domingo, 16 de fevereiro de 2025

POEMA: BOA NOITE - CASTRO ALVES - COM GABARITO

 Poema: Boa Noite

              Castro Alves

Boa noite, Maria! Eu vou-me embora.
A lua nas janelas bate em cheio.
Boa noite, Maria! É tarde... é tarde. .
Não me apertes assim contra teu seio.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi-0LhyphenhyphenoV3qeLPeWkSbIq6IzX0k-J4dwUrwPS3X1VQaxVNj28bComTcIPBa5tceHIA0hIxHSxXfdWP7sb15b4rhd-3slOC_9RFG2aJwKkiLUm7SGEUbeugdeXbP5NTsQJ07LV_iXHUUUjFNPv43-6tczZZeWHE46kYgkMtB43MPouoie6Ho10AAgJbchZI/s1600/JANELA.jpg



Boa noite! ... E tu dizes - Boa noite.
Mas não digas assim por entre beijos...
Mas não mo digas descobrindo o peito,
— Mar de amor onde vagam meus desejos!

Julieta do céu! Ouve... a calhandra
já rumoreja o canto da matina.
Tu dizes que eu menti? ... pois foi mentira...
Quem cantou foi teu hálito, divina!

Se a estrela-d'alva os derradeiros raios
Derrama nos jardins do Capuleto,
Eu direi, me esquecendo d'alvorada:
"É noite ainda em teu cabelo preto..."

É noite ainda! Brilha na cambraia
— Desmanchado o roupão, a espádua nua
O globo de teu peito entre os arminhos
Como entre as névoas se balouça a lua. . .

É noite, pois! Durmamos, Julieta!
Recende a alcova ao trescalar das flores.
Fechemos sobre nós estas cortinas...
— São as asas do arcanjo dos amores.

A frouxa luz da alabastrina lâmpada
Lambe voluptuosa os teus contornos...
Oh! Deixa-me aquecer teus pés divinos
Ao doudo afago de meus lábios mornos.

Mulher do meu amor! Quando aos meus beijos
Treme tua alma, como a lira ao vento,
Das teclas de teu seio que harmonias,
Que escalas de suspiros, bebo atento!

Ai! Canta a cavatina do delírio,
Ri, suspira, soluça, anseia e chora. . .
Marion! Marion!... É noite ainda.
Que importa os raios de uma nova aurora?!...

Como um negro e sombrio firmamento,
Sobre mim desenrola teu cabelo...
E deixa-me dormir balbuciando:
— Boa noite! — formosa Consuelo.

ALVES, C. Espumas Flutuantes, 1870.

Fonte: Livro – Português: Linguagens, Vol. Único. William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. Ensino Médio, 1ª ed. 4ª reimpressão – São Paulo: ed. Atual, 2003. p. 192.

Entendendo o poema:

01 – Qual é o tema central do poema "Boa Noite"?

      O tema central do poema é o amor e o desejo, expressos através da despedida de um amante e sua amada. À noite, com sua atmosfera romântica e sensual, serve de cenário para a paixão dos dois.

02 – Quem são os personagens principais do poema?

      Os personagens principais são o amante, que se dirige à amada, chamada Maria, Consuelo ou Julieta, e a própria amada, que responde com um "Boa noite" carregado de emoção.

03 – Qual é o tom predominante do poema?

      O tom predominante do poema é apaixonado e sensual. O amante expressa seu amor e desejo de forma intensa, utilizando metáforas e comparações para descrever a beleza e o encanto da amada.

04 – Que recursos poéticos Castro Alves utiliza para expressar a intensidade do amor no poema?

      Castro Alves utiliza diversos recursos poéticos, como metáforas ("Mar de amor onde vagam meus desejos"), comparações ("Como entre as névoas se balouça a lua"), exclamações ("Julieta do céu!"), interrogações retóricas ("Que importa os raios de uma nova aurora?!"), aliterações ("frouxa luz da alabastrina lâmpada") e assonâncias ("Ri, suspira, soluça, anseia e chora").

05 – Qual é o significado do verso "É noite ainda em teu cabelo preto..."?

      Esse verso expressa o desejo do amante de que a noite e o momento de amor não terminem. Ele se encanta com a beleza da amada e quer prolongar a experiência, mesmo que o dia já esteja amanhecendo.

06 – Por que a amada é chamada de Julieta no poema?

      A amada é chamada de Julieta em referência à personagem da tragédia de Shakespeare, "Romeu e Julieta". Essa comparação sugere um amor intenso e proibido, que enfrenta obstáculos e desafios.

07 – Qual é a importância do título "Boa Noite" para o poema?

      O título "Boa Noite" é irônico, já que o poema não se limita a uma simples saudação noturna. Ele representa o início de um diálogo amoroso e apaixonado, que se desenrola durante a noite e se estende até o amanhecer. À noite, no poema, é um espaço de intimidade, amor e desejo.

 

 

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