sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

POESIA: DESCOBRIMENTO - MÁRIO DE ANDRADE - COM GABARITO

 Poesia: Descobrimento

             Mário de Andrade

Abancado à escrivaninha em São Paulo
Na minha casa da rua Lopes Chaves
De supetão senti um friúme por dentro.
Fiquei trêmulo, muito comovido
Com o livro palerma olhando pra mim.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_uzm90mkO1A9gCI_BLtJxb2lkiRRrFj4YxZIjzFgezyVsK3xmkOvRfRsJDirAlTwXWfPG8-UdTi_wukCJXYUVeP8T8zv6FuJ7kd-NYK4QvGLCQ-WMWGY6K05hKjwzSclYyvk9Fscy6Tfhyphenhyphen-hOuLE_VqrSGhbvUREF9zovypns2IwahQCGOCqs3dEDtxY/s320/Casa_Mario_de_Andrade_1.jpg


Não vê que me lembrei que lá no Norte, meu Deus!
muito longe de mim
Na escuridão ativa da noite que caiu
Um homem pálido magro de cabelo escorrendo nos olhos,
Depois de fazer uma pele com a borracha do dia,
Faz pouco se deitou, está dormindo.

Esse homem é brasileiro que nem eu.

ANDRADE, Mário de. Poesias completas. 3. ed. São Paulo: Martins Editora & Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1972, p. 150.

Fonte: livro Português: Língua e Cultura – Carlos Alberto Faraco – vol. único – Ensino Médio – 1ª edição – Base Editora – Curitiba, 2003. p. 490.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é o sentimento predominante no poema?

      O poema expressa um sentimento de melancolia e distanciamento. O eu lírico, em São Paulo, sente um "friúme por dentro" ao se lembrar de um homem brasileiro no Norte do país, distante de sua realidade.

02 – Que contraste é estabelecido no poema?

      O poema contrasta a vida do eu lírico em São Paulo, na "rua Lopes Chaves", com a vida de um trabalhador no Norte do Brasil. Enquanto o primeiro está "abancado à escrivaninha", o segundo, após um dia de trabalho árduo com borracha, "faz pouco se deitou, está dormindo".

03 – Qual é a importância do homem do Norte no poema?

      O homem do Norte representa a figura do brasileiro anônimo, trabalhador e distante dos centros urbanos. Sua presença no poema serve para despertar no eu lírico um sentimento de conexão e identificação, apesar da distância física e social.

04 – Como o poema aborda a questão da identidade nacional?

      Ao se referir ao homem do Norte como "brasileiro que nem eu", o poema levanta a questão da identidade nacional para além das diferenças regionais e sociais. O eu lírico reconhece no trabalhador do Norte um compatriota, um igual, com quem compartilha uma identidade brasileira comum.

05 – Qual é a linguagem utilizada no poema?

      A linguagem do poema é simples e direta, com versos livres e tom coloquial. Mário de Andrade utiliza expressões como "livro palerma" e "de supetão" para criar uma atmosfera de intimidade e proximidade com o leitor.

 

 

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