NOTÍCIA: O uso da imagem nas redes sociais... para o bem e para o mal
Paloma Wilm
Uma forma
intensa de fazer esse culto à imagem, hoje, é por meio da internet, que parte,
que, antes, era privada. Status de relacionamentos, lugares em que
passaram as férias, fotos pessoais, entre muitos outros dados, são amplamente
divulgados na rede.
Pedro
Bragança, jornalista e consultor em mídias sociais, conta que “as pessoas
precisam, cada vez mais, ter em mente que um conteúdo publicado na internet
(seja uma foto, um vídeo, seja até um comentário), que outrora só era acessível
ao grupo de amigos que tinham acesso a um computador com internet, hoje pode
ser visto pelos seus pais, professores, colegas de profissão e até pelo seu
chefe, e compartilhados com o mundo inteiro.”
Riscos – Uma questão bastante discutida, atualmente, é sobre a segurança nas grandes e médias cidades, a qual se tornou um dos principais problemas deste século. A despeito disso, as pessoas estão se expondo ao extremo, sobretudo quando mostram a sua intimidade, seus vínculos amorosos, sua casa, seu percurso.
“Ora, se
as cidades não estão seguras, por que devo informar amplamente sobre todos os
meus passos? Fora isso, por que devo externalizar na escala da rede mundial de
computadores aquilo que deveria dizer respeito somente a mim, a minha
privacidade, ao círculo mais próximo de amigos e familiares?”, pergunta-se a
professora Rosaly. A seu ver, em grande medida, isso acontece “porque as
pessoas estão muito sós, precisam desesperadamente de uma escuta, de algum
reconhecimento, ainda que isso se dê ao preço de uma superexposição na rede.”
“Na
internet, você é o que você publica, então, é preciso responsabilidade na hora
de postar qualquer conteúdo. Assim como ele pode ajudar a impulsionar sua
carreira, ampliar sua rede de contatos profissionais e até te tornar famoso por
sua criatividade, também pode te transformar em chacota entre seus colegas de trabalho
e te trazer constrangimentos para toda a vida. É uma via de mão dupla que pode
ser boa ou ruim, dependendo da forma como você utiliza e, principalmente, do
seu bom senso”, afirma Pedro Bragança.
Pedro
Bragança dá uma dica muito interessante para que se evitem problemas na
internet: fazer analogia com um veículo de comunicação tradicional, como um outdoor
ou um programa de televisão. “O exercício consiste em se perguntar se o
conteúdo que você vai publicar seria constrangedor ou te traria problemas se fosse
publicado em um outdoor com sua foto, na rua mais movimentada da cidade
ou fosse dita por você em entrevista em um canal de TV a que todo mundo
assiste. Se a resposta for sim a alguma delas, é melhor evitar”.
Entendendo o texto
A conclusão
proposta pelo texto encontra-se, principalmente, apresentada na terceira
subdivisão – “responsabilidades”.
A autora
defende, fundamentando seu texto, em especial, com argumentos de autoridade, que
é preciso usar a internet com responsabilidade e não divulgar informações que
constranjam ou tragam problemas aos usuários.
a.
O texto menciona uma tecnologia que pode ser considerada a
precursora do valor que tem sido dado à imagem na atualidade. Que tecnologia é
essa e de que forma ela teria conferido um novo status aos textos visuais?
O texto aponta a criação da arte cinematográfica como responsável
por conferir ao texto imagético um status diferenciado, que veio a se
consolidar com o surgimento da internet. A ampla divulgação da imagem, pelo
cinema e pela televisão, fez com que a ideia de tornar-se visível fosse
gradativamente mais valorizada.
b.
Tendo em vista o conceito de tecnologia, explique e exemplifique
por que a internet pode ser considerada uma tecnologia.
Podemos compreenderas tecnologias
como recursos utilizados para suprir necessidades e limitações humanas,
melhorando a qualidade de vida das pessoas. Segundo o texto, a internet veio
oferecer maior comodidade no acesso e na divulgação de informações. Sendo
assim, pode ser considerada uma tecnologia, na medida em que atende a uma
necessidade humana – a de acesso e divulgação de informações – suprindo
limitações humanas – velocidade e espaço – melhorando, assim, a qualidade de
vida das pessoas. Como exemplo, podemos comparar a forma como pessoas distantes
se comunicavam antes e depois da internet: antes, falavam-se por meio de
cartas, que demoravam um certo tempo para percorrer a distância entre elas e,
quanto mais distantes, maior a demora; depois da internet, podem se comunicar
por meio de correio eletrônico, bate-papos virtuais e até interagirem “face-a-face”,
mediadas por ferramentas como o skype. Outros exemplos podem ser,
também, mencionados, como o processo de inscrição em concursos, pagamentos de
contas e pesquisas escolares, que demandavam mais tempo e locomoção.
c.De que forma, de acordo
com o texto, a relações sociais teriam
mudado em função das possibilidades oferecidas pelo uso da internet?
O texto
aponta que as pessoas estão, cada vez mais, expondo informações que, antes,
diziam respeito à esfera privada, ao ambiente familiar, à intimidade. Ou seja,
os limites dos relacionamentos estão se tornando cada vez menos perceptíveis,
pois um comentário que era feito entre amigos íntimos ou parentes, hoje é
publicado em redes sociais às quais qualquer pessoa do mundo inteiro pode ter
acesso. Pessoas desconhecidas – inclusive as mal intencionadas – podem saber de
tudo que se passa na vida de outras, a partir do que estas mesmas divulgam.
Talvez seja uma questão de alto grau de
dificuldade para os alunos, visto que implica a interligação de um grande
volume de informações. Compreende, na verdade, a compreensão do sentido global do
texto, mas de forma indireta. Assim, a orientação do professor será fundamental
para a formulação das respostas. Uma fala interessante de Pedro Bragança,
reproduzida no texto, pode fornecer pistas para a formulação da resposta: “Na
internet, você é o que você publica (...)”. Essa fala remete à constante
construção de identidades viabilizada pelo ambiente virtual. As pessoas, ao
divulgarem informações sobre si, querem, na verdade, criar uma imagem de si
para o outro, imagem que nem sempre corresponde ao que vive fora da rede. A
internet se configura como um palco, no qual cada um pode se tornar uma
estrela; funciona como um remédio para curar a solidão, um espaço para
reconhecimento e, quem sabe, a fama; um ponto de encontro e de desencontro de
interesses pessoais, locais e globais. Dessa forma, as pessoas leem e veem o
mundo, a partir do que é publicado na rede, a partir das imagens que se criam
ali.
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