quinta-feira, 20 de setembro de 2018

POEMA: O ENTERRADO VIVO - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

Poema: O Enterrado Vivo    
               Carlos Drummond de Andrade

É sempre no passado aquele orgasmo,
é sempre no presente aquele duplo,
é sempre no futuro aquele pânico.

É sempre no meu peito aquela garra.
É sempre no meu tédio aquele aceno.
É sempre no meu sono aquela guerra.

É sempre no meu trato o amplo distrato.
Sempre na minha firma a antiga fúria.
Sempre no mesmo engano outro retrato.

É sempre nos meus pulos o limite.
É sempre nos meus lábios a estampilha.
É sempre no meu não aquele trauma.

Sempre no meu amor a noite rompe.
Sempre dentro de mim meu inimigo.
E sempre no meu sempre a mesma ausência.

               Composição: Drummond De Andrade / Stephen Emmer.

Entendendo o poema:
01 – (Unesp 1990) Os três primeiros versos instauram uma relação entre passado/presente/futuro, sendo que a ideia de "presente" é retomada no restante do poema. Analise a primeira relação e mostre como a ideia de presente permanece nas demais estrofes.
      O presente se mostra na impossibilidade do eu lírico vencer seus limites, daí o “pânico”.
  
02 – (Unesp 1990) A palavra "sempre", no último verso do poema de Drummond, é repetida, porém manifestada em classes gramaticais diferentes.
a)   Quais são essas classes gramaticais?
Advérbio e substantivo (no meu SEMPRE).

b)   Que efeito de sentido essa diferença de classe gramatical provoca no poema?
A circunstância transforma-se em substância, reforçando a perenidade da ausência.

03 – Comparando os dois primeiros parágrafos do texto, podemos perceber uma oposição entre eles. Essa oposição aponta para duas consequências do ofício do cronista ao agir sobre o mundo, através das palavras. Quais são essas duas consequências?
      A boa ou a má recepção de suas palavras.

04 – No poema, quais os sentimentos do eu poético com relação ao seu modo de vida atual?
      Ele sente: a angustia, a indecisão e o sofrimento.

05 – De acordo com o poema, por que o autor colocou este título?
      Porque o eu poético sente-se enterrado vivo, alguém que está no mundo mas não desfruta do que este pode lhe proporcionar, alguém que não sente-se útil para ninguém, ou, como dizem popularmente: alguém que morreu e esqueceram de enterrar.






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