O
bem é incansável
“E
vós, irmãos, não vos canseis de fazer o bem.” – Paulo. (2ª Epístola aos
Tessalonicenses, 3:13.)
É muito comum encontrarmos pessoas que
se declaram cansadas de praticar o bem. Estejamos, contudo, convictos de que
semelhantes alegações não procedem de fonte pura.
Somente aqueles que visam determinadas
vantagens aos interesses particularistas, na zona do imediatismo, adquirem o
tédio vizinho da desesperação, quando não podem atender a propósitos
egoísticos.
É indispensável muita prudência quando
essa ou aquela circunstância nos induz a refletir nos males que nos assaltam,
depois do bem que julgamos haver semeado ou nutrido.
O aprendiz sincero não ignora que Jesus
exerce o seu ministério de amor sem exaurir-se, desde o princípio da
organização planetária. Relativamente aos nossos casos pessoais, muita vez terá
o Mestre sentido o espinho de nossa ingratidão, identificando-nos o recuo aos
trabalhos da nossa própria iluminação; todavia, nem mesmo verificando-nos os
desvios voluntários e criminosos, jamais se esgotou a paciência do Cristo que
nos corrige, amando, e tolera, edificando, abrindo-nos misericordiosos braços
para a atividade renovadora.
Se Ele nos tem suportado e esperado
através de tantos séculos, por que não poderemos experimentar de ânimo firme
algumas pequenas decepções durante alguns dias?
A observação de Paulo aos
tessalonicenses, portanto, é muito justa. Se nos entediarmos na prática do bem,
semelhante desastre expressará em verdade que ainda nos não foi possível a
emersão do mal de nós mesmos.
Mensagens
Espírita: O livro dos Espíritos
ALLAN KARDEC –
Tradução Matheus R. Camargo
Perguntas
e respostas
ESPÍRITO
E MATÉRIA
21 – Será que, assim como
Deus, a matéria existe desde toda a eternidade, ou ela foi, em algum momento,
criada por ele?
Só Deus o sabe. Entretanto,
há uma coisa que vossa razão vos deve mostrar: é que Deus, modelo de amor e
caridade, nunca esteve inativo. Por mais distante que imagineis o início da
ação de Deus, podereis compreendê-lo um segundo na ociosidade?
22 – Define-se geralmente a
matéria como aquilo que tem extensão, que pode causar impressão aos nossos
sentidos e que é impenetrável. Essas definições são exatas?
São exatas do
vosso ponto de vista, porque só falais a partir do que conheceis. Mas a matéria
existe em estados que vos são desconhecidos; ela pode ser, por exemplo, tão
etérea e sutil a ponto de não causar nenhuma impressão aos sentidos. No
entanto, é sempre matéria, embora não o seja para vós.
22.a) Que definição podeis
dar da matéria?
A matéria é o laço que prende o espírito;
é o instrumento que ele usa e sobre o qual, ao mesmo tempo, exerce sua ação.
De acordo com esse ponto de vista,
pode-se dizer que a matéria é o agente, o intermediário com ajuda do qual e
sobre o qual o Espírito atua.
23 – O que é espírito?
O princípio inteligente do Universo.
23.a) Qual é a natureza
íntima do espírito?
Não é fácil
analisar o Espírito por meio da vossa linguagem. Para vós, ele não é nada,
porque não é uma coisa palpável; mas para nós é alguma coisa. Sabei que o nada
é um vazio, e o vazio não existe.
24 – O espírito é sinônimo
de inteligência?
A inteligência é
um atributo essencial do espírito, mas ambos se confundem em um princípio
comum, de maneira que, para vós, trata-se de uma mesma coisa.
25 – O espírito é
independente da matéria ou é apenas uma propriedade dela, como as cores são
propriedades da luz e o som uma propriedade do ar?
Ambos são
distintos; mas é preciso a união do espírito e da matéria para que esta se
torne inteligente.
25.a) Essa união é
igualmente necessária para a manifestação do espírito? (Aqui, entendemos por
espírito o princípio de inteligência, deixando de lado as individualidades
designadas com esse nome).
É necessária para
vós, porque não sois providos de órgãos para perceber o espírito sem a matéria;
vossos sentidos não são apropriados para isso.
26 – Pode-se conceber o
espírito sem a matéria e a matéria sem o espírito?
Sim, sem dúvida,
através do pensamento.
27 – Haveria, assim, dois
elementos gerais no Universo: a matéria e o espírito?
Sim, e acima de
tudo isso, Deus, o Criador, o Pai de todas as coisas. Essas três coisas são o
princípio de tudo o que existe, a trindade universal. Mas é preciso
acrescentar, ao elemento material, o fluido universal, que desempenha o papel
de intermediário entre o espírito e a matéria propriamente dita, esta muito
rudimentar para que o espírito possa agir sobre ela. Embora possamos, sob um
determinado ponto de vista, classificar o fluido universal como elemento
material, ele se distingue por propriedades especiais. Se fosse precisamente
matéria, não haveria razão para que o espírito também não o fosse. Ele
encontra-se entre o espírito e a matéria; é fluido, assim como a matéria é
matéria. Pelas inúmeras combinações que estabelece com ela, e sob a ação do
espírito, o fluido universal é suscetível de produzir uma infinita variedade de
coisas das quais conheces apenas uma pequena parte. Por ser o agente empregado
pelo espírito, esse fluido universal, ou primitivo, ou elementar, é o princípio
sem o qual a matéria permaneceria em perpétuo estado de divisão, e nunca
adquiriria as propriedades que lhe dá a gravidade.
27.a) Seria esse fluido
aquilo que chamamos de eletricidade?
Dissemos que ele
é suscetível a inúmeras combinações. O que chamais de fluido elétrico, fluido
magnético, são modificações do fluido universal, que é, precisamente, apenas
uma matéria mais perfeita, mais sutil, que se pode considerar como
independente.
28 – Já que o próprio
espírito consiste em alguma coisa, não seria mais exato, e menos controverso,
designar esses dois elementos gerais pelos termos matéria inerte e matéria
inteligente?
As palavras pouco nos importam. Cabe a
vós formular a linguagem de maneira a vos entenderdes. Vossas controvérsias advêm
quase sempre do fato de não vos entenderdes quanto às palavras, porque a vossa
linguagem é incompleta para exprimir o que não vos toca os sentidos.
Um fato incontestável domina todas as
hipóteses; vemos matéria que não é inteligente; vemos um princípio inteligente
independente da matéria. A origem e a conexão dessas duas coisas não são
desconhecidas. Que elas tenham ou não uma origem comum, pontos de contato
necessários; que a inteligência tenha existência própria, ou que ela seja uma
propriedade, um efeito; que seja, até mesmo, segundo a opinião de alguns, uma
emanação da Divindade – é o que ignoramos: elas nos aparecem distintas, e é por
isso que as admitimos formando dois princípios constituintes do Universo.
Vemos, acima de tudo isso, uma inteligência que domina todas as outras, que
governa todas elas, e que elas se distingue por atributos essenciais: é a essa
inteligência suprema que chamamos Deus.
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