Carlos Drummond de Andrade
Atanásio nasceu com seis dedos em
cada mão.
Cortaram-lhe os dois excedentes.
Cortassem quatro, seria o mesmo
Admirável oficial de sapateiro,
exímio seleiro.
Lombilho que ele faz quem mais
faria?
Tem prática de animais, grande
ferreiro.
Sendo tanta coisa, nasceu
escravo,
O que não é bom para Atanásio nem
para ninguém.
Então foge do Rio Doce.
Vai parar, homem livre, no
Seminário de Diamantina,
Onde é cozinheiro, ótimo sempre,
esse Atanásio.
Meu parente Manuel Chassim
Drummond não se conforma.
Bota anúncio do Jequitinhonha,
bem explicadinho:
Duzentos mil-réis a quem prender
crioulo Atanásio!
Mas quem vai prender homem de
tantas qualidades?
Carlos Drummond de Andrade.
Jornal do Brasil, 3-10-1970.
Entendendo o texto:
01 – Situe no tempo (em que época
foi?) e no espaço (em que lugar?) a história de Atanásio.
No
tempo da escravidão, em Minas.
02 – Baseado no texto, mostre que
Atanásio era “homem de muitas qualidades”.
Era
admirável oficial de sapateiro, seleiro exímio, grande ferreiro, ótimo
cozinheiro e sabia lidar com animais.
03 – A pior infelicidade de
Atanásio era:
( ) Ter nascido com mãos defeituosas.
(X) Ter
nascido escravo.
( ) Ter fugido de sua terra.
04 – Por que Atanásio fugiu do
Rio Doce?
Porque ele queria ser homem livre.
05 – Cite o verso em que o autor
condena a escravidão.
“O que não
é bom para Atanásio nem para ninguém”.
06 – Depois que fugiu, para onde
foi Atanásio e que profissão passou a exercer?
Atanásio foi para Diamantina e passou a exercer a profissão de cozinheiro no
seminário dessa cidade.
07 – Quem
era o dono de Atanásio e que fez ele para capturar o escravo?
Era Manuel
Chassim Drummond, parente do autor destes versos, o qual botou anúncio num
jornal com detalhadas informações sobre o escravo e prometendo um prêmio a quem
o capturasse.
08 – A
quantia de duzentos mil-réis (o prêmio pela captura de Atanásio), naquela
época, era muito ou pouco dinheiro?
Era muito
dinheiro.
09 – A
resposta às perguntas dos versos 5 e 15 seria:
(X)
Ninguém. ( ) Qualquer
um. ( ) Muitos.
10 – A
oração “Cortassem quatro”, no verso 3, exprime:
( ) Dúvida. (X)
Hipótese, concessão. ( ) Admiração.
11 – Para
dar ao fato narrado um sabor de atualidade, o autor usou os verbos no tempo:
(X)
Presente. ( )
Pretérito. ( )
Futuro.
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