POEMA: À BEM-AMADA
Jorge de Lima
Amada, não penses,
escutemos a chuva que o
inverno chegou.
Sejamos as árvores que Deus
semeou
sem nunca O ouvir, sem nunca O
olhar
serenos, morramos sem nos
separar.
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Renunciemos, amada, os vãos
pensamentos,
cumpramos apenas a lei do
Senhor
sem nunca O ouvir, sem nunca O
tocar,
sem nunca duvidar, duvidar,
duvidar.
Soframos, amada, sem nos
lamentar.
Sejamos as árvores que Deus
esqueceu,
que o vento abalou e o raio
abateu.
Amada! Amada!
Bem-aventurado quem já
morreu.
Escutemos a chuva,
que a chuva é de Deus!
LIMA, Jorge de. Poemas
Negros. Rio de Janeiro: Alfaguará, 2016, p. 158.
Entendendo o poema:
01 – Qual é o tema central do
poema "À Bem-Amada"?
O poema reflete
sobre a aceitação do destino e a entrega à vontade divina, mesmo diante do
sofrimento e da incerteza. Através da metáfora das árvores, o poeta expressa a
ideia de uma existência passiva e resignada, que se cumpre sem questionamentos.
02 – Qual o significado da
repetição do verso "sem nunca O ouvir, sem nunca O olhar"?
A repetição
enfatiza a ideia de uma fé cega, desprovida de contato ou compreensão. As
árvores, que servem de metáfora para o casal, representam a crença sem
questionamentos, a aceitação do destino sem a necessidade de entender os
desígnios divinos.
03 – Que papel a natureza
desempenha no poema?
A natureza,
representada pela chuva, pelas árvores, pelo vento e pelo raio, assume um papel
central no poema. Ela simboliza tanto a força implacável do destino quanto a
presença divina. A chuva, em particular, é vista como uma manifestação de Deus.
04 – Qual a importância da
figura da "Bem-Amada" no poema?
A "Bem-Amada"
é a interlocutora do poeta, a quem ele dirige suas reflexões sobre a vida, a fé
e o sofrimento. Ela representa a companheira ideal para compartilhar a jornada
de aceitação e entrega ao destino.
05 – Qual o tom geral do poema
"À Bem-Amada"?
O poema possui um
tom de resignação e entrega. O poeta convida a amada a aceitar o destino com
serenidade, sem lamentações, assim como as árvores que "morrem sem se
separar". Há, no entanto, um vislumbre de esperança na crença de que a
chuva é uma manifestação divina.
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