domingo, 15 de novembro de 2020

NOTÍCIA: O USO DA IMAGEM NAS REDES SOCIAIS...PARA O BEM E PARA O MAL - PALOMA WILM - COM GABARITO

 NOTÍCIA: O uso da imagem nas redes sociais... para o bem e para o mal

                                Paloma Wilm

 Com o advento do cinema e, mais tarde, da televisão, no século passado, a visibilidade se tornou um valor socialmente reconhecido. Chamado de “o século das comunicações”, o século XX foi um período em que a imagem assumiu um estatuto inteiramente novo, porque passou a ser produzida em série para consumo em escala massiva, antes inimaginável. A partir daí, a lógica do estar visível foi, aos poucos, contaminando a sociedade como um todo, segundo a professora Rosaly Brito, da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal do Pará (UFPA).

Uma forma intensa de fazer esse culto à imagem, hoje, é por meio da internet, que parte, que, antes, era privada. Status de relacionamentos, lugares em que passaram as férias, fotos pessoais, entre muitos outros dados, são amplamente divulgados na rede.

 Comodidade – Segundo a professora, a internet “cria facilidades sem as quais acho que já não conseguiríamos viver hoje, para a pesquisa, para a busca da informação, para a mobilização social, enfim. O problema não é do meio em si, que é um dos mais importantes avanços que o homem produziu como forma de se comunicar, mas dos usos que se faz dele, para o bem e para o mal.”

Pedro Bragança, jornalista e consultor em mídias sociais, conta que “as pessoas precisam, cada vez mais, ter em mente que um conteúdo publicado na internet (seja uma foto, um vídeo, seja até um comentário), que outrora só era acessível ao grupo de amigos que tinham acesso a um computador com internet, hoje pode ser visto pelos seus pais, professores, colegas de profissão e até pelo seu chefe, e compartilhados com o mundo inteiro.”

Riscos – Uma questão bastante discutida, atualmente, é sobre a segurança nas grandes e médias cidades, a qual se tornou um dos principais problemas deste século. A despeito disso, as pessoas estão se expondo ao extremo, sobretudo quando mostram a sua intimidade, seus vínculos amorosos, sua casa, seu percurso.

“Ora, se as cidades não estão seguras, por que devo informar amplamente sobre todos os meus passos? Fora isso, por que devo externalizar na escala da rede mundial de computadores aquilo que deveria dizer respeito somente a mim, a minha privacidade, ao círculo mais próximo de amigos e familiares?”, pergunta-se a professora Rosaly. A seu ver, em grande medida, isso acontece “porque as pessoas estão muito sós, precisam desesperadamente de uma escuta, de algum reconhecimento, ainda que isso se dê ao preço de uma superexposição na rede.”

“Na internet, você é o que você publica, então, é preciso responsabilidade na hora de postar qualquer conteúdo. Assim como ele pode ajudar a impulsionar sua carreira, ampliar sua rede de contatos profissionais e até te tornar famoso por sua criatividade, também pode te transformar em chacota entre seus colegas de trabalho e te trazer constrangimentos para toda a vida. É uma via de mão dupla que pode ser boa ou ruim, dependendo da forma como você utiliza e, principalmente, do seu bom senso”, afirma Pedro Bragança.

 Responsabilidade – Não é difícil gerir um perfil social com responsabilidade. A professora Rosaly Brito acredita que, para isso, basta que as pessoas divulguem coisas que interessam não só a si próprias, mas, de alguma forma, ajudem os outros a refletir sobre algo. “Com isso, não quero dizer que não se deva brincar e até falar de banalidades eventualmente, mas acho que informar para todo mundo o que você comeu no jantar é cair no cúmulo da banalidade. Penso que você tem que gerir seu perfil preservando sua intimidade e ajudando as pessoas a se sensibilizarem para temas que realmente interessam, ainda que seja só uma mera reflexão sobre a vida”, ressalta.

Pedro Bragança dá uma dica muito interessante para que se evitem problemas na internet: fazer analogia com um veículo de comunicação tradicional, como um outdoor ou um programa de televisão. “O exercício consiste em se perguntar se o conteúdo que você vai publicar seria constrangedor ou te traria problemas se fosse publicado em um outdoor com sua foto, na rua mais movimentada da cidade ou fosse dita por você em entrevista em um canal de TV a que todo mundo assiste. Se a resposta for sim a alguma delas, é melhor evitar”.

 Texto: Paloma Wilm – Assessoria de Comunicação da UFPA Disponível em: http://www.portal.ufpa.br/imprensa/noticia.php?cod=6377

Entendendo o texto

 1)   O texto lido propõe uma reflexão acerca de um assunto de interesse geral: o uso da internet e o impacto causado por essa tecnologia na vida pública e privada das pessoas.

 a.   No texto, é feito um balanço entre os benefícios e inconveniências do uso da internet. Resuma-os.

 O texto é subdividido em três partes: “comodidade”, “riscos” e “responsabilidade”. As duas primeiras subdivisões são as que contemplam os benefícios e inconveniências relativas ao uso da internet. A autora aponta, como benefício, a comodidade que a internet proporciona em relação ao acesso às informações, bem como à sua divulgação. Por outro lado, o grande inconveniente mencionado e descrito diz respeito à exagerada exposição da vida privada das pessoas, que podem comprometer sua segurança, sua vida pessoal e até profissional ao divulgarem informações na rede.

 b.A que conclusão ela procura orientar os leitores?

A conclusão proposta pelo texto encontra-se, principalmente, apresentada na terceira subdivisão – “responsabilidades”.

A autora defende, fundamentando seu texto, em especial, com argumentos de autoridade, que é preciso usar a internet com responsabilidade e não divulgar informações que constranjam ou tragam problemas aos usuários.

 2) Considerando o tema central do texto, responda:

 

a.   O texto menciona uma tecnologia que pode ser considerada a precursora do valor que tem sido dado à imagem na atualidade. Que tecnologia é essa e de que forma ela teria conferido um novo status aos textos visuais?

O texto aponta a criação da arte cinematográfica como responsável por conferir ao texto imagético um status diferenciado, que veio a se consolidar com o surgimento da internet. A ampla divulgação da imagem, pelo cinema e pela televisão, fez com que a ideia de tornar-se visível fosse gradativamente mais valorizada.

 

b.   Tendo em vista o conceito de tecnologia, explique e exemplifique por que a internet pode ser considerada uma tecnologia.

             Podemos compreenderas tecnologias como recursos utilizados para suprir necessidades e limitações humanas, melhorando a qualidade de vida das pessoas. Segundo o texto, a internet veio oferecer maior comodidade no acesso e na divulgação de informações. Sendo assim, pode ser considerada uma tecnologia, na medida em que atende a uma necessidade humana – a de acesso e divulgação de informações – suprindo limitações humanas – velocidade e espaço – melhorando, assim, a qualidade de vida das pessoas. Como exemplo, podemos comparar a forma como pessoas distantes se comunicavam antes e depois da internet: antes, falavam-se por meio de cartas, que demoravam um certo tempo para percorrer a distância entre elas e, quanto mais distantes, maior a demora; depois da internet, podem se comunicar por meio de correio eletrônico, bate-papos virtuais e até interagirem “face-a-face”, mediadas por ferramentas como o skype. Outros exemplos podem ser, também, mencionados, como o processo de inscrição em concursos, pagamentos de contas e pesquisas escolares, que demandavam mais tempo e locomoção.

 

c.De que forma, de acordo com o texto, a relações sociais   teriam mudado em função das possibilidades oferecidas pelo uso da internet?

O texto aponta que as pessoas estão, cada vez mais, expondo informações que, antes, diziam respeito à esfera privada, ao ambiente familiar, à intimidade. Ou seja, os limites dos relacionamentos estão se tornando cada vez menos perceptíveis, pois um comentário que era feito entre amigos íntimos ou parentes, hoje é publicado em redes sociais às quais qualquer pessoa do mundo inteiro pode ter acesso. Pessoas desconhecidas – inclusive as mal intencionadas – podem saber de tudo que se passa na vida de outras, a partir do que estas mesmas divulgam.

 d.O que o texto aponta como uma nova forma de ler e ver o mundo, em relação ao uso da internet?

 Talvez seja uma questão de alto grau de dificuldade para os alunos, visto que implica a interligação de um grande volume de informações. Compreende, na verdade, a compreensão do sentido global do texto, mas de forma indireta. Assim, a orientação do professor será fundamental para a formulação das respostas. Uma fala interessante de Pedro Bragança, reproduzida no texto, pode fornecer pistas para a formulação da resposta: “Na internet, você é o que você publica (...)”. Essa fala remete à constante construção de identidades viabilizada pelo ambiente virtual. As pessoas, ao divulgarem informações sobre si, querem, na verdade, criar uma imagem de si para o outro, imagem que nem sempre corresponde ao que vive fora da rede. A internet se configura como um palco, no qual cada um pode se tornar uma estrela; funciona como um remédio para curar a solidão, um espaço para reconhecimento e, quem sabe, a fama; um ponto de encontro e de desencontro de interesses pessoais, locais e globais. Dessa forma, as pessoas leem e veem o mundo, a partir do que é publicado na rede, a partir das imagens que se criam ali.

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