Texto: TEATRO E ESCOLA – O PAPEL DE EDUCAR
Teatro e escola, em princípio, parecem
ser espaços distintos, que desenvolvem atividades completamente diferentes. Em
contraposição ao ambiente normalmente fechado da sala de aula e aos seus
assuntos pretensamente “sérios”, o teatro se configura como um espaço de lazer
e diversão. Entretanto, se examinarmos as origens do teatro, ainda na Grécia
antiga, veremos que teatro e escola sempre caminharam juntos, mais do que se
imagina.
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O teatro grego apresentava uma função
eminentemente pedagógica. Com suas tragédias, Sófocles e Eurípedes não visavam
apenas à diversão da plateia, mas também e, sobretudo, pôr em discussão certos
temas que dividiam a opinião pública naquele momento de transformação da
sociedade grega. Poderia um filho desposar a própria mãe, depois de ter
assassinado o pai de forma involuntária (tema de Édipo rei)? Poderia uma mãe
assassinar os filhos e depois matar-se por causa de um relacionamento amoroso
(tema de Medeia e ainda atual, como comprova o caso da cruel mãe americana que,
há alguns anos, jogou os filhos no lago para poder namorar mais
livremente)?
Naquela sociedade, que vivia a
transição dos valores míticos, baseados na tradição religiosa, para os valores
da polis, isto é, aqueles resultantes da formação do Estado e suas leis, o
teatro cumpria um papel político e pedagógico, à medida que punha em xeque e em
choque essas duas ordens de valores e apontava novos caminhos para a
civilização grega. “Ir ao teatro”, para os gregos, não era apenas diversão, mas
uma forma de refletir sobre o destino da própria comunidade em que se vivia,
bem como sobre valores coletivos e individuais.
Deixando de lado as diferenças
obviamente existentes em torno dos gêneros teatrais (tragédia, comédia, drama),
em que o teatro grego, quanto a suas intenções, diferia do teatro moderno? Para
Bertolt Brecht, por exemplo, um dos mais significativos dramaturgos modernos, a
função do teatro era, antes de tudo, divertir. Apesar disso, suas peças tiveram
um papel essencialmente pedagógico, voltadas para a conscientização de
trabalhadores e para a resistência política na Alemanha nazista dos anos 30 do
século XX.
O teatro, ao apresentar situações de
nossa própria vida – sejam elas engraçadas, trágicas, políticas, sentimentais,
etc. –, põe o homem a nu, diante de si mesmo e de seu destino. Talvez na
instantaneidade e na fugacidade do teatro resida todo o encanto e sua magia: a
cada representação, a vida humana é recontada e exaltada. O teatro ensina, o
teatro é escola. É uma forma de vida de ficção que ilumina com seus holofotes a
vida real, muito além dos palcos e dos camarins.
Que o teatro seja uma forma alternativa
de ensino e aprendizagem é inegável. A escola sempre teve muito a aprender com
o teatro, assim como este, de certa forma, e em linguagem própria, complementa
o trabalho de gerações de educadores, preocupados com a formação plena do ser
humano.
Quisera as aulas também pudessem ter o
encanto do teatro: a riqueza dos cenários, o cuidado com os figurinos, o envolvimento
da música, o brilho da iluminação, a perfeição do texto e a vibração do
público. Vamos ao teatro!
Ciley Cleto, professora
de Língua Portuguesa, em São Paulo. Disponível: IFCE. Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará- Coordenadoria Geral de Seleção e
Concursos vestibular 2011.
Fonte: Livro –
Português: Linguagens, Vol. Único. William Roberto Cereja, Thereza Cochar
Magalhães. Ensino Médio, 1ª ed. 4ª reimpressão – São Paulo: ed. Atual, 2003. p.
445-446.
Entendendo o texto:
01 – Qual é a aparente
contradição entre teatro e escola apontada no texto?
O texto aponta
que teatro e escola parecem ser espaços distintos, com atividades diferentes. A
escola é vista como um ambiente fechado com assuntos "sérios",
enquanto o teatro é associado a lazer e diversão.
02 – Qual é a origem da
ligação entre teatro e escola, segundo o texto?
O texto afirma
que a ligação entre teatro e escola remonta à Grécia antiga, onde o teatro
tinha uma função pedagógica importante.
03 – Qual era a função do
teatro na Grécia antiga?
O teatro grego
não servia apenas para diversão, mas também para discutir temas que dividiam a
opinião pública e questionar valores da sociedade em transformação. Era uma
forma de reflexão sobre o destino da comunidade e os valores coletivos e
individuais.
04 – Qual é a diferença entre
o teatro grego e o teatro moderno em relação às suas intenções?
O teatro grego,
especialmente a tragédia, tinha uma intenção pedagógica e política, enquanto o
teatro moderno, como o de Bertolt Brecht, pode ter como objetivo principal o
entretenimento. No entanto, mesmo buscando divertir, o teatro moderno pode ter
um papel pedagógico, como o teatro de Brecht, que visava à conscientização
política.
05 – Qual é a principal
característica do teatro que o torna uma forma alternativa de ensino e
aprendizagem?
O teatro tem a
capacidade de apresentar situações da vida real de forma ficcional, o que
permite ao espectador se colocar diante de si mesmo e refletir sobre seu
destino. A experiência teatral é única e efêmera, mas pode ter um impacto
duradouro na vida das pessoas.
06 – O que a escola pode
aprender com o teatro, segundo o texto?
A escola pode
aprender com o teatro a tornar o ensino mais envolvente e interessante, utilizando
recursos como cenários, figurinos, música, iluminação e textos bem elaborados.
O teatro pode servir de inspiração para criar aulas mais dinâmicas e
participativas.
07 – Qual é a mensagem final
do texto sobre a relação entre teatro e escola?
O texto conclui
que teatro e escola são espaços que se complementam na formação do ser humano.
O teatro é uma forma de ensino e aprendizagem alternativa que pode enriquecer a
experiência escolar e contribuir para a formação de cidadãos mais críticos e
conscientes.
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