Soneto: HEROÍSMOS
Eu temo muito o mar, o mar
enorme,
Solene, enraivecido,
turbulento,
Erguido em vagalhões, rugindo
ao vento;
O mar sublime, o mar que nunca
dorme.
Eu temo o largo mar, rebelde,
informe,
De vítimas famélico, sedento,
E creio ouvir em cada seu
lamento
Os ruídos dum túmulo disforme.
Contudo, num barquinho
transparente,
No ser dorso feroz vou
blasonar,
Tufada a vela e n’água quase
assente,
E ouvindo muito ao perto o seu
bramar,
Eu rindo, sem cuidados,
simplesmente,
Escarro, com desdém, no grande
mar!
Biblioteca Virtual do
Estudante Brasileiro. http://www.bibvirt.futuro.usp.br.
Fonte: livro Português:
Língua e Cultura – Carlos Alberto Faraco – vol. único – Ensino Médio – 1ª
edição – Base Editora – Curitiba, 2003. p. 539.
Entendendo o soneto:
01 – Qual é o tema central do
soneto?
O tema central do
soneto é a dualidade entre o medo e a coragem. O "eu" lírico expressa
um profundo temor do mar, mas, paradoxalmente, demonstra um comportamento
desafiador e até mesmo zombeteiro diante dele.
02 – Como o poeta descreve o
mar nos primeiros versos?
O poeta descreve
o mar como algo temível, enorme, solene, enraivecido, turbulento, com vagalhões
e rugidos. Ele personifica o mar, atribuindo-lhe características humanas como
fome e sede de vítimas, e o associa à imagem de um túmulo disforme.
03 – O que representa o
"barquinho transparente" no contexto do poema?
O "barquinho
transparente" representa a fragilidade do ser humano diante da força da
natureza. Apesar do medo e da consciência da sua vulnerabilidade, o
"eu" lírico escolhe desafiar o mar, navegando em sua dorso feroz.
04 – Qual é a atitude final do
poeta em relação ao mar?
A atitude final
do poeta é de desafio e desprezo. Ele blasfema no dorso do mar, tufa a vela,
navega com aparente despreocupação e escarra, com desdém, no grande mar. Essa
atitude pode ser interpretada como uma forma de superar o medo através da
bravata.
05 – Que tipo de
"heroísmo" é apresentado no soneto?
O soneto
apresenta um tipo de "heroísmo" peculiar. Não se trata de um heroísmo
grandioso e épico, mas sim de um ato de coragem individual e até mesmo um pouco
irresponsável. O poeta enfrenta o seu medo do mar, não por um objetivo nobre ou
uma causa maior, mas sim por uma necessidade pessoal de autoafirmação e
superação.
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