sábado, 9 de agosto de 2025

NOTÍCIA: MANDA VÊ - FRAGMENTO - MAYARA MANTOVANI - COM GABARITO

 Notícia: Manda vê – Fragmento

        Mayara Mantovani

        Qual a receita para tornar a escola um espaço mais agradável entre os que a frequentam? Essa resposta, com certeza, todos (estudantes, educadores, governos e sociedade civil) gostariam de tê-la. Em todo o mundo, é consenso que a educação é uma questão fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade. Mas infelizmente, alcançar um nível educacional de qualidade tem sido uma tarefa difícil para os governos e gestores de educação. Principalmente no que diz respeito ao Ensino Médio, fase escolar que pode ser compreendida de diferentes maneiras.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuDbDeoFdzyFqKgOAIQUlSrlQ88rzqHz1J5pM3wtS-ppnjIcEOmzSId6AKz4POhz5NScAAxcjxkyiLHwCD8a4zaDi9UZZ3l6ZNSdbf8_tHm4cB1J_4rFTIgpS-Y3tz8tQRP8TVQgEvDAqjshJC2QrnRc6XmuvGgQbZ0AOwgDwA1LYJ1MrKiQm0g4qI51E/s320/pngtree-high-school-students-talk-to-the-teacher-png-image_2245069.jpg

        Alguns o têm como a ponte para a entrada na universidade e, consequentemente, a conquista de um bom cargo profissional no futuro. Essa visão faz com que escolas, públicas e privadas, preparem o aluno para apenas um fim específico: passar nos vestibulares mais concorridos do País. E tentam, a todo custo, garantir o máximo de seus alunos entre os primeiros na lista de egressos de cursos como Medicina e Engenharia. Já outras pessoas encaram o Ensino Médio como a oportunidade de ampliar a formação cidadã do estudante, valorizando suas habilidades e incentivando a busca pela descoberta do novo.

        [...] E para entender melhor o que a moçada pensa sobre o Ensino Médio, os Conselhos Jovens da Vira Campinas (SP) e Goiânia (GO) foram ouvir a opinião de alguns estudantes sobre o assunto, que você confere a seguir:

      Qual o Ensino Médio que você deseja?

        Izabella Mantovani, 16 anos, Campinas (SP).

        “Professores mais competentes. Uma melhor qualidade na educação, tanto na escola (estrutura) quanto nos livros didáticos”.

        João Paulo Pucinellei, 20 anos, Caldas Novas (GO).

        “Acredito que o Ensino Médio tem que ser um lugar que dá conta de garantir aos jovens uma leitura do mundo, apontando horizontes e potencializando a elaboração de projeto de vida”.

        Janis de Oliveira, 18 anos, Campinas (SP).

        “Queria que tivesse um preparo mais forte para o vestibular e para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). E que o esporte estivesse mais presente nas escolas”.

        Luana Gonçalves, 17 anos, Campinas (SP).

        “Melhores professores, que dão mais atenção aos alunos, e salas adequadas”.

        Vanilson Farias, 16 anos, Senador Canedo (GO).

        “Quero um Ensino Médio que aproxima o aluno da escola, com aulas menos chatas, divertidas, usando ferramentas como a música par deixa-las mais alegres e interessantes”.

        Raissa Katia Rodrigues, 19 anos, Campinas (SP).

        “Professores que ensinem com mais dedicação e que respeitem mais os alunos”.

        Thais Pereira dos Santos, 17 anos, Goiânia (GO).

        “Eu quero um Ensino Médio que me prepare para a universidade pública. E que não haja discriminação entre os alunos de ensino públicos e privado”.

        Michelly Bezerra Guedes, 15 anos, Goiânia (GO).

        “O Ensino Médio que quero deveria ser aquele que nos ajuda a ter uma base para a vida profissional”.

        Wellington Fernandes, 17 anos, Campinas (SP).

        “Que os professores se interessem em dar matéria e que sejam mais focados no assunto”.

Mayara Mantovani (Virajovem Campinas, SP) e Érika Pereira (Virajovem Goiânia, GO). Manda vê. Revista Viração, n. 67, p. 6-7. Edição especial, 2010.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 9º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 188-189.

Entendendo a notícia: 

01 – Qual é o consenso, em nível global, sobre a educação mencionado no início do texto?

      O texto afirma que, em todo o mundo, é consenso que a educação é uma questão fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade.

02 – O texto apresenta duas visões opostas sobre o Ensino Médio. Quais são elas?

      Uma visão é que o Ensino Médio serve como uma ponte para a entrada na universidade, preparando o aluno para passar em vestibulares. A outra o encara como uma oportunidade de ampliar a formação cidadã do estudante.

03 – De acordo com o texto, qual era o objetivo da pesquisa realizada pelos Conselhos Jovens da Vira Campinas e Goiânia?

      O objetivo da pesquisa era ouvir a opinião dos jovens sobre o Ensino Médio para entender o que eles pensam sobre o assunto.

04 – Quais são as principais críticas e desejos dos estudantes em relação aos professores?

      Muitos estudantes, como Izabella, Luana, Raissa e Wellington, pedem por professores mais competentes, dedicados, que deem mais atenção aos alunos, que se interessem em ensinar a matéria e que os respeitem.

05 – Dois estudantes, João Paulo Pucinellei e Michelly Bezerra Guedes, oferecem visões sobre o propósito do Ensino Médio. Quais são elas?

      João Paulo Pucinellei acredita que o Ensino Médio deve dar aos jovens uma "leitura do mundo" e ajudá-los a elaborar um projeto de vida. Já Michelly Bezerra Guedes deseja um Ensino Médio que ajude a ter uma base para a vida profissional.

06 – Além do preparo acadêmico, o que o estudante Janis de Oliveira gostaria de ver mais presente nas escolas?

      Além de um preparo mais forte para o vestibular e o Enem, Janis de Oliveira gostaria que o esporte estivesse mais presente nas escolas.

07 – Quais estudantes mencionam a preparação para a universidade como um ponto fundamental para o Ensino Médio ideal?

      Janis de Oliveira, que deseja um preparo mais forte para o vestibular e o Enem, e Thais Pereira dos Santos, que quer um Ensino Médio que a prepare para a universidade pública.

 

TEXTO: A MILENAR ARTE DE EDUCAR DOS POVOS INDÍGENAS - DANIEL MUNDURUKU - COM GABARITO

 Texto: A milenar arte de educar dos povos indígenas

        Por: Daniel Munduruku

        Educar é dar sentido. É dar sentido ao nosso estar no mundo. Nossos corpos precisam desse sentido para se realizar plenamente. Mas também nossos corpos são vazios de imagens e elas precisam fazer parte da nossa mente para possamos dar respostas ao que se nos apresenta diuturnamente como desafios da existência. É por isso que não basta dar alimento apenas ao corpo, é preciso também alimentar a alma, o espírito. Sem comida o corpo enfraquece e sem sentido é a alma que se entrega ao vazio da existência.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-P3U5oczYgln6jkbVG_C0mZVGhzSYmZYUp6MCW5P6kKJlFToqcEihamkzUEDy9ehPnA8OXda49zNfYWeO1aj1ODEWkWH5f9dpDkxpFQAY76xQtwNlSneCuNNYmdtL3OoL5WB1vRSf97OZ7vINpcTTGNulZZXiR45vxC55d7DgdmNfybMofbGDJAC3N9U/s320/Brasil-Indigena_kraho_-Foto-Renato-SoaresX-e1523888683885.jpg


        A educação tradicional entre os povos indígenas se preocupa com esta tríplice necessidade: do corpo, da mente e do espírito. É uma preocupação que entende o corpo como algo prenhe de necessidades para poder se manter vivo.

        Esta visão de educação é sustentada pela ideia de que cada ser humano precisa viver intensamente seu momento. A criança indígena é, então, provocada para ser radicalmente criança. Não se pergunta nunca a ela o que pretende ser quando crescer. Ela sabe que nada será se não viver plenamente seu ser infantil. Nada será por que já é. Não precisará esperar crescer para ser alguém. Para ela é apresentado o desafio de viver plenamente seu ser infantil para que depois, quando estiver vivendo outra fase da vida, não se sinta vazia de infância. A ela são oferecidas atividades educativas para que aprenda enquanto brinca e brinque enquanto aprende num processo contínuo que irá fazê-la perceber que tudo faz parte de uma grande teia que se une ao infinito.

        Num mesmo movimento ela vai sendo introduzida no universo espiritual. Embalada pelas histórias contadas pelos velhos da aldeia, a criança e o jovem passam a perceber que em seu corpo moram os sentidos da existência. Este sentido é oferecido pela memória ancestral concentrada nos velhos contadores de histórias. São eles que atualizam o passado e o fazem se encontrar com o presente mostrando à comunidade a presença do saber imemorial capaz de dar sentido ao estar no mundo.

        Este processo todo é alimentado por rituais que lembram o passado para significar o presente. São movimentos corpóreos embalados por cantos e danças repetidos muitas vezes com o objetivo de “manter o céu suspenso”. A dança lembra a necessidade de sermos gratos aos espíritos criadores; contam que precisamos de sentidos para viver dignamente; ordena a existência. Cada grupo de idade ritualiza a seu modo. Cada um se sente responsável pelo todo, pela unidade, pela continuidade social.

        Educar é, portanto, envolver. É revelar. É significar. É mostrar os sentidos da existência. É dar presente. E não acaba quando a pessoa se “forma”. Não existe formatura. Quem vive o presente está sempre em processo.

        É por isso que a criança será sempre criança. Plenamente criança. Essa é a garantia de que o jovem será jovem no seu momento. O homem adulto viverá sua fase de vida sem saudades da infância, pois ele a viveu plenamente. O mesmo diga-se dos velhos. O que cada um traz dentro de si é a alegria e as dores que viveram em cada momento. Isso não se apaga de dentro deles, mas é o que os mantém ligados ao agora.

        Resumo da ópera: A educação tradicional indígena tem dado certo. As pessoas se sentem completas quando percebem que a completude só é possível num contexto social, coletivo. Cada fase porque passa um indígena – desde a mais tenra idade – alimenta um olhar para o todo, pois o conhecimento que aprendem e vivem é um saber holístico que não se desdobra em mil especialidades, mas compreende o humano como uma unidade integrada a um Todo maior e Único.

        Olhar os povos indígenas brasileiros a partir de uma visão rasa de produção, de consumo, de riqueza e pobreza é, no mínimo, esvaziar os sentidos que buscam para si.

        Pense nisso.

        Xipat Oboré (Tudo de Bom!).

Daniel Munduruku. Disponível em: http://danielmunduruku.blogspot.com/2010/04/milenar-arte-de-educar-dos-povos.html. Acesso em: 17 abr. 2015.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 9º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 204-205.

Entendendo o texto:

01 – Qual é a definição de educar, segundo o autor?

      Segundo o autor, educar é dar sentido ao nosso estar no mundo, alimentando não apenas o corpo, mas também a alma e o espírito.

02 – De que forma a educação tradicional indígena aborda a infância?

      A educação indígena provoca a criança a ser radicalmente criança, vivendo plenamente sua fase atual. Não se pergunta o que ela será quando crescer, pois ela já é alguém. O objetivo é que ela não se sinta vazia de infância no futuro.

03 – Qual o papel dos "velhos da aldeia" no processo educativo?

      Os velhos da aldeia são os contadores de histórias que atualizam o passado e o conectam com o presente. Eles transmitem a memória ancestral, que dá sentido à existência e introduz as crianças e jovens no universo espiritual.

04 – Como os rituais contribuem para a educação indígena?

      Os rituais, que incluem cantos e danças, servem para lembrar o passado e dar significado ao presente. Eles reforçam a gratidão aos espíritos criadores e a necessidade de viver com dignidade, mantendo a ordem da existência e o senso de responsabilidade coletiva.

05 – Qual é a principal diferença entre a educação indígena e a educação ocidental em relação à "formatura"?

      Na educação indígena, não existe formatura, pois o processo de aprendizado é contínuo. A pessoa está sempre "em processo". Na visão ocidental, a formatura marca o fim de uma etapa educacional.

06 – Como a plenitude é alcançada na visão indígena?

      O texto afirma que a completude só é possível em um contexto social e coletivo. Cada fase da vida, desde a infância, alimenta um olhar para o todo, e o conhecimento aprendido é holístico, não fragmentado em especialidades.

07 – Por que, segundo o autor, é uma "visão rasa" julgar os povos indígenas com base em produção e riqueza?

      Julgar os povos indígenas por critérios como produção e riqueza é uma visão rasa porque esvazia os sentidos que eles buscam para si mesmos, que estão enraizados em uma compreensão holística e coletiva da existência, e não em valores materiais.

 

NOTÍCIA: O CAMINHO DA FELICIDADE - FRAGMENTO - JOHANNA ROMBERG - COM GABARITO

 Notícia: O caminho da felicidade – Fragmento

        [...]

        O que será desse menino? Seu nome é David. Assim que entra na escola, leva seus professores à beira da loucura. Tanto faz se conta piadas sujas no meio da aula ou incita seus colegas a um duelo de cuspe – sua índole é orientada para a provocação. E, no entanto, ele não é burro: graças às suas excelentes notas, consegue entrar em uma boa faculdade – onde também é considerado difícil. “Sombrio, acanhado, atormentado por complexos de inferioridade, medos e desprezo por si mesmo” é como um psiquiatra o descreve em uma avaliação. A vida não sorri para David.

 Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjiGhVL4g8Fq679GDCNQuBS0fTLEgTUFKJOtEWE766sO1yo0nDy-GKCR1QrVLR7bm5UCXPk9e1IRQsevFHGLerDxZj2bUVeOnkM6hyphenhyphen14RHFJHUeI5IbS6vDA6-vzonI87lM3czsmgkpRzo5-UJE241Uv0jr1KJrdXK4M_OTSbiHhyphenhyphenFSm5c61Qb1z7EpmRc/s320/20088534-professor-e-alunos-estao-estudando-na-sala-de-aula-de-desenho-animado-vetor.jpg


         Bill, por outro lado, não é motivo de preocupação para ninguém. É talentoso e estudioso, tem muitos amigos, é um aluno cheio de confiança e capitão do time de futebol. Conclui a faculdade com as melhores notas. Um superior o descreve como um jovem “descontraído e calmo em situações delicadas, dono de um grande senso de humor”. Outro profetiza: “Esse rapaz poderá ir longe”.

        Será que se pode afirmar o mesmo a respeito de Susan? A menina, filha única, é altamente talentosa, especialmente para a música. Aos 5 anos de idade já se apresenta no palco cantando e dançando. Mas não voluntariamente. É a mãe que a obriga a isso. Essa mãe detesta crianças e explora inescrupulosamente os talentos de sua filha. Ela chega até a obrigar Susan a esconder sua idade para poder exibi-la como criança pequena em espetáculos de teatro de variedades. [...]

        Os três estão entre os participantes de um projeto científico único: o Estudo de Harvard sobre o Desenvolvimento na Idade Adulta. Ele é um dos projetos de longo prazo mais dispendiosos já empreendidos na área de ciências humanas e explora um campo de pesquisa incomum: o segredo da “boa vida”. Seu objetivo é determinar quais forças internas e externas contribuem para a manutenção da mais perfeita saúde física e mental até uma idade muito avançada.

        [...]

Johanna Romberg. O caminho da felicidade. Revista GEO Brasil, São Paulo, Escala, n. 30.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 9º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 186.

Entendendo a notícia:

01 – De acordo com o texto, quais características descrevem a personalidade e o desempenho acadêmico de David?

      David é descrito como um menino provocador, difícil e com uma índole que leva seus professores à loucura. Apesar disso, ele é muito inteligente, com excelentes notas que lhe garantem uma vaga em uma boa faculdade.

02 – Como o texto descreve a personalidade de Bill e quais são as expectativas sobre o seu futuro?

      Bill é descrito como talentoso, estudioso e confiante. Ele é um aluno com muitos amigos e capitão do time de futebol. Um de seus superiores profetiza que "Esse rapaz poderá ir longe".

03 – Qual era o talento de Susan, e qual era a sua relação com a mãe?

      Susan era uma menina com um talento especial para a música. Sua mãe, no entanto, a obrigava a se apresentar e explorava seus talentos de forma inescrupulosa, chegando a fazê-la esconder sua idade.

04 – Qual é o nome do projeto científico que os três personagens participam e o que o torna único?

      O projeto se chama Estudo de Harvard sobre o Desenvolvimento na Idade Adulta. Ele é um dos projetos de longo prazo mais dispendiosos na área de ciências humanas e explora o segredo da "boa vida".

05 – Qual é o objetivo principal do Estudo de Harvard, de acordo com o fragmento da notícia?

      O principal objetivo do estudo é determinar quais são as forças internas e externas que contribuem para a manutenção da saúde física e mental perfeita até uma idade muito avançada.

 

quinta-feira, 7 de agosto de 2025

NOTÍCIA: CALENDÁRIOS MAIAS - MORGANA GOMES - COM GABARITO

 Notícia: Calendários maias

        Mais do que um simples método de quantificar o tempo, os Maias tinham um sistema de calendário circular, cujo ciclo complexo era de 52 anos solares.

        Graças à exatidão dele, eles eram capazes de organizar suas atividades cotidianas e registrar simultaneamente a passagem do tempo, incluindo os acontecimentos políticos e religiosos que consideravam cruciais.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJeJRy1iwJx06W1Pag7_2tf5KnxX2QGTRP02YNvhttVRNGAhTBGn_XLUHA6yrwUklCmnL_pRcwaBSSHaRmb1XBmDv_5Voeg4Xtg7mEFD9sJ2ViyLzqdT9eiDqZFMcRleFp5R_xeKE1SE8OpflEkGLb2LM_i8BVtIdUkpv2lqftLPIWO9Xq_UXLlFpK7-4/s320/maia.gif


        Em si, esse calendário sincronizava dois calendários circulares. O referente ao ciclo equivalente a um ano solar era chamado de Haab. Com 365 dias e 1/5, ele tinha 18 meses de 20 dias, mais cinco dias sem nome, que eram considerados nefastos para a realização de qualquer empreendimento. Tido como o calendário das coisas e plantas, seu uso era aplicado às atividades agrícolas, notadamente na prescrição das datas de plantio, colheita, tratos culturais e previsão dos fenômenos meteorológicos. Já o calendário Tzolk’in tinha treze meses de vinte dias, cujo ciclo completo totalizaria 260 dias, e era usado para fins religiosos, entre os quais a escolha de datas propícias para cerimônias religiosas, atos civis e adivinhação. Quando sobrepostos, os dois calendários formavam a chamada roda ou calendário circular. Juntos, os anos de Haab e de Tzolk’in indicam ciclos – como as nossas décadas ou séculos – que tanto podem ser contados de 20 em 20 anos, quanto integrados por 52 anos.

      Para situar os acontecimentos em ordem cronológica, os Maias usavam o método da “conta longa”, a partir do ano zero, correspondente a 3113 a.C. A inscrição da data registrada o número de ciclos a partir do kin (dia), uinal (mês), tun (ano), katun (20 anos), baktun (400 anos) e alautun (64 milhões de anos), decorridos até a data considerada. Mas eles ainda acrescentavam informações sobre a fase da Lua e aplicavam uma fórmula de correção ao calendário que harmonizava a data convencional com a verdadeira posição do dia no ano solar.

        Entretanto, com a repetição dominava a linearidade, acontecimentos diferentes em datas anteriores de cada período de 20 ou 52 anos dificilmente são distinguidos com precisão, porque cada sequência sempre é exatamente igual à outra, passada ou futura, conforme ressalta o manuscrito Chilam Balam: “Treze vezes 20 anos e, depois, sempre voltará a começar”.

        De acordo com estudos realizados por especialistas, a grande importância dada a esse tipo de medição provém da concepção de que tempo e espaço tratam de uma só coisa, que flui circularmente em ciclos repetitivos. Tal conceito, chamado Najt, explica por que os Maias acreditavam que, conhecendo o passado e transportando as ocorrências para idêntico dia do ciclo futuro, os acontecimentos basicamente se repetiriam. Isso fazia com que eles também se sentissem capazes de prever o futuro e exercer poder sobre ele.

        Atualmente, pesquisadores também defendem que a observação da repetição cíclica das estações do ano e dos eventos climáticos, aliados aos ciclos vegetativos e reprodutivos das plantas e dos animais e sincronizados à repetição do curso dos astros, inspiraram a criação dos dois calendários, que se desenvolveram graças à necessidade de sistematizar os principais eventos. Considerando ainda que a matemática tinha base 20, o mês de 20 dias seria algo bem natural para a cultura Maia, tanto que, a cada katun (período de 20 anos), eles erigiam uma estela, monumento lítico decorado, no qual registravam as datas e principais eventos, que poderiam ser interpretados no futuro.

        Mas, como ainda há quem defenda que os Maias definiam o tempo como uma energia real ou força que existe em todo o universo, cuja frequência seria de 13:20, o calendário Tzolk’in provavelmente identificava o aspecto energético e espiritual do tempo de cada dia. Ponderando que o número 13 se referia às 13 lunações anuais (13X28 = 364), no qual o mês lunar tem 28 dias, que, multiplicado por 20 (base) resulta em 260 dias, teríamos um período próximo ao ciclo ovariano da reprodução humana, evento esse que indica um dos aspectos energéticos do homem.

        De um modo ou outro, essa repetição cíclica cria problemas para transpor as datas referentes à civilização Maia para nosso calendário, já que fica muito difícil identificar fatos parecidos em sequências diferentes. Entre eles, podemos citar a invasão Tolteca do século 10 que se confunde, nas crônicas Maias, com a invasão espanhola que ocorreu 500 anos depois. Esse fato explica por que os historiadores contemporâneos recorrem às profecias, tidas como uma forma de memória, para conhecer episódios do passado da sociedade Maia. Portanto, de acordo com o calendário Maia, o final do ciclo atual se dará em 22 de dezembro de 2012, época em que deve ocorrer o início de uma nova era.

Morgana Gomes. Os incríveis Maias. Revista Leituras da História. Disponível em: http://leiturasdahistoria.uol.com.br/ESLH/Edicoes/46/artigo242659-2.asp. Acesso em: 24 mar. 2015.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 9º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 159-161.

Entendendo a notícia:

01 – O texto menciona dois calendários circulares principais dos maias. Quais são eles e para que cada um era usado?

      Os dois calendários são o Haab e o Tzolk'in. O Haab, com 365 dias, era usado para atividades agrícolas e a previsão de fenômenos meteorológicos. O Tzolk'in, com 260 dias, era utilizado para fins religiosos, cerimônias civis e adivinhação.

02 – O que era a "Roda do Calendário" maia e qual era a duração de seu ciclo completo?

      A Roda do Calendário era a sobreposição dos calendários Haab e Tzolk'in, formando um ciclo complexo. O ciclo completo dessa roda tinha a duração de 52 anos solares.

03 – Para que os maias utilizavam o método da "conta longa" e qual era o ano zero desse sistema?

      O método da "conta longa" era usado para situar acontecimentos em ordem cronológica. O ano zero desse sistema correspondia a 3113 a.C.

04 – O que significa o conceito maia de Najt, e como essa visão de tempo influenciava a civilização?

      Najt é a concepção de que tempo e espaço são uma só coisa que flui em ciclos repetitivos. Essa crença fazia com que os maias acreditassem que, conhecendo o passado, poderiam prever a repetição dos acontecimentos no futuro.

05 – Por que os historiadores modernos têm dificuldades para transpor as datas maias para o nosso calendário?

      A repetição cíclica do calendário maia torna difícil distinguir com precisão acontecimentos em datas passadas ou futuras de um mesmo período. O texto cita o exemplo de como a invasão tolteca do século 10 se confunde com a invasão espanhola, que ocorreu 500 anos depois.

06 – Qual a importância do número 20 na cultura maia, de acordo com o texto?

      A importância do número 20 está relacionada à base de sua matemática. Essa base explica o mês de 20 dias e também o fato de que a cada katun (período de 20 anos), eles erigiam uma estela para registrar eventos e datas importantes.

07 – Segundo o texto, quando estava previsto o fim do ciclo maia atual e o que se esperava que acontecesse nessa data?

      O fim do ciclo maia atual estava previsto para o dia 22 de dezembro de 2012. Nessa data, era esperado que ocorresse o início de uma nova era.

 

NOTÍCIA: ESPETÁCULOS DE SOM E LUZ NOS CÉUS - FRAGMENTO - SÉRGIO DE PAULA MACHADO ANGELO C. PINTO - COM GABARITO

 Notícia: Espetáculos de som e luz nos céus – Fragmento

        [...]

        A química e a arte da pirotecnia

        Os fogos de artifício foram levados pelos árabes para a Europa, e as festividades pirotécnicas de caráter cívico ou religioso surgiram na Itália, na cidade de Florença, no final do século 14.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4ccHvGSHx_uDJyKpUkDZxRaqXKm_4MWvgNgHHYFgjIl6xMOnHMswIbUHaP7Ay0AOveIvxsAVRKbPPXQY-fe5mmVY_kQOJZUimLzXBoGUlO3-6uCavTFLf6Hq9Y7MKjE6GGZlL-yJaYT8iljAJCYIz3Rkexd_PufIG2npEHE77FbXY0z8yWsRKyEzkpPs/s320/hanabi7.jpg

        Os espetáculos produzidos atualmente por fogos de artifício atraem e seduzem espectadores de todas as idades e crenças. No entanto, o espectro de cores nem sempre foi tão amplo assim. Nos primórdios, as cores desses artefatos estavam limitadas ao dourado e prateado, por ser a mistura dos componentes restrita a apenas pólvora, carvão (carbono vegetal) e limalha de ferro.

        O universo de cores dos fogos de artifício ganhou não só novos matizes com a descoberta, em 1786, do clorato de potássio, pelo químico francês Claude Louis Berthollet (1748-1822), mas também grande luminosidade e brilho com a disponibilidade dos elementos químicos magnésio (1865) e alumínio (1894).

        Inventados pelos chineses antes da era cristã, os fogos de artifício terrestres deram lugar aos fogos aéreos só a partir do século passado. Além da variedade de formas, a multiplicidade de cores torna a queima de fogos de artifício um grande espetáculo.

        Quem os vê a distância não imagina as reações químicas que estão por trás das impressionantes apresentações pirotécnicas que maravilham, por exemplo, todos os anos, em 31 de dezembro, na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro (RJ), os milhões de pessoas que vão assistir à festa de Ano Novo.

        Mas o que realmente faz com que ocorra essa variedade de cores no céu?

        Barulho e luz

        Por trás desse espetáculo está a química, com seus processos de perda de elétrons (oxidação) e de fornecimento de energia para essas partículas subatômicas (excitação eletrônica).

        O primeiro processo é responsável pelo barulho produzido pelo aquecimento das substâncias químicas; o segundo, pela emissão de luz [...]

        Portanto, as imagens e os sons de cada explosão são o resultado de diversas reações químicas.

        Oxidações (perda de elétrons) e reduções (ganho de elétrons) de produtos químicos ocorrem nos fogos de artifício em sua trajetória em direção ao céu. Oxidantes produzem o gás oxigênio, necessário para queimar a mistura dos agentes redutores e para excitar os átomos dos compostos emissores de luz

        Mudança de orbital

        Para que se entenda como os fogos de artifício colorem o céu e o barulho que provocam, é preciso se entender o que são os átomos. Os átomos são formados por núcleos – que contêm os prótons e os nêutrons – e por elétrons. Como o nome sugere, os núcleos ocupam uma região muito pequena e condensada – cerca de 99% da massa atômica estão aí concentrados.

        Para exemplificar o tamanho reduzido do núcleo, basta fazer o seguinte exercício de imaginação. Se o tamanho dele for aumentado até atingir o de uma cabeça de alfinete ou mesmo de um palito de fósforo – obviamente, isso dependerá se o elemento químico em questão for o de hidrogênio ou um com muitas partículas no núcleo –, o átomo terá, então, o tamanho aproximado do anel do estádio de futebol Maracanã.

        Já os elétrons estão dispostos em regiões chamadas orbitais. Os orbitais ocupam regiões de diferentes energias, e o processo do aparecimento da cor está relacionado às transições dos elétrons de um orbital para outro. Isso ocorre quando os elétrons absorvem energia e passam para níveis de maior energia.

        Para dissipar a energia absorvida e voltarem ao nível de origem, os elétrons emitem luz. Cada elemento químico emite luz com cores distintas e bem características – as cores emitidas por um elemento funcionam como um tipo de carteira de identidade dele.

        [...]

SÉRGIO DE PAULA MACHADO ANGELO C. PINTO. Espetáculos de luz e som nos céus. Disponível em: http://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch/2011/288/pdf_aberto/fogosdeartificio2288.pdf. Acesso em: 15 abr. 2015.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 9º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 161-162.

Entendendo a notícia:

01 – Quem levou os fogos de artifício para a Europa e em que cidade surgiu a primeira festividade pirotécnica de caráter cívico ou religioso?

      Os árabes levaram os fogos de artifício para a Europa, e as festividades pirotécnicas surgiram na cidade de Florença, na Itália.

02 – Quais eram as cores limitadas dos fogos de artifício nos primórdios e por quê?

      As cores eram limitadas ao dourado e prateado, porque a mistura dos componentes era restrita a apenas pólvora, carvão (carbono vegetal) e limalha de ferro.

03 – Que descobertas químicas foram cruciais para ampliar o espectro de cores e o brilho dos fogos de artifício?

      A descoberta do clorato de potássio, pelo químico Claude Louis Berthollet em 1786, ampliou os matizes, e a disponibilidade dos elementos químicos magnésio (1865) e alumínio (1894) adicionou grande luminosidade e brilho.

04 – Como a química explica o som e a luz nos espetáculos pirotécnicos?

      O barulho é resultado do processo de oxidação (perda de elétrons) das substâncias químicas, enquanto a luz é resultado da excitação eletrônica (fornecimento de energia aos elétrons), que causa a emissão de luz.

05 – O que acontece com os elétrons para que eles emitam luz, criando as cores nos fogos de artifício?

      Os elétrons absorvem energia e passam para níveis de maior energia. Para dissipar essa energia absorvida e retornarem ao seu nível de origem, eles emitem luz.

06 – Qual é a função dos oxidantes nos fogos de artifício?

      Os oxidantes produzem o gás oxigênio, que é necessário para queimar a mistura dos agentes redutores e para excitar os átomos dos compostos emissores de luz.

07 – Qual é a analogia usada no texto para explicar o tamanho do núcleo de um átomo em comparação com o átomo inteiro?

      A analogia é que, se o núcleo de um átomo fosse aumentado até o tamanho de uma cabeça de alfinete ou de um palito de fósforo, o átomo teria o tamanho aproximado do anel do estádio de futebol Maracanã.

 

MINICONTO: BETSY - RUBEM FONSECA - COM GABARITO

 Miniconto: Betsy

        Rubem Fonseca

        Betsy esperou a volta do homem para morrer.

        Antes da viagem ele notara que Betsy mostrava um apetite incomum. Depois surgiram outros sintomas, ingestão excessiva de água, incontinência urinária. O único problema de Betsy até então era a catarata numa das vistas. Ela não gostava de sair, mas antes da viagem entrara inesperadamente com ele no elevador e os dois passearam no calçadão da praia, algo que ela nunca fizera. No dia em que o homem chegou, Betsy teve o derrame e ficou sem comer. Vinte dias sem comer, deitada na cama com o homem. Os especialistas consultados disseram que não havia nada a fazer. Betsy só saia da cama para beber água.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8hjnXqdMPfFEX_pOqyvv51_Vr3h5moy1OvV3gZuAaSYetjDjipmefx_qZ4NEIEMGNVgaPR4naOqhb5bgZF-42-VLn5uk4HH0OQym5R-DYu8yiJxlxSrFKJHTe349cdRgqBnvU7f8Ct-vPsUAkNp7Lnp1UznbIeP4syJOqzxVpIRI0xzbMMBEZWnGQ7wk/s1600/images.jpg


        O homem permaneceu com Betsy na cama durante toda a sua agonia, acariciando seu corpo, sentindo com tristeza a magreza de suas ancas. No último dia, Betsy, muito quieta, os olhos azuis abertos, fitou o homem com o mesmo olhar de sempre, que indicava o conforto e o prazer produzidos pela presença e pelos carinhos dele. Começou a tremer e ele a abraçou com mais força. Sentindo que os membros dela estavam frios, o homem arranjou para Betsy uma posição confortável na cama. Então ela estendeu o corpo, parecendo se espreguiçar, e virou a cabeça para trás, num gesto cheio de langor. Depois esticou o corpo ainda mais e suspirou, uma exalação forte. O homem pensou que Betsy havia morrido. Mas alguns segundos depois ela emitiu novo suspiro. Horrorizado com sua meticulosa atenção o homem contou, um a um, todos os suspiros de Betsy. Com o intervalo de alguns segundos ela exalou nove suspiros iguais, a língua para fora, pendendo do lado da boca. Logo ela passou a golpear a barriga com os dois pés juntos, como fazia ocasionalmente, apenas com mais violência. Em seguida, ficou imóvel. O homem passou a mão de leve no corpo de Betsy. Ela se espreguiçou e alongou os membros pela última vez. Estava morta. Agora, o homem sabia, ela estava morta.

        A noite inteira o homem passou acordado ao lado de Betsy, afagando-a de leve, em silêncio, sem saber o que dizer. Eles haviam vivido juntos dezoito anos.

        De manhã, ele a deixou na cama e foi até a cozinha e preparou um café puro. Foi tomar o café na sala. A casa nunca estivera tão vazia e triste.

        Felizmente o homem não jogara fora a caixa de papelão do liquidificador. Voltou para o quarto. Cuidadosamente, colocou o corpo de Betsy dentro da caixa. Com a caixa debaixo do braço caminhou para a porta. Antes de abri-la e sair, enxugou os olhos. Não queria que o vissem assim.

Rubem Fonseca. Histórias de amor. Companhia das Letras: São Paulo, 1997, p. 09.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 9º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 164-165.

Entendendo o miniconto:

01 – Quais foram os primeiros sintomas de Betsy que o homem notou e o que ela fez de diferente antes da viagem dele?

      Os primeiros sintomas foram apetite incomum, ingestão excessiva de água e incontinência urinária. De forma incomum, Betsy entrou no elevador e passeou com o homem no calçadão da praia, algo que nunca havia feito.

02 – Como o homem reagiu durante a agonia de Betsy e qual era a duração da convivência deles?

      O homem permaneceu deitado na cama com Betsy, acariciando-a durante toda a sua agonia. A história revela que eles viveram juntos por dezoito anos.

03 – De que forma o narrador descreve os momentos finais de Betsy, em especial a sequência de suspiros?

      Após tremer e ser abraçada pelo homem, Betsy estendeu o corpo e suspirou nove vezes com intervalos de segundos. O homem, horrorizado, contou cada um dos suspiros antes de ela golpear a barriga com os pés e, finalmente, morrer.

04 – O que o homem fez com o corpo de Betsy na manhã seguinte à sua morte?

      Na manhã seguinte, o homem cuidadosamente colocou o corpo de Betsy dentro da caixa de papelão de um liquidificador que ele não tinha jogado fora.

05 – Por que o homem enxugou os olhos antes de sair de casa com a caixa?

      O homem enxugou os olhos porque não queria ser visto chorando, o que demonstra seu desejo de esconder a sua profunda tristeza e a sua dor pela perda.

 

 

NOTÍCIA: CIRURGIA PLÁSTICA EM ADOLESCENTES - FRAGMENTO - HANS ARTEAGA - COM GABARITO

 Notícia: Cirurgia plástica em adolescentes – Fragmento 

        A procura quadruplicou em cinco anos, o que merece a atenção para as motivações e as consequências da intervenção nessa fase da vida

        O número de cirurgias plásticas vem aumentando consideravelmente nos últimos tempos e, com isso, a presença do adolescente também ficou mais constante nos consultórios médicos, sendo necessário dar mais atenção às suas motivações, seus problemas e as consequências das plásticas nessa pessoa. Em 2000, 5 entre 100 pacientes que procuravam meu consultório tinham de 6 a 16 anos. Este ano o número saltou para 22 entre 100 pacientes!

        [...]

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAz6Jg6HnohsFwVjzuFpU2V_IdvXBtJW4YD4VvpPnoJJ4uaxWRLdS4fGTtiUZbOmQcC2fbKYAyvNSF7L6Kh_qYTJ6OMGnZWna9POuYA0gK-26UhNa_vvA3IN1R4KPtjr18R0xYet-mLLQY0619Q7SAJ6SMzIKYUdg8XWr9vmdiqX6x2Vzpszg7A-ZEgz0/s320/istockphoto-1252679621-612x612.jpg


        Todos nós, principalmente aqueles que têm filhos, sabemos que o adolescente está em constante mudança, e que a sua vontade por uma plástica hoje pode não ser a mesma amanhã, podendo não aceitar os resultados conseguidos.

        Determinar os efeitos da plástica em um organismo em desenvolvimento não é muito fácil, mas hoje essas condutas estão mais padronizadas. Mesmo assim, o problema principal é o aspecto psicológico do adolescente, que deve ser bem analisado para conseguir boa indicação para a cirurgia, de maneira que seus anseios sejam atingidos e os resultados fiquem dentro de sua expectativa.

        Quando se chega à conclusão de que o problema em si está dificultando o relacionamento em seu grupo social e, se possível, apoiado por educadores e psicólogos, então a cirurgia é realizada.

        Se a cirurgia plástica normalmente influencia a vida de quem a procura, as alterações no adolescente são muito mais perceptíveis, e, em geral, contribuem para o seu desenvolvimento psicossocial. Normalmente no primeiro curativo são notadas sensíveis alterações como postura corporal e fala mais espontânea.

        [...]

        Ainda sim, com todos os benefícios, devemos lembrar que os riscos inerentes à cirurgia, anestesia, internação em ambiente hospitalar, medicamentos e outros fatores sempre irão existir, e se nossa geração, que passou pela adolescência há 20, 30 anos, resolveu suas “neuras” sem recorrer a cirurgias, por que os adolescentes de hoje também não podem resolvê-las da mesma maneira? Essa questão fica em aberto.

Hans Arteaga. Cirurgia plástica em adolescentes. Disponível em: http://www.terra.com.br/istoeegente/320/saude/index.htm. Acesso em: 26 mar. 2015.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 9º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 215.

Entendendo a notícia:

01 – Qual foi o aumento na procura por cirurgias plásticas entre adolescentes em cinco anos, de acordo com o texto?

      A procura por cirurgias plásticas entre adolescentes quadruplicou em cinco anos. Em 2000, 5 em cada 100 pacientes tinham entre 6 e 16 anos; no ano do texto, esse número subiu para 22 em cada 100 pacientes.

02 – Qual é a principal preocupação do texto em relação às cirurgias plásticas em adolescentes?

      A principal preocupação é com os aspectos psicológicos do adolescente, como suas motivações e a possibilidade de que sua vontade mude, levando-o a não aceitar os resultados da cirurgia no futuro.

03 – Em que situação a cirurgia plástica é considerada uma boa indicação para um adolescente, segundo o texto?

      A cirurgia é considerada indicada quando o problema estético está dificultando o relacionamento social do adolescente. A decisão deve ser apoiada por educadores e psicólogos.

04 – Quais são os benefícios observados após a cirurgia em adolescentes?

      As alterações no adolescente são muito perceptíveis e, em geral, contribuem para o seu desenvolvimento psicossocial. Já no primeiro curativo, é possível notar mudanças como uma melhor postura corporal e uma fala mais espontânea.

05 – O texto apresenta uma crítica ou questionamento sobre as cirurgias plásticas em adolescentes? Qual é ele?

      Sim, o texto levanta um questionamento ao final. O autor pergunta por que os adolescentes de hoje não podem resolver suas "neuras" da mesma forma que a geração anterior, que não precisou recorrer a cirurgias plásticas para superar as inseguranças da adolescência.

 




 

CRÔNICA: MUITO CEDO PARA DECIDIR - FRAGMENTO - RUBEM ALVES - COM GABARITO

 Crônica: Muito cedo para decidir – Fragmento

              Rubem Alves

        Gandhi se casou menino. Foi casado menino. O contrato, foram os grandes que assinaram. Os dois nem sabiam direito o que estava acontecendo, ainda não haviam completado 10 anos de idade, estavam interessados em brincar. Ninguém era culpado: todo mundo estava sendo levado de roldão pelas engrenagens dessa máquina chamada sociedade, que tudo ignora sobre a felicidade e vai moendo as pessoas nos seus dentes. Os dois passaram o resto da vida se arrastando, pesos enormes, cada um fazendo a infelicidade do outro. 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjut1vW8kGK8ChY7vAq6qiCjVcmn9PDxRaiAJNxmL-MNjVoMl-AynogxPRGR0sDKfXb_L9wstNlegljE1ztPLb0moujf77zvA9j41DVq_iWib5hcm5kVbn8SHPNQ4u8s54B0bV5VSVWOSfeGJuL5gm7mQ-79fJruncQsSKvb2GEQQRn8x80M8VwZFfnzTE/s320/11B-Mahatma-Ghandi_pt_BR.jpg


        Vocês dirão que felizmente esse costume nunca existiu entre nós: obrigar crianças que nada sabem a entrar por caminhos nos quais terão de andar pelo resto da vida é coisa muito cruel e... burra! Além disso já existe entre nós remédio para casamento que não dá certo.

        [...]

        Pois dentro de poucos dias vai acontecer com nossos adolescentes coisa igual ou pior do que aconteceu com o Gandhi e a mulher dele, e ninguém se horroriza, ninguém grita, os pais até ajudam, concordam, empurram, fazem pressão, o filho não quer tomar a decisão, refuga, está com medo. "Tomar uma decisão para o resto da minha vida, meu pai! Não posso agora!" e o pai e a mãe perdem o sono, pensando que há algo errado com o menino ou a menina, e invocam o auxílio de psicólogos para ajudar...

        Está chegando para muitos o momento terrível do vestibular, quando vão ser obrigados por uma máquina, do mesmo jeito como o foram Gandhi e Casturbai (era esse o nome da menina), a escrever num espaço em branco o nome da profissão que vão ter.

        Do mesmo jeito não: a situação é muito mais grave. Porque casar e descasar são coisas que se resolvem rápido. Às vezes, antes de se descasar de uma ou de um, a pessoa já está com uma outra ou um outro. Mas, com a profissão não tem jeito de fazer assim.

        Pra casar, basta amar.

        Mas na profissão, além de amar tem de saber. E o saber leva tempo pra crescer.

        A dor que os adolescentes enfrentam agora é que, na verdade, eles não têm condições de saber o que é que eles amam. Mas a máquina os obriga a tomar uma decisão para o resto da vida, mesmo sem saber.

        Saber que a gente gosta disso e gosta daquilo é fácil. O difícil é saber qual, dentre todas, é aquela de que a gente gosta supremamente. Pois, por causa dela, todas as outras terão de ser abandonadas. A isso que se dá o nome de "vocação"; que vem do latim, vocare, que quer dizer "chamar". É um chamado, que vem de dentro da gente, o sentimento de que existe alguma coisa bela, bonita e verdadeira à qual a gente deseja entregar a vida.

        [...]

        Um conselho aos pais e aos adolescentes: não levem muito a sério esse ato de colocar a profissão naquele lugar terrível. Aceitem que é muito cedo para uma decisão tão grave. Considerem que é possível que vocês, daqui a um ou dois anos, mudem de ideia. Eu mudei de ideia várias vezes, o que me fez muito bem. Se for necessário, comecem de novo. Não há pressa. Que diferença faz receber o diploma um ano antes ou um ano depois?

        [...]

        Assim, Raquel, não se aflija. A vida é uma ciranda com muitos começos.

        Coloque lá a profissão que você julgar a mais de acordo com o seu coração, sabendo que nada é definitivo. Nem o casamento. Nem a profissão. E nem a própria vida...

Rubem Alves. Estórias de quem gosta de ensinar: o fim dos vestibulares. Campinas: Papirus, 2000. p. 35-40.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 9º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p. 211.

Entendendo a crônica:

01 – Qual é a principal crítica do autor em relação ao casamento de Gandhi?

      O autor critica o fato de que Gandhi e sua esposa foram forçados a se casar ainda crianças, sem entender o que estava acontecendo. Ele descreve o casamento como um ato cruel e "burro", uma decisão imposta pela sociedade que os levou a uma vida de infelicidade.

02 – Qual é a analogia que o autor faz entre o casamento de Gandhi e o vestibular?

      Rubem Alves compara o vestibular com o casamento de Gandhi, pois ambos são situações em que adolescentes são forçados a tomar uma decisão grave e definitiva para suas vidas sem ter a maturidade e o conhecimento necessários para tal escolha.

03 – Por que o autor considera a decisão do vestibular "muito mais grave" do que o casamento?

      O autor argumenta que a escolha da profissão é mais grave porque, ao contrário do casamento que pode ser desfeito, a profissão exige tempo para o saber crescer. Não é algo que se resolve rapidamente e, uma vez trilhado o caminho, as outras opções são abandonadas.

04 – O que o texto define como "vocação"?

      O autor define "vocação" como um "chamado" que vem de dentro da pessoa, um sentimento de que existe algo "belo, bonito e verdadeiro" ao qual ela deseja dedicar sua vida. É a escolha suprema que faz com que as outras sejam deixadas de lado.

05 – Qual conselho o autor dá aos pais e adolescentes que estão nesse dilema?

      O autor aconselha que não levem a decisão da profissão "muito a sério", pois é muito cedo para uma escolha tão grave. Ele sugere que aceitem a possibilidade de mudar de ideia, que, se necessário, comecem de novo, e que não há pressa.

06 – Por que o autor usa sua própria experiência para dar conselhos?

      O autor usa sua própria experiência de ter mudado de ideia várias vezes para mostrar que a vida é uma jornada de múltiplos começos e que isso o fez muito bem. É uma forma de encorajar os adolescentes a não encararem a decisão como algo definitivo.

07 – Qual a mensagem final do autor para a leitora chamada Raquel?

      Para Raquel, a mensagem é para que não se aflija, pois a vida é uma ciranda com muitos começos. Ele a encoraja a escolher a profissão que mais se alinha com o seu coração, mas com a consciência de que nada é definitivo, nem a profissão, nem o casamento, nem a própria vida.