalho diminui a medicação para os pacientes”, diz ela.
        O princípio que torna os Doutores da Alegria engraçados tem a ver com a flexibilidade de pensamento defendida pelos especialistas em humor – aquela ideia de ver as coisas pelo lado bom. “O clown não segue a lógica à qual estamos acostumados”, diz Morgana. “Ele pode passar por um balcão de enfermagem e pedir uma pizza ou multar as macas por excesso de velocidade.” Para se tornar um membro dos Doutores da Alegria, o ator passa num curioso teste de autoconhecimento: reconhece o que há de ridículo em si mesmo e ri disso. “Um clown não tem medo de errar – pelo contrário, ele se diverte com isso”, diz Morgana. Nem é preciso mencionar quanto mais de saúde haveria no mundo se todos aprendêssemos a fazer o mesmo.

Super.abril.com.br/saúde/bom-humor-faz-bem-saude-441550.shtml
 - acesso em 11 de abril de 2015, às 11h.
Entendendo o texto:

01 – A expressão “em qualquer livro de autoajuda” e “saído de algum filme ruim”, revela, segundo o autor, a concepção de que:
a) é possível receber aconselhamentos sobre bom humor e saúde somente através de estudos feitos por especialistas.
b) os livros de autoajuda e os filmes, mesmo os considerados de má qualidade, utilizam-se, com seriedade, do tema do ‘bom humor versus saúde’.
c) os gêneros de qualidade duvidosa, também se apropriam de temas como “bom humor versus saúde.”
d) os livros e filmes ruins se apropriam de temas sérios como “humor e saúde” para terem mais credibilidade junto ao mercado consumidor.

02 – Segundo o texto, sobre os efeitos do mau humor no corpo, é correto afirmar que:
a) justificam pequenas tragédias do dia a dia, que poderiam ser evitadas.
b) impossibilitam o relacionamento entre as pessoas e o mal-humorado se isola cada vez mais.
c) favorecem um convívio social saudável, uma vez que equilibram as relações entre pessoas.
d) desencadeiam um círculo vicioso em que o mal humorado passa a ficar cada vez mais mal-humorado.

03 – A ideia principal do texto pode ser sintetizada na seguinte frase:
a) “Rindo, corrigem-se os erros.”
b) “Rir é o melhor remédio.”
c) “Quem ri por último, ri melhor.”
d) “Rir de tudo é desespero.”

04) Assinale a opção cuja expressão em destaque introduz um juízo de valor (julgamento) do locutor do texto.
a) “Mas, mesmo que não houvesse tantos benefícios no bom humor, os efeitos do mau humor sobre o corpo já seriam suficientes...”
b) “Há situações em que a tristeza é inevitável – e é bom que seja assim.”
c) “A alegria também aumenta a capacidade de resistir à dor, graças também à endorfina.”
d) “Ou seja, quanto mais bem-humorado você está, maior o seu bem-estar e, consequentemente, mais bem humorado você fica.”

05 – Sobre o texto, pode-se afirmar que:
a) bom humor é indício de saúde física e psicológica.
b) o otimismo é causado pelo bom humor e o pessimismo é resultado do mau humor.
c) bom humor e mau humor são variações de caráter que tendem a se manter em equilíbrio.
d) a cultura é fator crucial na manifestação dos humores.

06 – Leia o enunciado abaixo: “O bom humor é, antes de tudo, a expressão de que o corpo está bem.” Sobre ele é correto afirmar que:
a) a expressão “antes de tudo” enfatiza um aspecto temporal.
b) o vocábulo “bem” exerce a função sintática de predicativo do sujeito.
c) a segunda oração do período complementa o sentido da palavra “expressão”.
d) o verbo “ser e estar” são verbos de ligação.

07 – Assinale a alternativa que associa corretamente o trecho do texto à função da linguagem em predominância.
a) “Procure ver o lado bom das coisas ruins.” – (Função Emotiva)
b) “Um indivíduo bem-humorado sofre menos porque produz mais endorfina...” – (Função Conativa)
c) “Agora você se interessou, né?” – (Função Fática)
d) “Nos anos 60, ele contraiu uma doença degenerativa que ataca a coluna vertebral ...” – (Função Expressiva)

08 – Assinale a alternativa em que a preposição de estabelece a mesma relação semântica presente na frase abaixo. “...num curioso teste de autoconhecimento: ...”
a) “...as pernas bambas de tanto rir.”
b) “Você precisa de tristeza e de alegria...”
c) “Sob os olhos atentos de uma enfermeira.”
d) “...há muitos profissionais de saúde...”

09 – Assinale a opção cuja palavra entre parênteses NÃO substitui corretamente a destacada nas alternativas.
a) “Enquanto as consequências deletérias do mau humor são estudadas há décadas...” - (NOCIVAS)
b) “Eis aqui um círculo virtuoso, que Lopes prefere chamar de “feedback positivo” (EFICAZ)
c) “Nos anos 60, ele contraiu uma doença degenerativa que ataca a coluna vertebral, (...)” (FATAL)
d) “A alegria favorece a integração e a tristeza propicia a introspecção e o amadurecimento.” – (INTERIORIZAÇÃO)

10 – Assinale a alternativa que NÃO apresenta infrações no que diz respeito à regência e à concordância.
a) Grande parte das pessoas prefere lamentar do que buscar soluções para complexos problema e situação.
b) Os doutores da alegria já assistiram a 170.000 mil crianças nas UTIs, noventa por cento delas apresentou melhoras.
c) Não agrada ninguém um trabalho inacabado ou uma conta a pagar, mas encará-los como tragédia cotidiana desencadeia o mau humor.
d) Aversões ao erro e ao ridículo são fatores favoráveis para o surgimento do mau humor.

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