terça-feira, 17 de novembro de 2020

TEXTO: O OLHAR TAMBÉM PRECISA APRENDER A ENXERGAR - LUÍS AUGUSTO FISCHER - COM GABARITO

 Texto: O olhar também precisa aprender a enxergar      

LUÍS AUGUSTO FISCHER

   Há uma historinha adorável, contada por Eduardo Galeano, escritor uruguaio, que diz que um pai, morador lá do interior do país, levou seu filho até a beira do mar. O menino nunca tinha visto aquela massa de água infinita. Os dois pararam sobre um morro. O menino, segurando a mão do pai, disse a ele: "Pai, me ajuda a olhar". Pode parecer uma espécie de fantasia, mas deve ser a exata verdade, representando a sensação de faltarem não só palavras mas também capacidade para entender o que é que estava se passando ali.

        Agora imagine o que se passa quando qualquer um de nós pára diante de uma grande obra de arte visual: como olhar para aquilo e construir seu sentido na nossa percepção? Só com auxílio mesmo. Não quer dizer que a gente não se emocione apenas por ser exposto a um clássico absoluto, um Picasso ou um Niemeyer ou um Caravaggio. Quer dizer apenas que a gente pode ver melhor se entender a lógica da criação.

        Então, aí vai a sugestão: as belas e instrutivas páginas de "Os Segredos da Arte", de Elizabeth Newbery. Dividindo os assuntos em oito seções, que vão da cor até a perspectiva, o livro faz um belo serviço pela educação visual.

Luís Augusto Fischer, Folha de São Paulo.

Entendendo o texto:

01 – Relacionando a história contada pelo escritor uruguaio com “O que se passa quando qualquer um de nós para diante de uma grande obra de arte”, o autor do texto defende a ideia de que:

a)   O belo natural e o belo artístico provocam distintas reações de nossa percepção.

b)   A educação do olhar leva a uma percepção compreensiva das coisas belas.

c)   O belo artístico é tanto mais intenso quanto mais espelhe o belo natural.

d)   A lógica da criação artística é a mesma que rege o funcionamento da natureza.

e)   A educação do olhar devolve ao adulto a espontaneidade da percepção das crianças.

02 – Analisando-se a construção do texto, verifica-se que:

a)   Há paralelismo de ideias entre os dois parágrafos, como por exemplo, o que ocorre entre a frase do menino e a frase “Só com auxílio mesmo”.

b)   A expressão “espécie de fantasia”, no primeiro parágrafo, é retomada e traduzida em “lógica da criação”, no segundo parágrafo.

c)   A expressão “Agora imagine” tem como função assinalar a inteira independência do segundo parágrafo em relação ao primeiro.

d)   A afirmação contida no título restringe-se aos casos dos artistas mencionados no final do texto.

e)   As ocorrências da expressão “a gente” constituem traços da impessoalidade e da objetividade que marcam a linguagem do texto.

03 – A frase “Não quer dizer que a gente não se emocione apenas por ser exposto a um clássico absoluto” é pouco clara.

        Mantendo-se a coerência com a linha de argumentação do texto, uma frase mais clara seria: “Não quer dizer que

a)   Algum de nós se emocione pelo simples fato de estar diante de uma obra clássica”.

b)   A primeira aparição de um clássico absoluto venha logo a nos emocionar”.

c)   Nos emocionemos já na primeira reação diante de um clássico indiscutível”.

a)   O simples contato com um clássico absoluto não possa nos emocionar”.

b)   Tão somente em nossa relação com um clássico absoluto deixemos de nos emocionar”.

 

 

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