sábado, 9 de agosto de 2025

CRÔNICA: GENTE BOA - MAITÊ PROENÇA - COM GABARITO

 Crônica: Gente boa

              Maitê Proença

        Li outro dia um artigo sobre monges budistas, freiras de clausura e essa gente toda que medita com frequência. Estudos provam que eles têm mais desenvolvida a parte do cérebro que percebe o aspecto luminoso das coisas. Enxergam mínimas virtudes, têm mais com paixão e sabem amar com desprendimento.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjxWvouuPwYTcVwE7V9rAVyXnfyoBBTyBef7OB_jq2LX204Q_EBuaKxrA9VJL5nFNsO2PT6Gih-FL9kTj65D-_mzxHfwLBdPfscihNYRuv8vdfAUZpDDDl5-DjUzFcaJx6_y3HT6xx-0Ll0w8XihzPDo4CvRfEE2HG88mhh-Xy4IBTYzQRKT6Hzj6b0r0Q/s320/79192016-conjunto-de-pessoas-de-religi%C3%A3o-cole%C3%A7%C3%A3o-de-personagens-diferentes-monge-budista-sacerdotes.jpg

        Há sete anos passei um mês em Myanmar, a antiga Birmânia, e lembro-me de sentir nitidamente que aquela gente era melhor que eu. Havia harmonia e benevolência na expressão das pessoas. Não penso que fosse a visão superficial de quem enxerga os encantos do exotismo. Lá eu acordava predisposta para o bem e não porque seja de fato boa, mas porque era o que se esperava de mim. Ninguém na rua imaginava que eu pudesse dar um golpezinho, enganar ou pensar algo negativo enquanto sorria gentilmente. A delicadeza estava por toda parte apontando para o que há de mais puro na gente, contagiando com qualidades altruístas. Enquanto estive com aquela gente, umas belezas emboloradas foram brotando feito susto de dentro de meus egoísmos. Não havia, na época, o hábito da televisão a qualquer hora, sequer existia TV por satélite, e a cultura mantinha-se, assim, preservada dos costumes ocidentais. Não vi uma pessoa vestindo calça jeans, nem eu mesma, que rapidamente aprendi a amarrar panos na cintura pra fazer saia igual à das moças de lá — se amarrar diferente vira saia de homem. A única infiltração de hábito ocidental que se percebe é um pouco de cinema e, mesmo assim, os filmes são quase sempre indianos. Quem chega ali vindo de um mundo onde tudo se consegue pela força fica perplexo diante de meninos e meninas que escolhem passar às vezes três anos de sua adolescência burilando o espírito em monastérios budistas, no preparo para a vida adulta. Saem sabendo tudo de abnegação, de generosidade, da importância do silêncio, do não julgamento… Sabem pouco ou nada de sexo, drogas e rock’n’roll. E conseguem viver sem isso, rindo! Não falarei do sistema político e suas violências, contradições há por toda parte, e não se contrapõem ao relato que faço aqui. Também não pretendo fazer o relato sentimental da pureza de um povo simples e isolado do mundo, mas é que a virtude precisa mesmo de exercício para manter-se espontânea, e aquele povo, sei lá por que, parece achar essa prática importante.

        Também não compreendo por que as pessoas mais simples tendem a ser melhores. Por que os jogadores de futebol, por exemplo, compram casa pra mãe, pra tia e pra família inteira, enquanto os “bem de berço”, se fazem fortunas, tratam logo de brigar com qualquer infeliz que possa um dia vir tirar uma lasquinha.

        Tenho consciência de que um dia fui melhor que hoje — quando era mais simples. A vida foi se sofisticando, me deixando esperta e mais apta pro jogo social. Tive ganhos com isso, mas perdi algo de genuíno que me diferenciava. Fui perdendo, no corre-corre do “fiz faço aconteço”, o que me aproximava de uma experiência particular e única — e melhor, eu acho. Felizmente, nada é irreversível e não preciso ir morar em Myanmar pra resgatar minhas virtudes distantes. Posso fazer isso do meu apartamento em Copacabana, já que nada é mais poderoso que a firmeza de uma intenção.

        Mas aí… cadê a firmeza?

Maitê Proença. Entre ossos e a escrita. Rio de Janeiro: Agir, 2008. p. 95-96.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 9º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 66.

Entendendo a crônica:

01 – De acordo com a crônica, qual foi a principal percepção da autora durante sua estadia em Myanmar?

A – Ela ficou frustrada com a falta de modernidade e de entretenimento como televisão e cinema.

B – Ela percebeu que as pessoas eram melhores que ela e que ela mesma se sentia predisposta ao bem.

C – Ela sentiu que a cultura ocidental era superior e que o povo de lá era muito atrasado.

D – Ela se sentiu isolada e solitária, pois não conseguia se comunicar com os habitantes locais.

02 – A autora compara a generosidade de monges e freiras com qual característica das pessoas simples em geral?

A – A capacidade de se afastar do mundo ocidental para ter virtudes.

B – A tendência de serem melhores e a espontaneidade da virtude em suas vidas.

C – A tendência a viverem em monastérios budistas.

D – A habilidade de meditar para desenvolver o cérebro.

03 – Qual é a principal razão pela qual a autora acredita que os habitantes de Myanmar mantêm suas virtudes?

A – O isolamento do país devido a um sistema político violento.

B – A exposição constante à cultura ocidental através da televisão e internet.

C – A forte influência do cinema indiano.

D – A prática constante da virtude, que se torna espontânea.

04 – A autora faz uma distinção entre jogadores de futebol e pessoas 'bem de berço' com fortunas. Qual é essa diferença?

A – Ambos os grupos tendem a brigar para proteger suas fortunas.

B – Jogadores de futebol compram casa para a família, enquanto os 'bem de berço' evitam dividir a fortuna.

C – Os 'bem de berço' são mais simples e generosos, enquanto os jogadores de futebol são mais espertos e egoístas.

D – Jogadores de futebol tendem a gastar seu dinheiro consigo mesmos, enquanto os 'bem de berço' ajudam a família.

05 – No final da crônica, qual é a principal reflexão da autora sobre o resgate de suas virtudes?

A – Ela decide que precisa se mudar para um local mais simples, como Myanmar, para se tornar uma pessoa melhor novamente.

B – Ela conclui que é impossível recuperar suas virtudes perdidas devido ao 'jogo social'.

C – Ela acha que suas virtudes se perderam para sempre no corre-corre da vida e não há como recuperá-las.

D – Ela acredita que a firmeza de uma intenção é o mais poderoso, mas questiona se ela tem essa firmeza.

 

 

 

MÚSICA(ATIVIDADES): DESAFINADO - TOM JOBIM - COM GABARITO

 Música (Atividades): Desafinado

            Tom Jobim

Quando eu vou cantar, você não deixa
E sempre vêm a mesma queixa
Diz que eu desafino, que eu não sei cantar
Você é tão bonita
Mas tanta beleza também pode se acabar

Fonte:  https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgqaWaA6Ghv5zYfhyphenhyphenkg6cVwxp1uZ8zr3tXb4aRRbZL7HnuofEDFXNfRlUC8ggqoquHngRcCYVxvTczxZYJ0-AhsGazy9RhyphenhyphenrzR9sHg-1zdGilT8PB2nBUxxvnX5lFhVOkAqATGr_8d3PErcajp8_5RYMxcLnbamgFWPMqpMSOFemP6YIufuSeSFId7FLto/s320/maxresdefault.jpg


Se você disser que eu desafino, amor
Saiba que isto em mim provoca imensa dor
Só privilegiados têm o ouvido igual ao seu
Eu possuo apenas o que Deus me deu

Se você insiste em classificar
Meu comportamento de anti-musical
Eu mesmo mentindo devo argumentar
Que isto é Bossa Nova, isto é muito natural

O que você não sabe nem sequer pressente
É que os desafinados também têm um coração
Fotografei você na minha Rolleiflex
Revelou-se a sua enorme ingratidão

Só não poderá falar assim do meu amor
Este é o maior que você pode encontrar
Você com a sua música esqueceu o principal
Que no peito dos desafinados
No fundo do peito bate calado
Que no peito dos desafinados

também bate um coração.

Composição: Newton Mendonça / Tom Jobim.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 9º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 32.

Entendendo a música:

01 – Qual é a principal queixa que a parceira do cantor tem sobre ele, de acordo com o início da música?

A – Ele desafina e não sabe cantar.

B – Ele canta muito alto, causando incômodo.

C – Ele não consegue compor novas músicas.

D – Ele canta músicas de outro estilo musical.

02 – Como o cantor justifica o seu estilo de cantar, após ser classificado como 'anti-musical'?

A – Ele diz que é o jeito dele, pois 'possuo apenas o que Deus me deu'.

B – Ele afirma que o gosto musical de sua parceira é ultrapassado.

C – Ele propõe que eles cantem juntos para verem a diferença.

D – Ele argumenta que 'isto é Bossa Nova, isto é muito natural'.

03 – O que o cantor usa para 'fotografar' a parceira, revelando a sua ingratidão?

A – Uma câmera Rolleiflex.

B – Uma máquina Polaroid.

C – A imagem foi capturada em sua memória, não com uma câmera.

D – Uma câmera digital.

04 – O que os 'desafinados' também têm, de acordo com a música?

A – Um coração, no peito.

B – Uma habilidade musical secreta.

C – Uma paixão por música popular.

D – Uma voz que precisa de correção.

05 – Qual é a única coisa sobre a qual a parceira 'não poderá falar assim', segundo o cantor?

A – O seu amor por ela.

B – O seu ouvido, que ele diz ser o que 'Deus me deu'.

C – Seu estilo de cantar, pois é o que ele sabe fazer.

D – A sua enorme ingratidão.

 

 

REPORTAGEM: O ENSINO MÉDIO E SEUS CAMINHOS - FRAGMENTO - FILIPE JAHN - COM GABARITO

 Reportagem: O ensino médio e seus caminhos – Fragmento

        Programas governamentais miram a integração entre a educação profissional e o ensino médio tradicional e a flexibilização do currículo, com a introdução de disciplinas optativas para que alunos possam construir seu percurso de aprendizado

        Por Filipe Jahn – Publicado em 10/09/2011

        Um dos principais dilemas da educação contemporânea é aquele que gira em torno da permanência dos alunos do ciclo médio nos bancos escolares. Atraídos pelo número de estímulos e pela velocidade da sociedade, a escola lhes parece enfadonha. No entanto, muito do que lhes parece fora de propósito nessa fase – experiências, relações, conhecimentos – só irá adquirir sentido ao longo do tempo. Muitas vezes acaba por não fazer, por diversos motivos, entre eles o abandono da escola.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCH0faaHBjlKpabmTlLjRNrhLyedoq6ZtZ3iQ_u3EHhd0bvIr0wuSh1jAf-kPhvyFZcsoUzNiOpZlYr11UdVMYNXrT75SP2Dn7eHoNaSYoIsioU7fHS57Y_redQr6uiobgTiW18qqq_kthYtR71hBVV4YUZtnLEWzYKEfvsd5_huoblgPWCthFN9_Mpdo/s320/918.jpg


        Todo esse clima de desinteresse dos adolescentes pela vida escolar tem gerado muitas reflexões mundo afora sobre os possíveis caminhos de fazer com que o ensino médio seja vivido e percebido como significativo. Nessa perspectiva, o desafio dos sistemas de ensino nos últimos anos envolve a capacidade de organizar um programa curricular que consiga, ao mesmo tempo, formar os jovens para continuar os estudos no ensino superior e prepará-los para o mercado de trabalho. [...].

        No Brasil, o cenário segue roteiro parecido. As novas proposições do governo federal para o ensino médio têm o objetivo de elevar o índice de conclusão do ensino médio regular para o patamar de países mais desenvolvidos. [...]

        [...]

        Para aumentar esses índices de conclusão, o MEC aposta na ampliação da educação profissional, ainda pouco expressiva no Brasil. No âmbito do ensino secundário, ela responde por apenas 14% das matrículas, contra 77% da Áustria, 58% da Alemanha, 44% da França, 42% da China e 37% do Chile.

        Realidade brasileira

        Para melhorar o cenário, o governo federal aposta, desde 2004, em propostas que apontem para um programa curricular mais flexível. Uma das principais medidas foi a possibilidade de integrar ensino regular e a educação profissional, sacramentada pelo decreto 5.154/04. Dessa maneira, instituições privadas e públicas oferecem as aulas regulares em um turno e cursos que preparem para o mercado de trabalho em outro, sob uma mesma matrícula.

        Esse é o caso de Matheus Escobar, aluno do 2º ano da Escola Técnica Estadual (Etec) Jorge Street, em São Paulo. Durante a tarde, ele cursa as disciplinas do ensino formal tradicional; de manhã, tem aulas de desenho técnico mecânico, automação industrial e eletrônica digital, entre outras.

        Aos 16 anos, Matheus resolveu fazer o ensino médio integrado porque, na sua opinião, esse caminho lhe dará mais chances de seguir os estudos no ensino superior. “Quero ir o mais rápido possível para a universidade. Se tiver de ser uma particular, com a mecatrônica tenho chances de arrumar um bom trabalho para conseguir pagá-la”, diz, referindo-se à formação técnica que está cursando, umas das 83 oferecidas no ensino técnico paulista.

        Os números comprovam a tese do estudante. Uma pesquisa conduzida pelo economista Marcelo Neri, do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgada em 2010, apontou que a chance de arrumar emprego para jovens que cursam alguma modalidade de educação profissional é 48% maior. A possibilidade de carteira assinada também cresce 38%. Para chegar a esses índices a pesquisa relacionou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2007 e da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) dos oito anos anteriores.

        [...]

        Novo modelo

        Outra proposta implantada em caráter experimental é o Ensino Médio Inovador (EMI). Lançado no ano passado, tem entre as suas principais ações o aumento da carga horária letiva anual de 800 para mil horas e a destinação de 20% dessa carga à oferta, pela escola ou por parceiros, de disciplinas eletivas.

        Nesse modelo, o currículo passa a valorizar a interdisciplinaridade e deve ser organizado em torno de quatro eixos: trabalho, tecnologia, ciência e cultura. Também é previsto o incentivo à contratação de professores com dedicação exclusiva e o estímulo às atividades de produção artística e de aulas teórico-práticas em laboratórios.

        O EMI funciona atualmente em escolas de 18 estados que resolveram aderir a ele e recebem apoio técnico e financeiro da União. Segundo dados da Secretaria de Educação Básica (SEB/MEC), os recursos totais somam R$ 33 milhões e atingem 296 mil estudantes em 357 escolas.

        Atualmente a SEB reformula o programa e uma nova versão está prevista para maio. Uma das medidas sendo planejadas é articulá-lo com outro programa do ministério, o Mais Educação, que oferece suporte financeiro diretamente às escolas para passarem a ofertar atividades optativas. Elas são agrupadas em macrocampos como esporte e lazer, cultura e artes, cultura digital, educomunicação e educação econômica.

        Na opinião de Maria Sylvia Simões, professora da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, as ideias do Ensino Médio Inovador representam um avanço na educação brasileira. Por outro lado, lembra a professora, a consolidação do projeto no país inteiro esbarra em um ponto bastante complicado: o MEC e os governos estaduais precisam estar em sintonia. Mas alguns estados já sinalizaram que não deverão aderir. “Se não há vontade política de quem tem o poder de decisão, fica difícil implantar”, comenta Maria Sylvia Simões. Outro problema é o custo do modelo, bem superior ao do ensino médio tradicional.

        O $ da questão

        Esse descompasso entre os entes federativos também está refletido na educação profissional. De acordo com o Censo Escolar 2010, nas escolas da rede federal, o ensino técnico integrado representa a maior parte das matrículas da área, com 46% (76 mil alunos entre 165 mil). Agora, considerando toda a educação profissional, ele cai para último, com 18,9% (215 mil em um universo de 1,14 milhão).

        Entretanto, além de questões políticas, as propostas do governo federal para o ensino médio também enfrentam dificuldades para emplacar nacionalmente por causa de seu custo, difícil de ser assumido pelos estados. Álvaro Chrispino, professor do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet/RJ), explica que, no caso do ensino integrado, o custo de laboratórios e equipamentos é alto e essa forma de articulação também exige capacitar os docentes das duas áreas. “A maioria dos estados só consegue ofertar em quantidade se houver contrapartida da federação.”

        [...]

        A contratação de docentes é outra questão. Maria Sylvia Simões afirma que o sucesso do Ensino Médio Inovador e do ensino integrado significará crescimento da demanda. Assim, as secretarias de Educação precisarão abrir novos concursos e aumentar a carga horária de quem já é da rede. “Só que aí tem de ver quem consegue financiar isso e, ao mesmo tempo, oferecer um salário decente”, pontua.

        [...]

        Quem se beneficia

        Outra discrepância que as propostas do MEC não solucionam é a qualidade das instituições e redes em um sistema que privilegia o mérito do aluno. Como mostra o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) observado em 2009, a média do segundo grau nas redes estaduais brasileiras é 3,4, mas a diferença entre os entes pode chegar a mais de um ponto.

        [...]

        Álvaro Chrispino, docente do Cefet/RJ, diz que, se não houver igualdade de condições entre as escolas, as vagas daquelas que tiverem sucesso com a implantação dos projetos do MEC serão cada vez mais concorridas. Com o tempo, elas podem acabar utilizando mecanismos de seleção.

        Essa tendência decorreria de uma precipitação do MEC, que elaborou boas ideias para todo o país sem levar em conta as desigualdades históricas. “Se a qualidade do sistema de uma rede se mantém desnivelada, as propostas para todo o ensino médio continuam a surtir efeito apenas em uma pequena parcela de jovens”, conclui ele. Ou seja, a educação, ao contrário dos discursos públicos, continuaria a não se efetivar como um fator de redução das desigualdades sociais, ou o faria em ritmo muito menor que o necessário ao equilíbrio social do país. 

Filipe Jahn. O ensino médio e seus caminhos. Revista Educação, n° 169, p. 28-32, maio 2011.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 9º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 194-196.

Entendendo a reportagem:

01 – Qual é o principal dilema da educação contemporânea, de acordo com o texto, e por que ele acontece?

      O principal dilema é a evasão escolar dos alunos do ensino médio. Isso acontece porque a escola, muitas vezes, parece enfadonha para os adolescentes, que são atraídos pelos estímulos e pela velocidade da sociedade contemporânea. Muitos não veem sentido nas experiências e conhecimentos oferecidos na escola, o que leva ao abandono dos estudos.

02 – Quais são as duas principais propostas do governo federal mencionadas na reportagem para combater o desinteresse e a evasão no ensino médio?

      As duas principais propostas são:

      A integração entre o ensino profissional e o ensino médio tradicional, permitindo que os alunos cursem as disciplinas regulares e, ao mesmo tempo, uma formação técnica.

      O Ensino Médio Inovador (EMI), que busca aumentar a carga horária e flexibilizar o currículo com disciplinas eletivas.

03 – De que forma a educação profissional, segundo a pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), beneficia os jovens?

      A pesquisa da FGV mostrou que a educação profissional aumenta em 48% a chance de os jovens conseguirem um emprego e em 38% a possibilidade de terem um contrato formal de trabalho (carteira assinada).

04 – Quais são os quatro eixos temáticos que o currículo do Ensino Médio Inovador (EMI) valoriza?

      O currículo do EMI é organizado em torno de quatro eixos principais: Trabalho; Tecnologia; Ciência e Cultura.

05 – Por que, na opinião de Maria Sylvia Simões, a implantação do Ensino Médio Inovador em todo o país enfrenta dificuldades?

      A professora Maria Sylvia Simões aponta dois problemas principais: a falta de sintonia e vontade política entre o Ministério da Educação (MEC) e os governos estaduais, e o alto custo do modelo, que é superior ao do ensino médio tradicional.

06 – Além dos desafios políticos, qual é a principal dificuldade financeira que as propostas do governo enfrentam para serem implementadas nacionalmente?

      O alto custo é o principal desafio. O texto menciona que, tanto para o ensino integrado quanto para o Ensino Médio Inovador, os gastos com laboratórios, equipamentos e a contratação de docentes qualificados são altos, o que dificulta a adesão dos estados sem uma contrapartida financeira significativa do governo federal.

07 – De acordo com o professor Álvaro Chrispino, qual é o grande risco que as desigualdades históricas podem causar nas propostas do MEC?

      O professor Álvaro Chrispino afirma que, se não houver igualdade de condições entre as escolas, as propostas do MEC só terão efeito em uma pequena parcela de jovens. Isso pode levar a um aumento da concorrência por vagas nas escolas que conseguirem implantar os projetos com sucesso, e essas escolas podem até começar a usar mecanismos de seleção. O resultado é que a educação continuaria a não cumprir seu papel de reduzir as desigualdades sociais.

 

 

NOTÍCIA: FESTAS RELIGIOSAS E POPULARES - SECRETARIA DE TURISMO DA BAHIA - COM GABARITO

 Notícia: Festas religiosas e populares

        A cultura da matriz africana desenvolveu-se na Bahia paralelamente à do europeu. Fruto do sincretismo religioso, as festas populares, da forma como as conhecemos hoje, resultam da mistura de elementos que se convencionou chamar de sagrados e profanos.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOd25oqzmzTILlol7lklZ1O4pUfOVeR44cuUFTK2R0eaTChQSgThARcFI6f3mDtMbgmiXkgItfxYEPlNdk6BV69xVirp6u0Ox8yzufMfYOxat61LnaN9mlaTca69JQ7NVg4daoKfsrqXP5vrM9C4ZY7rHbcvB7FEbtVJhwt-uGBsYVHbecO4gZsMe8KFY/s320/Lavagem-do-Bonfim-Valter-Pontes.jpg


        Como não tinha acesso aos estabelecimentos onde os brancos protagonizavam as festas religiosas, os africanos ocupavam, nesses dias, as ruas próximas aos locais onde seus senhores se concentravam.

        Assim, manifestações culturais de diversas origens africanas proliferaram, a exemplo da capoeira, do maculelê e do samba de roda. Ainda hoje, milhares de pessoas vão às ruas para celebrar os santos padroeiros, sejam eles católicos ou africanos.

        É no ciclo de festas populares que o baiano manifesta sua fé, desde as comemorações dos orixás do candomblé, quando os terreiros fazem soar seus tambores, para seus filhos de santo dançarem, até as festas da religião católica, que ganham um cunho profano com muito samba de roda e barracas onde se servem bebidas e comidas variadas.

        O ciclo de festas tem início no dia 4 de dezembro, com a Festa de Santa Bárbara, e tem seu ápice na Lavagem do Bonfim, na Festa de Iemanjá e no Carnaval. No interior do estado, a influência africana aparece nas festividades promovidas em vários municípios.

        Festa da Boa Morte

        A Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte nasceu nas senzalas, locais que abrigavam escravos negros nos engenhos de cana-de-açúcar, há cerca de 150 anos. É formada exclusivamente por mulheres negras que tinham o intuito de alforriar escravos ou dar-lhes fuga, encaminhando-os para o Quilombo do Malaquias, em Terra Vermelha, zona rural da cidade de Cachoeira.

        Com a abolição da escravidão, as irmãs aproximaram-se da Igreja Católica, fundando a entidade que funciona atualmente em um conjunto de quatro sobrados do século XVIII, restaurados pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural – Ipac.

        A força dessas mulheres é sempre motivo de alegria e homenagens. Na cidade de Cachoeira, Recôncavo Baiano, todos os anos, no mês de agosto, acontece a Festa da Boa Morte. São cinco dias de comemorações. No primeiro dia, as irmãs saem em cortejo da Casa da Boa Morte para a Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, para recolher o esquife de Nossa Senhora.

        Em seguida, fazem uma breve procissão por apenas um quarteirão, com destino à capela da sede mais nova da irmandade, onde é celebrada uma missa em memória das irmãs falecidas. Logo depois, ocorre uma ceia na Casa da Boa Morte, com pão, vinho e frutos do mar. No restaurante dos dias acontecem missas, confissões, sentinelas, procissões nas ruas da cidade e apresentações de grupos de samba de roda e capoeira.

        Congada

        Mistura de herança africana com toques da cultura portuguesa, a Congada representa a coroação dos reis congos, que desfilam mascarados e trajados com fardas ornamentadas de ouro e diamantes, cercados do bailado dos guerreiros.

        Sua origem remonta ao ano de 1482, em um dos impérios negros mais importantes de todos os tempos: o Congo. Apesar de imponente, ruiu frente ao poderio das esquadras portuguesas em guerra pelo território, restando ao povo negro, aguerrido de força e fé, o título de Rei de Congo como homenagem em memória à dura batalha.

        No Brasil, está presente desde os tempos da colônia, quando os desfiles de congos eram a atenção principal nas festas organizadas pelas irmandades de escravos, por ocasião da coroação simbólica de reis e rainhas africanos ou afrodescendentes.

        Além de reminiscência de rituais africanos, a manifestação folclórica somou-se aos costumes das Congadas lusitanas, que ilustravam as comemorações de Nossa Senhora do Porto. A primeira apresentação oficial em terras baianas data de 6 de junho de 1760, no Paço do Conselho da cidade de Salvador, em festejo ao casamento da princesa real, D. Maria I, com D. Pedro III.

        A tradição segue com força e respaldo em Juazeiro, com adaptações que a afastam do formato tradicional, entoando cânticos em louvor à Virgem do Rosário durante suas comemorações, no último domingo do mês de outubro.

        Lindro Amor

        Lindro Amor é um peditório que se faz em benefício das festas de Nossa Senhora da Purificação ou São Cosme e Damião. O cortejo, formado por mulheres, homens e crianças, sai em visitação às casas, rogando saúde e prosperidade para os seus donos, professando a esperança de dias melhores e levando algo que simbolize a devoção.

        As mulheres vão sempre no meio, vestindo saias de roda estampadas e chapéu de palha enfeitados com tiras coloridas. Elas dançam e cantam, enquanto os homens seguem atrás, com calças brancas, batucando o pandeiro, tocando a viola ou a sanfona.

        Na frente, as crianças animam o saimento, carregando uma caixa vazia com a imagem dos santos e onde serão depositados as moedas para o preparo do caruru, a ser realizado nos sábados seguintes, até findar o mês de outubro.

        A tradição tem suas origens nos tempos da escravidão, quando os senhores de engenho permitiam que os escravos organizassem suas festas. Com o passar do tempo, o Lindro Amor – originário da expressão colonial portuguesa Lindo Amor – passou a ter conotações religiosas associadas às procissões e peditórios que antecedem aos carurus oferecidos aos santos e orixás. No caso de Nossa Senhora da Purificação, leva-se uma coroa em uma bandeja florida, junto à bandeira, enquanto os participantes entoam cânticos acompanhados de pandeiro e tambor.

        Conde, Candeias, Santo Amaro, São Francisco do Conde e São Sebastião do Passé são as principais localidades onde a manifestação acontece.

        Nego Fugido

        Folguedo variante do quilombo, é mantido há pelo menos um século pelos moradores de Acupe, distrito de Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo Baiano. A encenação recria anualmente a tentativa de fuga de um escravo, que é caçado e amarrado, para depois comprar sua alforria. Os personagens que representam os negros, quando não estão correndo ou lutando, ficam em espécie de dança lenta, ao ritmo da música, que, segundo pesquisadores, possui ligação com o candomblé.

        A representação conta como os negros que fugiam eram perseguidos nas matas. Para se esconder dos feitores, vestiam-se de folhas de bananeiras. É uma manifestação popular única que se mantém desde o século XIX, originária de escravos africanos de origem nagô. Trata-se, na verdade, da recriação das lutas de resistência negra contra o regime escravocrata, encenada até hoje pelos moradores de Acupe, distrito do município de Santo Amar, no Recôncavo Baiano.

        Zambiapunga

        Herança africana, o Zambiapunga é um cortejo de homens mascarados, trajados com roupas coloridas e feitas com panos e papéis de seda, que sai às ruas durante a madrugada, dançando e acordando a cidade o som ecoante de enxadas, tambores, cuícas e búzios gigantes, usados como instrumentos de percussão.

        Dedicada ao deus supremo do candomblé de Angola, era inicialmente uma cerimônia para afugentar os maus espíritos. Com a utilização de máscaras, a manifestação chegou ao Estado através dos negros bantus, escravizados na região do Congo-Angola e trazidos para cá para trabalhar no plantio dos canaviais do Recôncavo e de grandes extensões de dendezeiros no litoral do Baixo-Sul.

        Não à toa, a região concentra forte expressão do costume folclórico, em especial nas cidades de Nilo Peçanha, Valença, Taperoá e Cairu. Em Nilo Peçanha, onde a tradição é mais forte, a festa acontece, tradicionalmente, na madrugada de 1° de novembro, Dia de Todos os Santos e véspera de Finados.

        Bembé do Mercado

        A Festa do Bembé do Mercado é realizada no dia 13 de maio, no município de Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo Baiano, desde 1889, para comemorar a abolição da escravidão. Organizada por pescadores e vendedores de peixes do Mercado Municipal de Santo Amaro, a festa reúne grupos de samba de roda, afoxés, maculelê e de capoeira, além de representantes dos terreiros de candomblé da região, para homenagear os orixás das águas, dos rios, dos lagos e da chuva, Oxum e Iemanjá. Durante três dias, a praça em frente ao Mercado Municipal, onde são armados barracas e barracões, fica repleta de gente para assistir ao festival de arte e religiosidade ancestral.

        O termo bembé tem origem iorubá e significa bater tambor. A festa é identificada como uma das mais genuínas expressões populares de reconhecimento e afirmação da negritude no Brasil, principalmente por formar um grande culto a céu aberto, realizado desde quando era proibido por lei bater tambor para os orixás.

Secretaria de Turismo da Bahia. Superintendência de Serviços Turísticos. Turismo étnico-afro na Bahia. Salvador: Fundação Pedro Calmon, 2009. p. 71-74.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 9º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 146-149.

Entendendo a notícia: 

01 – O que é o sincretismo religioso e como ele se manifesta nas festas baianas?

      O sincretismo religioso é a fusão de elementos de diferentes religiões. Nas festas baianas, ele se manifesta na mistura de elementos sagrados (de santos católicos e orixás do candomblé) e profanos (samba de roda, barracas, bebidas e comidas). O texto explica que, no ciclo de festas, o baiano celebra tanto os orixás quanto os santos padroeiros.

02 – Qual a origem da presença de festas populares nas ruas da Bahia?

      A origem remonta aos tempos da escravidão. Como os africanos e seus descendentes não tinham acesso aos estabelecimentos onde os brancos faziam suas festas, eles ocupavam as ruas próximas, desenvolvendo manifestações culturais próprias, como a capoeira, o maculelê e o samba de roda.

03 – Qual o propósito original da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte?

      A Irmandade, formada por mulheres negras, nasceu nas senzalas com o objetivo principal de alforriar escravos ou ajudá-los a fugir, encaminhando-os para um quilombo. A aproximação com a Igreja Católica e a função religiosa vieram após a abolição da escravidão.

04 – O que a Congada representa e qual a sua origem histórica?

      A Congada representa a coroação simbólica dos reis congos e é uma mistura da herança africana com a cultura portuguesa. Sua origem remonta a 1482, no Império do Congo, e celebra a memória da resistência do povo negro contra as esquadras portuguesas. No Brasil, tornou-se a principal atração nas festas de irmandades de escravos durante o período colonial.

05 – O que é o "Lindro Amor" e qual a sua finalidade?

      O "Lindro Amor" é um peditório que ocorre em cortejo, formado por homens, mulheres e crianças. Sua finalidade é arrecadar doações (moedas) em benefício das festas de Nossa Senhora da Purificação ou São Cosme e Damião. As doações são usadas para o preparo de um caruru, que é oferecido aos santos e orixás.

06 – Como o folguedo "Nego Fugido" se mantém vivo até hoje?

      O "Nego Fugido" é uma encenação que recria a tentativa de fuga de um escravo, sua perseguição, captura, e posterior alforria. É uma manifestação popular única, originária de escravos de origem nagô, que recria as lutas de resistência negra contra a escravidão e é mantida há pelo menos um século pelos moradores de Acupe, distrito de Santo Amaro da Purificação.

07 – Qual a origem da manifestação Zambiapunga e o que ela simboliza?

      A Zambiapunga é uma herança africana, trazida pelos negros bantos da região do Congo-Angola. Era inicialmente uma cerimônia para afugentar maus espíritos. O cortejo de homens mascarados e coloridos, que sai de madrugada com instrumentos de percussão, simboliza essa tradição ancestral e é uma celebração ao deus supremo do candomblé de Angola.

08 – Quando e onde a tradição da Zambiapunga é mais forte?

      A tradição da Zambiapunga tem uma forte expressão folclórica em cidades do Baixo-Sul da Bahia, como Nilo Peçanha, Valença, Taperoá e Cairu. Em Nilo Peçanha, onde a tradição é mais forte, a festa acontece na madrugada de 1º de novembro, Dia de Todos os Santos.

09 – O que significa "Bembé" e qual o propósito da Festa do Bembé do Mercado?

      O termo "bembé" tem origem iorubá e significa "bater tambor". A Festa do Bembé do Mercado é realizada desde 1889, em Santo Amaro da Purificação, para comemorar a abolição da escravidão. É uma das mais genuínas expressões de afirmação da negritude no Brasil, pois reúne grupos de samba, afoxé e candomblé em um culto a céu aberto.

10 – A quem a Festa do Bembé do Mercado presta homenagem?

      A festa, que é organizada por pescadores e vendedores, homenageia os orixás das águas, dos rios, dos lagos e da chuva: Oxum e Iemanjá. Essa homenagem reflete a forte ligação da comunidade com a natureza e com suas divindades africanas.

 

REPORTAGEM: UM ENSINO DIFERENTE - FRAGMENTO - VINICIUS GALLON - COM GABARITO

 Reportagem: Um ensino diferente – Fragmento

        Com mais de oito milhões de jovens frequentando o Ensino Médio em todo o Brasil, desafio é criar uma educação inovadora e atraente

        Com a proposta de incentivar as redes estaduais de educação a diversificar os currículos escolares e tornar a escola um espaço mais atraente para os alunos, o Ministério da Educação (MEC) criou o projeto Ensino Médio Inovador. Pela proposta, as instituições de ensino participantes podem incluir, na grade de aula, atividades que integrem educação escolar e formação cidadã.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9AC3V7HBTgJLRvgfafkhnJiCrVdVgcPgw3BkLUIdHlkSKFgLo-CzAYmH1kuxZncJ90Y9gB2EJ8CujH3hCLT-T73YXa00ZTcE0xOZdSRlVMdHwbQFRpzYNKNuCaIet-bnnK_bLV_JW0UU9c68930eVykh8clgiCj1SXEx6aWDAQg49Wy7rvSzBB0EOnC4/s320/aula%20sala%20regiao.jpg


        Iniciada neste ano, participam dessa primeira etapa do projeto 357 escolas em todo o Brasil, totalizando mais de 296312 alunos matriculados. O Paraná é o Estado com maior número de escolas participantes, com 84 instituições, seguido do Pará, que possui 34. O MEC convidou todos os Estados, mas apenas 17, e o Distrito Federal, toparam aderir ao novo modelo de Ensino Médio, que somou recursos de R$ 22,6 milhões, destinados pelo governo federal.

        No Ensino Médio Inovador, uma das mudanças sugeridas pelo MEC é o aumento da carga horária de aulas, que passa das atuais 2400 horas para 3000 horas ao final dos três anos letivos. Outra mudança é a possibilidade de deixar o aluno escolher, pelo menos, 20% da grade curricular que irá estudar, dentro das atividades que a escola oferece. Também faz parte da proposta incluir aulas em laboratórios, valorizar a leitura e garantir formação cultural.

        Ilka Madeira Basto, que está na coordenação de Ensino Médio do Ministério da Educação, explica que o programa tem alguns indicativos a serem seguidos, que garantem as disciplinas básicas, como Língua Portuguesa e Matemática. “Quando falamos de ‘inovador’, esperamos que a escola tenha a oportunidade de adequar e pensar a educação de acordo com a sua realidade local, tendo os eixos trabalho, ciência, tecnologia e cultura”, fala Ilka. Entre as atividades oferecidas pelas escolas estão oficinas de hip-hop, rádio escola, banda fanfarra e instalações de cineclubes.

        No Amapá, oito escolas foram contempladas com o projeto, quatro em Macapá e quatro em Santana, cidade a 20 quilômetros da capital. O projeto foi inicialmente implantado em conjunto com avaliações anteriores do Ensino Médio da região. A carga horária da escola foi ampliada para 3600 horas e cada unidade trabalha de forma diferente com o projeto, de acordo com a realidade de cada localidade. “O maior avanço diz respeito à evasão escolar, que diminuiu consideravelmente. Uma grande conquista também é o aumento de participações em olimpíadas (de Matemática e Português) e nos índices do ENEM. Além disso, acreditamos que o projeto trabalha o aluno enquanto cidadão e membro de uma comunidade”, conta o gerente do Núcleo do Ensino Médio de Macapá e Região (AP), Antônio Carlos Favacho. As ações realizadas nas escolas do Amapá incluem aulas de teatro, implantação de salas específicas para o uso de diversas mídias (midiatecas) e exibição de filmes, além de permitir que a escola fique aberta à comunidade nos finais de semana. “Além disso, fornecemos treinamento específico para os professores. Acreditamos que o Ensino Médio Inovador contempla tanto alunos quanto professores”, diz Antônio.

        Pelo Brasil, além do Ensino Médio Inovador, outras propostas de “revolucionar” a educação acontecem. A seguir, você confere duas iniciativas, feitas no Paraná e Ceará, com a intenção de ter um espaço educativo construído por alunos e professores.

        Transformando experiência em conhecimento

        Em Curitiba (PR), materiais didáticos são criados a partir das experiências vivenciadas nas salas de aulas.

        Ainda hoje, salvo raras exceções, o modelo vigente de educação no Brasil carrega heranças do período medieval, em que a Igreja era detentora de todo o conhecimento e transmitia as orientações que julgava necessárias para o povo. [...]

        Na contrapartida desse modelo tradicional de educação, um programa realizado no Paraná tem gerado ótimas experiências e resultados para os alunos, professores e estudiosos da educação. Trata-se do “Projeto Folhas”, criado a partir da necessidade de produzir materiais didáticos que fossem frutos das experiências vivenciadas nas salas de aulas por professores atuantes na educação básica e pública do Estado. “Acredito que por serem registros de suas experiências cotidianas, em sala de aula, as publicações refletem, ao mesmo tempo, as dificuldades enfrentadas no ensino de determinados conteúdos e as alternativas metodológicas criativas encontradas pelos professores. Esse processo é então registrado no ‘Folhas’ e socializado com outros professores que diariamente passam por situações semelhantes e encontram nesses textos um suporte pedagógico que os auxilie também”, relata um dos coordenadores do projeto, o professor Marcelo Cabarrão.

        [...]

        Conhecimento técnico

        Em Fortaleza (CE), escola prepara estudantes para o mercado de trabalho.

        Foi-se o tempo em que os estudantes preocupavam-se apenas com as provas e trabalhos da escola. Na rotina das instituições de ensino profissionalizantes, os alunos buscam. Além do aprendizado tradicional, conhecimentos que possam orientá-los para o mercado de trabalho. Na escola de ensino profissionalizante Marwin, localizada no Bairro Pirambu, em Fortaleza (CE), essa é a realidade dos estudantes de Ensino Médio.

        No Marwin, os alunos estudam em dois turnos (manhã e tarde) e têm aulas tradicionais aliadas ao conhecimento de um curso técnico que escolhem no ato da matrícula. No total são nove aulas todos os dias. A instituição oferece cursos de Enfermagem, Informática e Turismo desde março de 2009. Este ano, os alunos também puderam escolher entre Modelagem e Vestuário ou Hospedagem.

        A grade curricular dispõe que os estudantes vejam as disciplinas do Ensino Técnico juntamente com as disciplinas tradicionais de forma integrada. Dessa forma, durante a manhã os alunos podem estudar Matemática e depois uma disciplina de Informática, por exemplo. No último ano, os alunos fazem um estágio supervisionado organizado pela escola, que os encaminha a uma determinada instituição. As aulas de campo reforçam o aprendizado, já que os alunos têm a possibilidade de conhecer empresas de sua área de atuação.

        A estudante de Vestuário Paula Franciar, de 15 anos, diz que o curso profissionalizante é uma oportunidade única para garantir um futuro melhor para ela, pois as possibilidades de entrar logo no mercado de trabalho são maiores com os conhecimentos adquiridos no curso.

        [...]

        A coordenadora Maria do Socorro do Amaral aponta que a escola possibilita um amadurecimento aos alunos e uma preparação melhor para o ingresso na universidade. “O aluno fica mais preparado para enfrentar os desafios do cotidiano”, diz. A coordenadora comenta que um dos destaques da escola Marwin é o projeto Diretor da Turma, no qual cada professor é responsável por uma sala de aula. Assim, cada docente acompanha o rendimento dos alunos e entra em contato coma família para informa-los do resultado dos estudantes. A coordenadora informa ainda que o projeto é eficaz, pois os docentes têm tempo de se dedicar a ele já que também estão na escola em tempo integral.

Vinícius Gallon (Virajovem Curitiba, PR), Caroline Brito (Virajovem Fortaleza, CE), Sâmia Pereira (Virajovem São Paulo, SP) e Rafael Stemberg. Um ensino diferente. Revista Viração, n° 67, p. 18-21, edição especial, 2010.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 9º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 191-193.

Entendendo a reportagem:

01 – Qual é o principal objetivo do projeto Ensino Médio Inovador, de acordo com o texto?

A – Aumentar o número de escolas participantes em todo o país para atingir todas as 27 unidades da federação.

B – Focar exclusivamente na preparação dos alunos para o ENEM e olimpíadas de conhecimento.

C – Incentivar as redes estaduais a diversificar os currículos e tornar a escola um espaço mais atraente para os alunos.

D – Oferecer aulas de hip-hop, rádio escola e cineclubes para entreter os alunos.

02 – De acordo com a reportagem, qual é a principal mudança na carga horária de aulas proposta pelo Ensino Médio Inovador?

A – A carga horária é reduzida para 2000 horas, permitindo que os alunos tenham mais tempo para atividades extracurriculares.

B – O projeto não altera a carga horária, apenas a distribuição das disciplinas ao longo do ano.

C – A carga horária é aumentada de 2400 horas para 3000 horas ao final dos três anos letivos.

D – A carga horária passa de 2400 horas para 3600 horas em todas as escolas participantes.

03 – Um dos indicativos do programa 'Ensino Médio Inovador' é a oportunidade da escola adequar e pensar a educação de acordo com a sua realidade local, tendo como eixos principais:

A – Esportes, artes, tecnologia e sustentabilidade.

B – Trabalho, ciência, tecnologia e cultura.

C – Matemática, redação, laboratórios e projetos de pesquisa.

D – Língua Portuguesa, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas.

04 – Segundo a reportagem, qual foi um dos maiores avanços do projeto no Amapá?

A – A diminuição considerável da evasão escolar.

B – A abertura de novas escolas em Santana, cidade a 20 quilômetros da capital.

C – O fornecimento de treinamento específico para os professores de todas as escolas do estado.

D – A criação de novos cursos profissionalizantes para os alunos.

05 – Qual é a principal proposta do 'Projeto Folhas', de Curitiba (PR)?

A – Produzir materiais didáticos a partir das experiências vivenciadas nas salas de aulas por professores.

B – Adotar um modelo de educação tradicional, focado em conteúdos específicos.

C – Incentivar as olimpíadas de Matemática e Português nas escolas da região.

D – Fazer os alunos estudarem em dois turnos para aprimorar os conhecimentos técnicos.

06 – Como a Escola de Ensino Profissionalizante Marwin, em Fortaleza (CE), organiza a grade curricular para seus estudantes?

A – Os estudantes veem as disciplinas do Ensino Técnico juntamente com as disciplinas tradicionais de forma integrada.

B – Os alunos fazem um estágio supervisionado no primeiro ano para conhecerem a área de atuação.

C – Os alunos estudam as disciplinas tradicionais pela manhã e os cursos técnicos à tarde, de forma separada.

D – A escola foca apenas em disciplinas do Ensino Técnico, eliminando as disciplinas tradicionais.

07 – Qual é a função do projeto 'Diretor da Turma' na escola Marwin, em Fortaleza (CE)?

A – Selecionar os alunos mais talentosos para participarem de olimpíadas e competições externas.

B – Permitir que cada professor seja responsável por uma sala de aula, acompanhando o rendimento dos alunos e o contato com a família.

C – Atribuir um aluno monitor para cada sala, responsável por auxiliar os colegas com dificuldades.

D – Organizar as aulas de campo e os estágios supervisionados dos alunos.