domingo, 1 de dezembro de 2024

HISTÓRIA: LEVIATÃ - FRAGMENTO- THOMAS HOBBES - COM GABARITO

 História: Leviatã – Fragmento

              Thomas Hobbes

        [...]

        É certo que há algumas criaturas vivas, como as abelhas e as formigas, que vivem sociavelmente um com as outras (e por isso são contadas por Aristóteles entre as criaturas políticas), sem outra direção senão seus juízos e apetites particulares, nem linguagem através da qual possam indicar umas às outras o que consideram adequado para o benefício comum. Assim, talvez haja alguém interessado em saber por que a humanidade não pode fazer o mesmo. Ao que tenho a responder o seguinte.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGgYtil6lb2ZNV9ML-bmtTsbfl5IwRz07ZQ9iaZWZYa1xq6J-ILDg7-p8G4BWeR1-ppJ6PYoR41-T__pr3EgAdMo2xlYxqTfn3613hpluYL9Vg2pNntwo7ixjlm9K141Lke9rU75lJ_GEX1kZ67Ftcm20HPIxF15KgZvRRr8Ohl5qtqo8DbYXpaP7JZSw/s320/SOCIAL.jpeg


        Primeiro, que os homens estão constantemente envolvidos numa competição pela honra e pela dignidade, o que não ocorre no caso dessas criaturas. E é devido a isso que surgem entre os homens a inveja e o ódio, e finalmente a guerra, ao passo que entre aquelas criaturas tal não acontece.

        Segundo, que entre essas criaturas não há diferença entre o bem comum e o bem individual e, dado que por natureza tendem para o bem individual, acabam por promover o bem comum. Mas o homem só encontra felicidade na comparação com os outros homens, e só pode tirar prazer do que é eminente.

        Terceiro, que, como essas criaturas não possuem (ao contrário do homem) o uso da razão, elas não veem nem julgam ver nenhum erro na administração de sua existência comum. Ao passo que entre os homens são em grande número os que se julgam mais sábios e mais capacitados que os outros para o exercício do poder público. E esses esforçam-se por empreender reformas e inovações, uns de uma maneira e outros doutra, acabando assim por levar o país à desordem e à guerra civil. [...]

Thomas Hobbes. “Leviatã”. In: Os pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 2004, p. 142.

Fonte: Linguagem em Movimento – língua Portuguesa Ensino Médio – vol. 1 – 1ª edição – FTD. São Paulo – 2010. Izeti F. Torralvo/Carlos A. C. Minchillo. p. 291.

Entendendo a história: 

01 – Qual a principal diferença entre a organização social de abelhas e formigas e a dos seres humanos, segundo Hobbes?

      A principal diferença reside na busca por honra e dignidade. Enquanto as abelhas e formigas agem por instinto e visam o bem comum de forma natural, os seres humanos são motivados pela competição, pela inveja e pelo desejo de superioridade. Essa busca constante por reconhecimento e poder leva à desordem e à guerra entre os homens.

02 – Como Hobbes explica a dificuldade dos seres humanos em viver em sociedade sem um poder central?

      Hobbes argumenta que a ausência de um poder central forte leva à guerra de todos contra todos, pois os homens são, por natureza, egoístas e ambiciosos. Sem um poder capaz de impor a ordem e garantir a segurança, os indivíduos se veem constantemente ameaçados e competem uns com os outros por recursos e poder.

03 – Qual a importância da razão na organização social, segundo Hobbes?

      A razão, para Hobbes, é uma ferramenta ambígua. Por um lado, ela permite aos homens reconhecer a necessidade de um poder comum para garantir a paz e a segurança. Por outro lado, a crença na própria sabedoria e a busca por reformas levam à desordem e à guerra civil, pois os homens discordam sobre a melhor forma de organizar a sociedade.

04 – Como Hobbes concebe o bem comum?

      Para Hobbes, o bem comum é subjetivo e varia de acordo com os interesses de cada indivíduo. Não existe um bem comum objetivo e universal, mas sim uma busca constante por satisfazer os desejos e as necessidades individuais. A busca por poder e reconhecimento é, portanto, uma expressão do egoísmo humano e impede a construção de um bem comum compartilhado.

05 – Qual a relação entre a natureza humana e a formação do Estado, segundo Hobbes?

      Hobbes estabelece uma relação direta entre a natureza humana e a formação do Estado. A natureza egoísta e competitiva dos homens torna a vida em estado de natureza, ou seja, sem um poder central, insustentável. Para garantir a paz e a segurança, os homens devem renunciar a parte de sua liberdade e estabelecer um contrato social, submetendo-se ao poder de um soberano absoluto.

06 – Qual o papel do soberano no Estado hobbesiano?

      O soberano, segundo Hobbes, possui um poder absoluto e indivisível, sendo a única fonte de lei e ordem na sociedade. Sua função é garantir a segurança dos súditos e evitar que eles retornem ao estado de natureza. O soberano pode ser um indivíduo ou uma assembleia, mas em ambos os casos, seu poder deve ser irrestrito.

07 – Quais as críticas que podem ser feitas à teoria política de Hobbes?

      A teoria política de Hobbes tem sido criticada por diversos autores, que apontam, por exemplo, o caráter excessivamente pessimista de sua visão da natureza humana e a justificativa do poder absoluto do soberano. Outras críticas se referem à falta de limites ao poder do soberano e à possibilidade de abusos por parte deste.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário