Soneto: Ao casamento de Pedro Álvares da Neiva
Gregório de Matos
Sete anos a nobreza da Bahia
Servia a uma pastora Indiana, e bela,
Porém servia a Índia, e não a
ela,
Que a Índia só por prêmio
pretendia.
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Mil dias na esperança de um só dia
Passava, contentando-se com
vê-la,
Mas frei Tomás usando de
cautela,
deu-lhe o vilão, quitou-lhe a
fidalguia.
Vendo o Brasil, que por tão
sujos modos
Se lhe usurpara a sua Dona
Elvira,
Quase a golpes de um maço e de
uma goiva:
Logo, se arrependeram de amar
todos,
E qualquer mais amara, se não
vira
Para tão limpo amor tão suja
noiva.
MATOS, Gregório de. Obra poética. vol. 1. 2. ed. Rio de Janeiro: Record,
1990, p. 678.
Fonte: livro Português:
Língua e Cultura – Carlos Alberto Faraco – vol. único – Ensino Médio – 1ª
edição – Base Editora – Curitiba, 2003. p. 449-450.
Entendendo o soneto:
01 – Qual é o tema central do
soneto?
O tema central do
soneto é o casamento de Pedro Álvares da Neiva com uma mulher considerada
"suja" e de baixa classe social, o que causa espanto e indignação na
nobreza da Bahia.
02 – Quem é a "pastora
Indiana" mencionada no soneto?
A "pastora
Indiana" é a noiva de Pedro Álvares da Neiva. Ela é descrita como bela,
mas de origem indígena e, portanto, considerada inferior socialmente pela
nobreza da Bahia.
03 – Qual é a crítica presente
no soneto?
A crítica
presente no soneto é dirigida à nobreza da Bahia, que se escandaliza com o casamento
de Pedro Álvares da Neiva com uma mulher de origem indígena e de baixa classe
social. Gregório de Matos questiona os critérios da nobreza, que valoriza mais
a posição social do que o amor e a virtude.
04 – O que significa a
expressão "deu-lhe o vilão, quitou-lhe a fidalguia"?
Essa expressão se
refere ao fato de que Pedro Álvares da Neiva, ao se casar com a "pastora
Indiana", perdeu sua posição social e passou a ser considerado um
"vilão" pela nobreza da Bahia.
05 – Qual é o tom geral do
soneto?
O tom geral do soneto é irônico e
satírico. Gregório de Matos utiliza a linguagem para criticar a hipocrisia e o
preconceito da nobreza da Bahia, que se julga superior às outras classes
sociais.
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