sábado, 1 de setembro de 2018

CONTO: O DOUTOR SARACURA - SÉRGIO AUGUSTI TEIXEIRA - COM GABARITO


Conto: O DOUTOR SARACURA

        Anda que anda, Pedro Malasarte chegou a uma cidade onde o maior edifício era o hospital. Havia para mais de trezentos enfermos ali internados, cada um deles padecendo dos mais variados males.
        Pedro Malasarte matutou um pouco e foi procurar o diretor do hospital.
        — Não há mais lugar – foi lhe dizendo este ao vê-lo entrar, com medo que fosse mais um doente.
        Realmente, velho e cansado, o doutor Pulsação já não conseguia dar contar de tantos enfermos. E estava ficando difícil arranjar comida e roupa lavada para toda aquela gente. É que mais da metade era de espertalhões que se fingiam de doentes para comer e beber de graça.
        — Meu bom colega – disse Pedro Malasarte. – Imagine que soube das suas dificuldades e viajei de muito longe para ajudá-lo. Meu nome é doutor Saracura e já acabei com muitas epidemias. Pela módica importância de duzentas moedas prometo esvaziar seu hospital amanhã ao meio-dia.
        O velho diretor ficou exultante. Estava mais do que barato. O grande médico estrangeiro ia pôr toda aquela gente na rua, curada!
        Havia muitos doentes de verdade, aleijados, paralíticos, loucos... Mas Pedro Malasarte deu um jeito de se aproximar de um por um, sempre com a pose de um grande doutor, e, fingindo examiná-los dizia-lhes no ouvido:
        — Homem, quem não estiver em condições de sair correndo pela porta da rua amanhã ao meio-dia, será torrado para se preparar um xarope para os outros.
        Mesmo os que estavam em pior estado – e até os loucos – compreenderam muito bem suas palavras e arregalaram os olhos. E todos trataram de preparar suas trouxas para escapulir dali logo que pudessem.
        No dia seguinte, Pedro Malasarte mandou abrir de par em par os portões do hospital.
        Então subiu até a enfermaria, junto com o doutor Pulsação, e bradou:
        — Quem se sentir curado pode sair correndo pelo portão!
        Não ficou um só doente na cama. Todos, sem exceção, dos que tinham bronquite a dor de cabeça, pularam do leito e, com a trouxa nas costas, trataram de dar o fora com quantas pernas tinham. E os que não tinham pernas ou eram paralíticos arranjaram quem os carregasse.
        O doutor Pulsação ficou boquiaberto com aquele milagre. Em poucos minutos o hospital ficou deserto. O único paciente que permaneceu deitado foi o que morrera de noite e por isso mesmo não podia se levantar.
        Pagou ao extraordinário médico estrangeiro as duzentas moedas pedidas, ao que este se despediu:
        — Tenho muito que fazer em outras terras.
        Passou-se uma semana na mais perfeita paz. O doutor Pulsação nunca tivera tanto sossego. Então, meio ressabiados, começaram a voltar os doentes. Mas só os doentes de verdade, que não se aguentavam em pé. Os outros, os aproveitadores, resolveram ficar longe do hospital onde se torrava gente para fazer remédio...

TEIXEIRA. Sérgio Augusti. As aventuras de Pedro Malasarte.
Rio de Janeiro, Ediouro.
Entendendo o conto:
01 – Substitua as palavras destacadas nas orações por outras de mesmo sentido.
a)   “... cada um deles padecendo dos mais variados males.”
“... cada um deles sofrendo dos mais variados males.”

b)   “O velho diretor ficou exultante.”
“O velho diretor ficou alegre, jubiloso.”

c)   “Pela módica importância de duzentas moedas prometo esvaziar seu hospital.”
“Pela insignificante importância de duzentas moedas prometo esvaziar seu hospital.”

d)   “Então subiu até a enfermaria junto com o doutor Pulsação, e bradou:”
“Então subiu até a enfermaria junto com o doutor Pulsação, e falou.”

e)   “Então, meio ressabiados, começaram a voltar os doentes.”
“Então, meio cismados, começaram a voltar os doentes.”

02 – O que mais chamou a atenção de Pedro Malasarte ao chegar à cidade?
      A quantidade de pessoas enfermas internadas no hospital.

03 – É possível identificar o tamanho da cidade? Justifique sua resposta com elementos do texto.
      Sim. “Chegou a uma cidade onde o maior edifício era o hospital.”

04 – Por que algumas pessoas fingiam que estavam doentes?
      Porque podiam comer e beber de graça.

05 – Qual o sentido da expressão “... trataram de dar o fora com quantas pernas tinham”?
      Que saíram o mais rápido possível de dentro do hospital.

06 – Assinale a alternativa que melhor caracteriza a personalidade de Pedro Malasarte e, em seguida, justifique sua resposta.
(A) Caridoso por ajudar o diretor do hospital.
(B) Aproveitador por se aproveitar de uma situação para levar vantagem.
(C) Generoso por prestar serviços comunitários na cidade.
(D) Afetuoso por ajudar a cuidar de doentes em um hospital.

07 – Depois de executado o plano de Pedro Malasarte, o hospital permaneceu vazio por muito tempo? Justifique sua resposta com elementos do texto.
      “Passou-se uma semana na mais perfeita paz.”

08 – Qual é o nome que Pedro Malasarte usou para se apresentar ao diretor do hospital?
      Ele se apresentou como sendo o Doutor Saracura.

09 – Por que os pacientes deixaram o hospital correndo?
      Porque o doutor Saracura, disse aos pacientes que, quem não estiver em condições de sair correndo pela porta, seria torrado para servir de remédio para os outros.

10 – Quando o Pedro Malasarte, subiu junto com o Doutor Pulsação até a enfermaria. O que ele disse aos pacientes?
      “Quem se sentir curado pode sair correndo pelo portão.”

11 – Após o milagre, quem voltou ao hospital?
      Só os doentes de verdade, é que começaram a voltar ao hospital.

12 – A personagem principal Pedro Malasarte representa no texto:
(A) as pessoas que são ludibriadas por outras.
(B) as pessoas que só querem levar vantagens sobre as outras pessoas.
(C) a classe dos médicos que curam doentes.
(D) a classe dos doentes que precisam de atendimentos médicos.

13 – Sobre o espaço da narrativa, é correto afirmar que:
(A) é centralizado em ambientes diretamente ligados a doentes: hospital, farmácia, posto de saúde.
(B) a maior parte do desenvolvimento da narrativa acontece em um hospital de uma cidade pequena.
(C) os lugares por onde “anda que anda” Pedro Malasarte.
(D) não é descrito no conto apresentado.

14 – O conto popular de Pedro Malasarte tem como objetivo:
(A) proporcionar momentos de lazer e diversão na leitura.
(B) apresentar modelos de comportamento.
(C) transmitir valores e concepções próprios da sociedade.
(D) nenhuma das alternativas anteriores.

15 – De acordo com as sequências de ações ou frases descritas, identifique na estrutura do conto a situação inicial, o desenvolvimento, o conflito, a frase indicadora do clímax e o desfecho.
a) “— Quem se sentir curado pode sair correndo pelo portão!”
      Indicadora do clímax.

b) O Hospital estava cheio de espertalhões que se fingiam de doentes para comer e beber de graça.
      O conflito.

c) Pedro Malasarte chega à cidade e observa o hospital.
      Situação inicial.

d) Pedro Malasarte, o Dr. Saracura, faz uma proposta ao diretor do hospital.
      O desenvolvimento.

e) Não ficou um só doente na cama. O Dr. Saracura espantou os espertalhões e apenas os doentes de verdade voltaram ao hospital uma semana depois para serem tratados.
      O desfecho.

16 – Você acredita que existem pessoas como Pedro Malasarte que se aproveitam das situações para levar vantagens sobre as outras pessoas? Justifique sua resposta.
      Resposta pessoal do aluno.

17 – Você já deve ter ouvido vários contos nessa sua “vida escolar”. De qual você mais gostou? Quem lhe contou? Faça um breve comentário sobre a história.
      Resposta pessoal do aluno.








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