terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

POESIA: A CRUZ DA ESTRADA - CASTRO ALVES - COM GABARITO

 Poesia: A cruz da estrada

            Castro Alves

Caminheiro que passas pela estrada,
Seguindo pelo rumo do sertão,
Quando vires a cruz abandonada,
Deixa-a em paz dormir na solidão.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDrz_rmH-rctY7IsJhYwIUBRdZTJqJR2faBh5ThxySta177QTDhQ1Me8PnjG1bMAxC9JUi8QvkVdds2S8Oh7gI6HFUhLkC4ZUgkJaOT42AZAaNfm3bRKrk2P2tUxjPPZmhyphenhyphen1IWkXLTA8GNhKwFfK3V_tMa_p2IWTl2mukYWxdIYGwQWBmvo5aFHff1S0E/s320/CRUZ.jpg


Que vale o ramo do alecrim cheiroso
Que lhe atiras nos braços ao passar?
Vais espantar o bando buliçoso
Das borboletas, que lá vão pousar.

É de um escravo humilde sepultura,
Foi-lhe a vida o velar de insônia atroz.
Deixa-o dormir no leito de verdura,
Que o Senhor dentre as selvas lhe compôs.

Não precisa de ti. O gaturamo
Geme, por ele, à tarde, no sertão.
E a juriti, do taquaral no ramo,
Povoa, soluçando, a solidão.

Dentre os braços da cruz, a parasita,
Num abraço de flores, se prendeu.
Chora orvalhos a grama, que palpita;
Lhe acende o vaga-lume o facho seu.

Quando, à noite, o silêncio habita as matas,
A sepultura fala a sós com Deus.
Prende-se a voz na boca das cascatas,
E as asas de ouro aos astros lá nos céus.

Caminheiro! do escravo desgraçado
O sono agora mesmo começou!
Não lhe toques no leito de noivado,
Há pouco a liberdade o desposou.

CASTRO ALVES, A. Os escravos. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1964, p. 42-43.

Fonte: livro Português: Língua e Cultura – Carlos Alberto Faraco – vol. único – Ensino Médio – 1ª edição – Base Editora – Curitiba, 2003. p. 468.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é o tema central do poema "A Cruz da Estrada"?

      O tema central do poema é o respeito e a reverência devidos à sepultura de um escravo, marcada por uma cruz à beira da estrada. O poeta convida o caminhante a não perturbar o descanso do falecido, enfatizando a importância de seu sono e de sua liberdade recém-conquistada.

02 – Que elementos da natureza são mencionados no poema e qual o seu significado?

      O poema menciona diversos elementos da natureza, como o alecrim, as borboletas, o gaturamo, a juriti, a parasita, o orvalho, o vaga-lume, as cascatas e os astros. Esses elementos simbolizam a integração do escravo com a natureza, que se torna seu leito de descanso e testemunha de sua história. A natureza também representa a liberdade e a beleza que o escravo não pôde desfrutar em vida.

03 – Qual é a mensagem principal do poema em relação à escravidão?

      A mensagem principal do poema é uma crítica à escravidão e uma exaltação da liberdade. O poeta expressa sua compaixão pelo escravo que sofreu durante a vida e agora pode descansar em paz. A cruz à beira da estrada se torna um símbolo da luta pela liberdade e da memória daqueles que foram oprimidos.

04 – Que imagens poéticas são utilizadas para descrever a sepultura do escravo?

      O poema utiliza diversas imagens poéticas para descrever a sepultura do escravo, como "leito de verdura", "braços da cruz", "abraço de flores" e "leito de noivado". Essas imagens evocam a ideia de um lugar de descanso e de união com a natureza, onde o escravo encontra paz e liberdade.

05 – Qual é o tom geral do poema e que sentimentos ele transmite?

      O tom geral do poema é de respeito, compaixão e reverência. O poeta convida o caminhante a ter um olhar piedoso sobre a sepultura do escravo, reconhecendo sua história de sofrimento e sua busca por liberdade. O poema transmite sentimentos de tristeza pela escravidão, mas também de esperança e de consolo, ao imaginar o escravo livre e descansando em paz.

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário