Texto: O
computador liberta (Entrevista)
VEJA
– A maneira como a cultura do computador está se impondo às pessoas não pode
provocar uma reação dos indivíduos que se sentem escravizados por essa nova
máquina?
NEGROPONTE – Primeiro, não
tenha dúvida de que estamos no meio de uma revolução. (...) Na maioria dos
casos o uso do computador realmente liberta as pessoas, dá-lhes mais poder e
tempo de sobra para se divertir e trabalhar produtivamente.
A suposta reação à cultura do
computador, se existe mesmo, não é um movimento muito sério. Temas como
pornografia cibernética, dinheiro digital e propriedade intelectual nas redes
de computadores são muito complexos, trazem grande perturbação, e as pessoas
não sabem exatamente como reagir a eles. Nem as pessoas nem as empresas e muito
menos os governos. Tome o caso da Internet. A rede mundial de computadores se
desenvolve num modelo francamente contrário aos interesses do Estado-nação. Os
governos serão colocados diante de situações em que não poderão controlar o
fluxo de capital e informações. A perda de controle é inevitável, não há mais
como reverter esse processo.
VEJA
– Alguns estudiosos acreditam que a revolução tecnológica promovida pelos
computadores aumentará o abismo entre os países pobres e ricos. O que o senhor
acha?
NEGROPONTE – Eu sou otimista
com relação a isso. O abismo vai diminuir desde que os países saibam como abrir
caminho para a revolução. Uma das razões para meu otimismo é o fato de o preço
dos computadores estar caindo uma velocidade nunca vista em outro ramo da
indústria em qualquer tempo. A enorme população jovem dos países do Terceiro
Mundo pode vir a ter acesso às oportunidades de conhecimento e trabalho com que
as gerações anteriores não puderam nem sonhar.
VEJA
– O senhor acha que Albert Einstein se teria beneficiado com um computador?
NEGROPONTE – Sem dúvida.
VEJA
– O senhor costuma dizer que, cedo ou tarde, os caminhos da televisão vão se
cruzar com os do computador e logo não se poderá facilmente separá-los. Qual
será a consequência disso?
NEGROPONTE – O surpreendente
é que alguns programas de computador já são mais vistos do que os programas de
televisão. O exemplo clássico é o Windows. (...) A consequência lógica da
evolução que se observa hoje nesses campos é a fusão dos dois domínios. Isso
vai implicar transformações profundas na programação e principalmente na
legislação que hoje regula a atividade de imprensa, nos Estados Unidos e por
extensão no mundo ocidental. A legislação atual não pode dar conta de uma nova
realidade em que a programação de televisão será captada pelo computador, em
cujo vídeo muita gente vai ler o jornal diário. O jornal diário, por sua vez,
terá vídeo e som exatamente como o telejornal. Vai ser um desafio distinguir um
do outro. Colocar ordem legal nesse mundo novo será um problema complexo.
Haverá, certamente, muita tensão entre os empresários e o governo, mas os
usuários sairão lucrando no final.
Trechos da Entrevista com
Nicholas Negroponte.
Entrevistador: Eurípides Alcântara –
Veja, abril 26 jul. 19995.
Entendendo o texto:
01 – Preencha a ficha sobre
o texto:
Entrevistado: Nicholas Negroponte.
Entrevistador: Eurípedes Alcântara.
Publicação:
Nome do periódico: Revista Veja.
Data da publicação: 26 de julho de 1995.
Editora: Editora Abril.
Assunto: O computador como liberdade e como aumento do poder dos
indivíduos, como fonte de informação.
02 – Que considerações faz o
entrevistado sobre a força dos computadores e dos governos?
O computador vai
além das fronteiras, foge ao controle da lei e dos governos.
03 – Que pergunta você teria
feito ao entrevistado?
Resposta pessoal
do aluno.
04 – Você concorda com o
título do artigo, “O computador liberta”? Por quê?
Resposta pessoal
do aluno.
05 – O que mais lhe chamou a
atenção na entrevista?
Resposta pessoal
do aluno.
06 – Leia o texto com
atenção e preencha as lacunas com as palavras abaixo:
Ser admitida – experiência – não –
importante – candidato.
O uso do computador.
Na verdade, o mundo está
equivocado, virado pelo avesso por culpa do computador. Hoje, qualquer pessoa
para ser admitida numa empresa, a
primeira coisa que se pergunta é se tem experiência
em informática e dificilmente estão admitindo quem não
a tem, como se tal aprendizado fosse essencial, mais importante do que a educação, a capacidade realizadora e a
honestidade do candidato.
07 – Observe o uso da crase
nas frases
A
cultura do computador está se impondo às pessoas.
Os
jovens têm acesso às oportunidades de conhecimento e trabalho.
Agora, responda o que é a crase?
A crase é a
contração da preposição a com
o artigo feminino a.
Indicamos a crase pelo acento grave: à,
às.
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